Após três anos, a ideia de impressão 3D de peças, apresentada por Gabriel Nobre, aluno da Unifacs, continua revolucionando o metrô de Salvador
Por Ana Júlia Vital
Revisão: Antônio Netto
Foi a partir de um problema em uma peça do sistema metroviário soteropolitano, que Gabriel Nobre, na época estagiário da CCR Metrô Bahia, teve uma ideia inovadora: utilizar uma impressora 3D para a fabricação do componente. A proposta desenvolvida pela equipe de estagiários gerou uma grande economia financeira e de tempo para a companhia.
Quando a peça do metrô apresentou falhas em um de seus componentes, em meados de 2021, havia dois grandes problemas: primeiro, o longo tempo de espera para receber a encomenda, que poderia chegar a 40 dias. Além disso, só se vendia todo o equipamento, não apenas o componente defeituoso, um investimento que poderia chegar a R$ 40 mil.
Com a ideia inovadora aprovada, o investimento na impressora 3D custou pouco mais de R$ 10 mil, o que permitiu dar início ao período de testes na impressão dos componentes, com a devida supervisão de viabilidade e segurança das áreas de engenharia. De lá para cá, tudo mudou e inúmeros componentes passaram a ser impressos na empresa.
“O sentimento é de uma grande conquista, ver que uma grande empresa investiu na ideia que trouxe ganhos muito além de financeiros, mas também de tempo de atendimento de falhas, disponibilidade de trens e equipamentos, sustentabilidade e segurança”, relata Gabriel Nobre, emocionado com o rumo que sua ideia tomou.
Atualmente, a CCR Metrô Bahia continua realizando peças e complementos em impressão 3D, das mais simples às mais complexas, a depender de sua viabilidade, e Gabriel Nobre, até então estagiário, hoje está contratado como engenheiro da CCR.
“As equipes trazem as necessidades, avaliamos a viabilidade, modelamos, imprimimos, testamos e a equipe de engenharia avalia se a peça vai poder ser aplicada”, relata Nobre sobre o processo de produção dos componentes.
Conhecimento universitário
Gabriel Nobre é aluno da Unifacs e atuou no projeto laboratorial de Arquitetura de Computadores, com o Prof. Euclério Ornellas, docente do curso de Engenharia da instituição. Para Ornellas é um grande orgulho ver os conhecimentos acadêmicos sendo aproveitados por seus alunos no mercado.
O professor acredita que se hoje a CCR Metrô Bahia utiliza essa tecnologia foi “devido [ao fato] de ter Gabriel em seu quadro de estagiários”.
“Ele sempre se interessou por desafios e demonstrou curiosidades por novas tecnologias na área de manufatura, com a utilização de impressão 3D. Gabriel levou a tecnologia para a CCR Metrô Bahia”, destaca o professor.
Nobre conta que foi justamente no Laboratório da Unifacs que adquiriu “uma bagagem, um conhecimento de impressão 3D”. “Ainda hoje eu faço estágio voluntário, também no Laboratório de Arquitetura e computação, com o professor Euclério”, completa.