Opção de hospedagem pode ser a solução para quem não quer deixar o pet sozinho em casa
Por Carolina Pena, João Gabriel Carvalho, Pedro Mendonça, Sabrina Cumming e Thiago Xavier
Revisão: Antônio Netto
Hotéis e creches caninas têm conquistado um público fiel em Salvador. Esse tipo de serviço oferece uma alternativa aos “pais e mães de pet” que não podem fazer companhia em tempo integral para seus animais de estimação. Ou ainda, uma opção para aqueles que não podem levá-los para viagens de trabalho ou férias em família.
São ambientes feitos para que o cão passe o dia praticando atividades feitas especialmente para afiar sua percepção, raciocínio e agilidade. Lá, os pets também usufruem de uma boa alimentação e do convívio com os outros “hóspedes”, monitores e veterinários.
A quantidade de empreendimentos no nicho da hotelaria animal vem crescendo, o que não é de se espantar, uma vez que próprio número de pets no Brasil vem aumentando exponencialmente nos últimos anos.
Em 2018, o Instituto Pet Brasil divulgou, a partir de dados levantados pelo IBGE, que, naquele ano, existiam 139,3 milhões de animais de estimação em território nacional. O crescimento foi de 7 milhões em relação a 2013 (132,4 milhões). Dentre esses, 54,2 milhões eram apenas cães.
VilaCani
Luciana Maron investiu nesse ramo dos pets antes mesmo do “boom” acontecer, quando fundou o VilaCani, hotel e creche canina localizado no Horto Florestal, em 2011.
Maron recorda que a ideia para abrir a VilaCani surgiu ainda durante o período em que morava fora do Brasil. A empresária deixou sua cadelinha com a mãe, mas o animal acabou ocupando espaço demais.
Logo veio a ideia de criar um lugar onde os cães pudessem passar o dia inteiro sendo observados e estimulados enquanto seus donos viajam ou trabalham.
“Ao pesquisar, descobri que já existiam muitas ‘day care’ para cães nos Estados Unidos”, conta a empreendedora, que começou a investir na área pet assim que voltou ao Brasil.
Segundo Maron, a VilaCani é “pioneira em creche e hospedagem livre no Nordeste, há mais de 11 anos”.
A empresa, antes chamada VilaCani Pet Center, também passou por uma grande reestruturação em 2019 e mudou de nome para VilaCani Bem Estar Pet.
“Reformamos espaços, criamos novos serviços e fizemos novos treinamentos e qualificações para continuar evoluindo em nosso objetivo”, revela a dona do estabelecimento.
A empresa está sempre divulgando, além de fotos fofas dos animais, informações e dicas de saúde pet em seu Instagram. Já em seu canal no Spotify, existe até uma playlist de terapia musical para acalmar seu cãozinho.
Para ser aceito na VilaCani, o cachorro precisa passar por quatro etapas.
As primeiras duas etapas consistem em uma entrevista clínica sobre o animal com um dos veterinários. Todo o histórico de saúde do cão é avaliado. Em seguida, a rotina e o tipo de relação com outros cães são avaliados em uma entrevista comportamental.
As últimas fases consistem em um teste comportamental e de adaptação. O cão é observado entre pessoas e outros cachorros e, depois disso, introduzido ao cotidiano do local. A duração dessas práticas varia sempre de indivíduo para indivíduo.
AuAu Creche Canina
Esse processo seletivo não é exclusivo de um único lugar. A AuAu Creche Canina, na Avenida Manoel Dias, também exige que o cachorro passe por testes antes de ser hospedado, de acordo com a dona Ana Paula Canavarro.
Existe um processo de avaliação comportamental antes de cada cachorro entrar na creche. Dessa forma, conflitos entre os animais são evitados.
Canavarro conta que teve a iniciativa de criar a AuAu ao sentir falta de um lugar para incentivar seus cachorros, dois Border collies, a desenvolver suas habilidades.
