O empreendedorismo feminino tem ganho cada vez mais espaço no Brasil
Por Maiara Giudice
Revisão: Luísa Mendes
O empreendedorismo feminino tem ganhado cada vez mais espaço. De acordo com a Pesquisa Global Entrepreneurship Monitor 2020 (GEM), o Brasil é o sétimo país com o maior número de empreendimentos liderados por mulheres no mundo. Dos 52 milhões de empreendedores no país, 30 milhões são mulheres. Dentre os desafios e vantagens de ter seu próprio negócio, diversas baianas se destacam em diversas áreas.
Para a maquiadora Hanna Munduri, que já atendeu mais de 100 clientes entre as cidades de Barreiras e Ibotirama, as redes sociais foram essenciais para que ela começasse na área da beleza – um dos setores mais seguidos pelas mulheres que empreendem, juntamente com a moda e alimentação, segundo a Pesquisa Global da GEM.
“Eu sempre tive interesse na área da maquiagem. Com 14 anos, comecei a ver vários vídeos no YouTube e maquiar algumas amigas para testar. Isso fez com que eu começasse a me profissionalizar”, relembra Hanna.
Munduri conta que, além de ter sido o pontapé inicial de sua carreira, as redes sociais a ajudam a captar novas clientes.
“Elas – as redes sociais – influenciam muito na atração de clientes. Trazer o sentimento de autoridade, faz com que tenham mais confiança no seu trabalho. Ver os vídeos interativos no Instagram faz com que as meninas vejam sua realidade, e isso faz com que elas compartilhem, gerando um contato maior com o público”, admite.
A maquiadora explica que trabalhar com o que gosta a torna mais motivada e a ajuda a dar sempre seu melhor: “Isso não quer dizer que não é cansativo, por que é, mas o cansaço é recompensado quando você vê que aquilo que você gosta está dando resultado”.
A empreendedora Perlla Giudice, que trabalha na área de semijoias há 16 anos, conta que sua maior motivação é fazer com que suas clientes se sintam bonitas e melhores consigo mesmas.
“Amo levar minhas peças para minhas clientes e ver brilho nos olhos delas quando se sentem empoderadas usando acessórios novos”, diz.
Para Giudice, a melhor parte de empreender é, além de ser uma fonte de renda na área que ama, poder fazer seu horário de trabalho – apesar disso, a atenção nas finanças precisa ser alta.
“Eu amo a área de semijoias, e esta ser uma fonte de renda há mais de dez anos é incrível. Além disso, por ser empreendedora, eu faço meus horários, e isso me permitiu focar e acompanhar minha família ao longo destes anos. A parte difícil é que, em alguns meses, as vendas são maravilhosas, mas em outros nem tanto. Isso faz com que eu precise ser altamente organizada nas finanças”, explica.
Yola Ferraz, chef de cozinha da hamburgueria Yola, conta que sua primeira formação foi relacionada ao turismo, e precisou fazer uma cirurgia. Desempregada pela primeira vez na vida, descobriu, no processo da cirurgia, que estava grávida. Ela não queria voltar para o turismo porque sabia que não acompanharia o crescimento do filho.
“Eu comecei, dentro de casa mesmo, no período de pós-parto, a preparar empadas. No primeiro dia, eu produzi 50 empadas e meu pai desceu para vender. Em 15 minutos, ele voltou para casa. No dia seguinte, produzi 100 empadas, e ele voltou em menos de meia hora. A gente começou a ver que tinha um seguimento a ser explorado, ali, vendendo de porta em porta”, cita Ferraz.
Depois de ver seu negócio de empadas crescendo com ela vendendo em estágios e nas casas das pessoas, Ferraz decidiu estudar mais sobre a área.
“Eu fui fazer a faculdade de gastronomia para me aprimorar. Sempre fui uma pessoa focada em aprimorar meus níveis de conhecimento. Fiquei um pouco preocupada por ser uma área etarista, e eu tinha 31 anos, fiquei com medo de não conseguir uma realocação no mercado, mas assim que finalizei minha faculdade, fui chamada para chefiar essa cozinha e fui trabalhando em eventos gastronômicos para juntar capital e abrir minha hamburgueria”, admite.
De acordo com a chef, a principal dificuldade relacionada à área é cuidar da qualidade dos produtos e da infraestrutura da cozinha – ela explica que a hamburgueria tem acordo com açougues de confiança para que a carne seja manipulada em ambientes seguros, conta com bons equipamentos, que custam caros, e com a produção a mão dos produtos utilizados.
Yola conta que os empreendimentos na área da cozinha não são fáceis, principalmente com a economia atual, com as variações econômicas e inflação, que fazem com que os insumos necessários exijam gastos.
“A dificuldade para abrir uma hamburgueria é a dificuldade para abrir qualquer negócio. Os custos iniciais, os insumos, você conseguir suportar os meses de oscilações econômicas e conseguir manter o seu negócio. Mas uma dificuldade diferente da área de alimentação é que nossos insumos perecem”
Para Yola, outra dificuldade é a captação de clientes: “eu, por exemplo, sou uma pessoa muito rigorosa em relação à qualidade dos alimentos, e tudo isso tem um custo envolvido”. Para ela, quando uma hamburgueria abre e não valoriza essa qualidade, pode colocar preços mais baixos, o que torna essa captação mais difícil.
Em 2020, Yola enfrentou dificuldades, reabrindo a hamburgueria devido a pandemia e reabriu o negócio novamente no ano de 2022.
“A vida do empreendedor é isso, é começar e recomeçar e não desistir, e na área de gastronomia principalmente. É uma luta e perseverancia diárias. O que me motiva a seguir na profissão é meu amor pela área, eu amo o que eu faço, eu cozinho para os meus clientes como eu cozinho para minha família”, declara Ferraz.