Live faz parte da VII Semana de Empreendedorismo e Inovação da Unifacs e apresenta projetos inspiradores de tecnologia e inovação
Por Jeferson Santana
Revisão: Catharina Dourado
Com o tema “Startups: transformando problemas em oportunidades”, a Unifacs Live desta quinta-feira (4), propõe debate com empreendedores baiano que estão inovando em seus seguimentos, principalmente neste período de pandemia e de desigualdade social.
Mediado pelos coordenadores do Centro de Empreendedorismo e Inovação (CEI) da Unifacs, Paulo Henrique e Marcelo Dultra, o encontro faz parte do cronograma da VII Semana de Empreendedorismo e Inovação, que tem como tema central deste ano “Os desafios no cenário turbulento”.
Ana Luisa Beserra é uma das participantes do debate. Idealizadora do projeto Aqualuz – que segundo ela, hoje, é a única tecnologia do mundo no tratamento de água de chuva em cisternas de regiões remotas – e CEO da SDW (Safe Drink Water For All – Água Potável Para Todos, em português), a biotecnologista explica a importância do acesso à água e saneamento para as pessoas que vivem em zonas rurais do semiárido.
“Utilizamos o sistema [Aqualuz] através de uma mangueira, que pode ser acoplada a cisterna ou não e que pode ser montada em até 10 minutos, onde a água captada pela chuva é bombeada e exposta a luz do sol, para o reaproveitamento”, explica Beserra. “Em um dia de Sol forte, o procedimento pode ser feito até três vezes”, complementa.
De acordo com a empreendedora, a fácil utilização e manutenção do produto, que é financiado por empresas que possuem sedes em regiões mais carentes, colabora com a distribuição do equipamento, que pode atender cerca de 2 bilhões de pessoas.
“O Aqualuz produz cerca 10 litros de água limpa por R$ 0,04, podendo fornecer até 30 litros por dia. Possui uma validade de até 20 anos, necessitando apenas de água e sabão para sua manutenção”, detalha.
A SDW durante a pandemia
Com cerca de 20 prêmios em seu portfólio, como o Young Champs of the Earth, premiação entregue pela Organização das Nações Unidas (ONU), a SDW também está no combate à Covid-19.
O dispositivo Aquapluvi, uma espécie de lavatório, foi instalado em locais estratégicos de pontos de ônibus da capital baiana. Trabalhando com a purificação da água da chuva, o projeto é uma parceria com a Prefeitura Municipal de Salvador, a fim de possibilitar que a população possa higienizar as mãos e cumprir as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Segundo a CEO, um novo modelo do dispositivo está sendo estudado com o objetivo de diminuir o contágio do Coronavírus. “Estamos analisando a instalação de pedais para o acionamento da torneira, de modo que o usuário evite utilizar as mãos e se contaminar”, relata.
Tecnologia vs. Aedes Aegypti
Ex-agente de endemias e CEO do projeto Mosquito Zero, Alex Correia também participa da live. Observando o cenário atual, ele considera necessária a utilização da tecnologia na luta contra o mosquito Aedes Aegypti, vetor de doenças como a Dengue, Zika e Chikungunya.
“Em cerca de 117 anos de combate ao mosquito transmissor, poucos avanços foram feitos no modo de ação dos agentes de endemias. Precisamos utilizar a tecnologia em prol desse combate. O mosquito evoluiu, se tornou resiste aos pesticidas usados no enfrentamento, precisamos evoluir também”, avalia o empreendedor.
A fim de contribuir nessa luta, o projeto lançou o Agente Robô, um sistema de identificação imediata dos profissionais da área, criado a partir da percepção de que moradores temem em liberar o acesso às suas residências. Correia conta que já acompanhou casos de pessoas que se apresentam como agentes de saúde e entram em casas para cometer assaltos.
“A intenção é dar mais conforto aos moradores e aos trabalhadores. O robô vai dizer: sim, João Paulo (nome fictício) é agente de endemias. Ou não é, não atenda, pois ele não está cadastrado no nosso sistema”, explica Correia.
