Com o objetivo de estimular a integração da mulher, Lei nº. 6.791 completa 42 anos nesse sábado
Por Maria Clara
Revisão: Cristiano Sales
Nísia Floresta (1810-1885), Patrícia “Pagu” Galvão (1910-1962) e Jerônima Mesquita (1880-1972) são referências atemporais ao que tange o movimento feminista e o direito da mulher no Brasil. Nesse sábado (30), essas e outras 109 milhões de brasileiras são homenageadas através do Dia Nacional da Mulher.
A escolha da data – embora seja uma homenagem ao nascimento da líder feminina Jerônima Mesquita (30 de abril de 1880) – tem como objetivo fortalecer as lutas femininas, dentre elas: igualdade de direitos, combate ao machismo estrutural, baixa representatividade política e o preconceito regional para conquista dos sonhos.
Embora pouco notório, o dia 30 de abril prestigia e estimula a integração da mulher e seus direitos na sociedade através da Lei nº. 6.791.
Além dos desafios diários e herdados pelas lutas sociais de séculos atrás, a xenofobia vem sendo um obstáculo a mais para as brasileiras nascidas no Norte e Nordeste durante a década atual (2020).
Segundo uma pesquisa feita pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, o estereótipo construído em torno das migrantes dessas regiões (Norte e Nordeste) é de uma “ser humana inferior, ignorante, feia e sem capacidade de exercer atividades laborais intelectualizadas”, detalha o estudo.
Embora a Bahia seja um dos estados nordestinos que sofrem com o preconceito regional, as baianas por outro lado dão um show à parte de superação, profissionalismo e autonomia pessoal e profissional.
Esse é o caso da integrante da primeira turma de mulheres da Polícia Militar da Bahia (PM-BA) e atual fundadora da Ronda Maria da Penha (2015), Major Denice Santiago.
“Há dois pontos que devemos combater e estar atentas: a misoginia e o racismo. Racismo, aqui, falo enquanto mulher negra e por parte do local onde nasci, moro e amo. Porém o fato de existir essa discriminação não significa que devemos aceitar ou silenciar, é preciso erguer a voz para denunciar, revolucionar, ressignificar a cultura perversa que vivemos”, declara Santiago.
Formada em psicologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e mestra em “Desenvolvimento e Gestão Social”, Denice Santiago Santos do Rosário chegou a ser promovida ao cargo de major em 2016.
Estando atualmente entre as grandes líderes femininas da Bahia, Santiago coleciona prêmios como o selo de “Práticas Inovadores de Enfrentamento à Violência contra Mulheres” e o “Diploma Bertha Luz”.
Seus principais projetos, como o “Centro de Referência Maria Felipa” e as 22 unidades da Ronda Maria da Penha visam a proteção, valorização do trabalho e o acompanhamento de mulheres baianas vítimas de violência doméstica, alcançando o marco histórico de 5.700 mulheres atendidas e cerca de 200 prisões.
Após conquistar tamanha visibilidade positiva no território baiano, a major realizou sua primeira candidatura à um cargo público em 2020, como candidata a prefeita de Salvador – nesse cenário, Santiago se consagrou como a segunda candidata mais votada do estado (228.942 votos).
Recordando-se da caminhada até a conquista dos seus objetivos, a major comenta sobre as dificuldades: “não é fácil. Nunca será. Mulher, negra, periférica, estudante de escola pública, enfim.
Mas quem disse que precisa ser fácil? Vim de uma família em que meus pais me diziam e fizeram acontecer; que a herança que podiam me dar era a educação. A educação abriu as portas à minha frente e me fez conquistar vitorias”, lembra.
Sobre os objetivos a longo prazo, Santiago brinca ao questionar se o “céu é longe”. Entre risos, a major afirma que seu maior interesse como mulher e profissional é ajudar o povo.
“Meu projeto ou o que chamamos de metas e sonhos é estar em local de decisão e poder ajudar mais pessoas, para que eu possa retribuir ao universo o bem que ele me fez e fazer o que eu acredito”, conclui.
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