Participantes e beneficiados do projeto enfatizam a criação de um ambiente de apoio e encorajamento mútuo através da dança
Por Everton Santos
Revisão: Felipe Lessa
No mundo da dança, o ritmo e a expressão do corpo ganham vida, permitindo que os dançarinos se conectem com suas emoções e contem histórias através de movimentos graciosos. No entanto, muitas vezes o acesso às aulas de dança de qualidade é limitado por condições financeiras, deixando muitas pessoas excluídas desse universo encantador.
Movidos pela paixão pela dança e a crença de que a expressão artística deveria estar ao alcance de todos, Tom Junior e Caique Trindade fundaram o programa de aulas de dança “Street Workshop”, com o investimento de apenas dez reais, cujo objetivo é proporcionar uma oportunidade para que pessoas de diferentes origens e condições experimentem a magia da dança sem preocupações financeiras.
“Muitas vezes, a gente também se via na condição de não ter 30 ou 40 reais para estar pagando por aulas avulsas, então pensamos no Street Worshop como uma alternativa para que todos, mesmo em vulnerabilidade social, pudessem vivenciar esse momento com a dança”, conta Trindade ao relembrar o início do projeto.
A abordagem de Tom e Caique vai além do aspecto financeiro, eles acreditam que a dança deve ser uma atividade inclusiva e acolhedora para todos. O projeto oferece aulas em diferentes estilos de dança, sendo eles Jazz Funk e Brega Funk, que apesar de se conectarem, permitem que os alunos explorem suas emoções e descubram seu próprio caminho dentro da dança.
Além disso, enfatizam a criação de um ambiente de apoio e encorajamento mútuo, onde todos se sentem bem-vindos e motivados a se expressar livremente através da dança.
“Sou professor, mas também sou aluno, ensino e aprendo simultaneamente com outros corpos”, pontua Junior.
Expandindo horizontes
Desde o seu início, o projeto se tornou um verdadeiro sucesso. A visão de fornecer oportunidades iguais de aprendizado e expressão artística para todos, independentemente de sua renda, se concretizou e conquistou cada vez mais alunos ao longo das edições deste primeiro ano do Street Workshop. Através de uma abordagem inovadora e dedicada, o projeto se estabeleceu como referência na comunidade.
“A diversidade de estilos de dança nas aulas me contagia a não ficar preso somente no meu estilo de pesquisa, me incentiva a dançar ritmos além do que eu quero seguir”, explica Paulo Santana, dançarino e aluno do Street Workshop.
Uma das principais estratégias adotadas pelos dançarinos é a parceria com outros estudantes e professores de dança. Essa colaboração permite que eles compartilhem conhecimentos e ofereçam uma variedade de estilos de dança, tornando o estúdio um verdadeiro centro de aprendizado, impulsionando o desenvolvimento artístico e promovendo a inclusão de diferentes formas de expressão.
“Se a gente não levar a arte nesse processo de continuidade, infelizmente a arte irá morrer, já que não temos um apoio financeiro adequado para os dançarinos”, relata Tom Junior.
Inspiração e familiaridade
Para jovens artistas, assim como Tom e Caique, a dança não é apenas uma atividade física ou uma forma de arte, mas uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento pessoal e empoderamento.
“Quem trabalha com dança e com arte sabe como é difícil ter a profissão levada a sério e ser notado, ainda mais quem vem de baixo, sem privilégios”, destaca a dançarina Carol Gonçalves.
Tom Junior é um jovem de 24 anos, nascido na cidade de Laje no interior da Bahia, que veio para Salvador estudar dança em 2017 e ao longo desses seis anos já coleciona troféus conquistados em concursos de dança e participações no ballet de grande nomes da música baiana como Evelyn e Dama do Pagode, que proporcionou os grandes marcos da carreira do jovem artista: as performances no Salvador Fest, no Festival Afropunk e no carnaval de Salvador.
Caique Trindade começou a estudar dança ainda criança em um projeto acessível para estudantes de escola pública e ao longo de mais de 10 anos de história com a dança, o jovem já protagonizou 8 espetáculos e compila grandes marcos como a performance no Show da Virada em Salvador fazendo composição no ballet da cantora Nessa, coreógrafo no clipe da música “Uno dois”, da cantora Ella Medra e a figuração no clipe “Medley” da banda parangolé.
A dupla é um exemplo inspirador de jovens comprometidos em quebrar as barreiras de acesso à dança. Com paixão e dedicação, eles estão vivos e mostrando que a dança superior pertence a todos.
“Ver pessoas que eu acompanhei a trajetória me enche de esperança e me faz acreditar que o meu sonho também é possível”, declara o aluno Paulo Santana.