Além disso, o Mosquito Zero, em parceria com a Prefeitura de Salvador e o Senai Cimatec, desenvolveu uma plataforma de soluções tecnológicas com a utilização de um ChatBot (programa de conversa).
“Ao baixar o aplicativo, o cidadão terá acesso a informações sobre o Aedes Egypt, as Arboviroses e responder um quiz com medidas preventivas, mitos e verdades acerca do assunto”, conta Correia.
Atualmente, a iniciativa planeja lançar o aplicativo Corona Alert nas próximas semanas. “Por meio dele, os usuários poderão obter dados da doença, como saber se está em uma área de risco, onde existem muitos casos suspeitos, através de alertas emitidos via coordenadas em tempo real”, explica o CEO.
Reutilização e Máscara do Bem
A indústria têxtil também entrou em pauta no debate com a participação de Loyola Neto, CEO e fundador da Ecoloy. A startup tem o objetivo de transformar resíduos de tecidos em novos tecidos, tentando solucionar o desperdício de matéria prima, uma vez que, de acordo com o Sebrae, cerca de 175 toneladas de tecidos são descartadas por ano no Brasil.
Para Neto, o objetivo de transformar o processo de reutilização de material precisa passar por etapas iniciadas com a gestão de resíduos e finalizada com minimização e o descarte correto desses elementos.
“Através do software Cradle to Cradle, um projeto que antes teria cerca de 83% do seu material reaproveitado consegue ter reciclagem de ao menos 95% após o aperfeiçoamento do dispositivo”, explica.
O upcycling, termo inglês que significa reutilização, é uma das táticas utilizadas pela empresa na transformação de materiais como camisas e calças em sacolas e brindes. “Está no DNA da Ecoloy pegar um tecido e transformar em outro”, afirma o CEO.
Observando o aumento dos preços das máscaras, o grupo decidiu participar do projeto Máscara do Bem, uma iniciativa que atua no combate à Covid-19 através da distribuição do material de proteção no esquema “um para um”: para cada máscara vendida, uma é doada.
“Priorizando os idosos e abrigos de crianças, já distribuímos cerca de 18 mil máscaras em Salvador e no interior da Bahia. Outras 5 mil foram entregues a casas de apoio à criança com câncer, como o Núcleo de Apoio ao Câncer Infantil (Nacci)”, informa Neto.
DOA+ Salvador
Foi realizando trabalhos solidários, visitando lar de idosos, crianças carentes e dependentes químicos que o jovem empreendedor baiano Nicholas Montenegro, o quarto integrante do time de participantes da live, percebeu uma grande dificuldade em comum entre esses locais.
“Observando esses lugares pude perceber a grande importância do voluntariado, porém notei que faltava comunicação, presença na mídia, em redes sociais, divulgação dos projetos e na aquisição de recursos”, conta o CEO da SolidarEasy e vencedor do prêmio Jovem Empreendedor Social Laureate 2017.
Entendendo esses problemas, a startup desenvolveu a plataforma DOA+ e atua na intermediação da obtenção das doações. “A doação é feita para conta corporativa, os pagamentos podem ser feitos via cartão de crédito e débito ou boleto, contas pessoais não são aceitas, a fim de evitar possíveis problemas”, explica.
As organizações envolvidas no projeto são vinculadas a conselhos municipais: asilos, creches, abrigos para adolescente, pessoas em situação de vulnerabilidade e deficiência física e ações afirmativas cadastradas pela prefeitura. “O contribuinte pode conferir para qual instituição será destinada o valor doado”, detalha Montenegro.
A plataforma vem atuando no atendimento à população afetada pela Covid-19 com a doação de kits básicos a população vulnerável, que foi afetada pela doença. As doações a partir de R$ 20 são direcionadas para a composição de um “kit emergencial”, que é composto por medicamentos, Equipamentos de Proteção Individual (EPI), gás de cozinha, itens de higiene pessoal e produtos de limpeza.
Com cerca de 160 instituições participantes, o projeto também conta com outras formas de colaboração, como o empréstimo de materiais, divulgação nas redes sociais e o apadrinhamento.
Amei o post 🙂