“Queria algo a mais, que estimulassem a parte cognitiva e mental do cão. Não apenas um local onde jogassem bolinha o dia todo”, explica.
A proprietária decidiu então estudar sobre comportamento animal e o ramo empresarial de creches caninas. Após um ano e meio de pesquisas, em 2016, a AuAu foi inaugurada. Atualmente, a dona do empreendimento estima receber, em média, 45 cães por dia.
O local, que funciona como hotel, creche e salão, adota o método de Enriquecimento Ambiental. O processo consiste em entreter o animal e aguçar sua inteligência através de brincadeiras e atividades específicas. Assim, o pet se exercita de maneira lúdica.
Pet Parque Resort
O Pet Parque Resort, no Caminho das Árvores, também faz questão de usufruir dos benefícios do Enriquecimento Ambiental. O estímulo, nutrição e bem-estar dos pets são prioridade para a empresa, que também oferece serviços de banho e tosa, vacinação, exames e consultas veterinárias.
O Resort foi fundado em 2014, com o objetivo de ser o primeiro em Salvador onde os cães ficam totalmente livres. Sua estrutura foi planejada para que os hóspedes se sintam em sua “segunda casa”, de acordo com o site oficial.
Segundo Silvana Conceição, gerente do Pet Parque, a seleção dos cachorros que podem integrar o grupo de hóspedes começa com uma avaliação veterinária, que determina, além da saúde, a conduta e o comportamento do animal.
Uma vez avaliado, é hora do cãozinho se acostumar com o ambiente do hotel. “Depois que ele já está mais adaptado, a gente já pode agregar: deixa ele junto aos outros animais para haver o convívio”, conta Conceição.
Quanto aos que já estão em harmonia com o resto dos cachorros, a rotina começa entre às sete e dez da manhã, quando eles chegam à creche. “Tem uns que carregam a própria mochilinha, inclusive, e já sabem o lugar certinho de entrar!”, diz Moana Marcella, auxiliar administrativa do Pet Parque.
Marcella conta que “o mais engraçado é que a maioria chega e cumprimenta todo mundo antes de entrar, lambe, beija, abraça. A gente amassa todos eles”.
A auxiliar não esconde a alegria quando descreve os momentos de fofura que vivencia diariamente ao recepcionar cada um dos pets, e descreve seu relacionamento com os hóspedes do Pet Parque como “a coisa mais maravilhosa do mundo”.
Clebson Barbosa, conhecido somente como “Dudu”, é monitor de parte dos cachorros que passam o dia por lá. Monitorar os cachorros significa assegurar lazer e alimentação de qualidade, além de atender às particularidades de cada um deles, como medicações ou produtos de higiene específicos.
As manhãs no Pet Parque são cheias de estímulo físico, “para que [os cães] possam ficar tranquilos durante o dia”, de acordo com Barbosa. O almoço é servido em seguida, individualmente
Depois é a hora de relaxar: “a gente bota uma música zen e eles ficam à vontade”. Às vezes, Barbosa também toca violão enquanto os pets recarregam as energias.
Os monitores da creche observam que a melhor maneira de evitar qualquer conflito é justamente garantir que todos estejam bem tranquilos, exercitados e alimentados.
“De tarde também tem o enriquecimento ambiental, os petisquinhos naturais, o gelinho, a frutinha congelada, o picolé de frutinha. Alguns gostam de plantinhas, bodo, folhinhas comestíveis mesmo”, Marcella continua.
Antes de ir embora, muitos dos cãezinhos adeptos à creche são levados ao espaço de banho e tosa, para voltarem felizes e cheirosos para casa. A hora da saída é em torno das dezesseis horas, e fica quem é hóspede.
Algo em comum entre os três empreendimentos é o comprometimento das idealizadoras e funcionários em garantir um local seguro e divertido aos cachorros enquanto seus donos não podem vigiá-los. “Nós prezamos por formar uma equipe completamente dedicada e apaixonada por cães, em ter um ambiente de trabalho com harmonia, respeito e segurança”, completa Maron, dona do VilaCani.
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