Por Dandara Pugliese
Repórter da AVERA
Foto: Divulgação
Para alguns, ele é apenas um senhor que fez pequenas participações nos filmes da Marvel; para outros, é o ícone por trás de vários personagens que marcaram uma geração, dando início a tantas outras.
Independente de como se referem, uma coisa é clara: Stan Lee foi um marco na Marvel Comics e deixou muitas saudades. Lee morreu aos 95 anos, há exatamente um ano, em 12 de novembro de 2018.
Era um homem com uma grande imaginação, que deixou um enorme legado para a cultura pop mundial.
“Eu costumava ficar envergonhado porque eu era apenas um escritor de histórias em quadrinhos enquanto outras pessoas estavam construindo pontes ou indo para carreiras médicas. E então comecei a perceber: o entretenimento é uma das coisas mais importantes na vida das pessoas. Sem isso, eles podem sair do fundo do poço. Eu sinto que se você é capaz de entreter, você está fazendo uma coisa boa.’’
– Stan Lee
O INÍCIO
Nascido em 28 de dezembro de 1922, Stanley Martin Lieber vivenciou alguns dos grandes acontecimentos da humanidade, como a Segunda Guerra Mundial, a Guerra Fria e a Guerra do Vietnã, que, posteriormente, seriam fortes influências para suas criações.
No início de sua carreira, trabalhou para obituários em jornais, também entregando sanduíches para escritórios no Rockefeller Center.
Começou a trabalhar como assistente na editora Timely Comics, divisão de Revistas Pops e Em Quadrinhos de Martin Goodman, que, na década de 1960, se transformaria na tão famosa Marvel Comics.
Lee logo se sobressaiu por ter apreciação e uma visão mais aprofundada sobre as preferências dos leitores. Em 1942, ingressou no exército como membro do Signal Corps (comando do Exército dos Estados Unidos que gerencia comunicações), depois foi transferido para a Divisão de Filmes de Treinamento, onde escreveu manuais, filmes de treinamento, slogans e cartoons.
OS HERÓIS
No final da década de 50, a conhecida Liga da Justiça, famoso grupo de heróis da DC Comics, alcançou um grande patamar de sucesso, então o editor Martin Goodman deu a Stan Lee a tarefa de criar uma nova equipe de heróis.
Nesta época, Lee já estava meio desacreditado em trabalhar na área, mas sua esposa o aconselhou a pegar a oportunidade, já que ele não tinha nada a perder.
Tendo concordado com trabalho, Lee atribuiu ao seus personagens o arquétipo mais conhecido do super-herói: os que tinham muito sucesso naquilo em que se empenhavam, não importava quais fosse. os obstáculos – mas essa já era uma fórmula repetida.
O quadrinista não queria apenas que eles fossem seres superpoderosos, mas que apresentassem o lado humano, as falhas, os conflitos e, principalmente, que o leitor se identificasse com o que estivesse lendo.
Por causa da abordagem mais complexa dos personagens, apresentando não só os problemas heróicos, mas também os impasses cotidianos, o público foi ficando cada vez mais cativado e as vendas cresceram radicalmente.
Relembre alguns dos grandes e queridos personagens criados por Stan Lee:
HOMEM-ARANHA
Definitivamente o personagem de maior sucesso de Stan Lee, criado junto ao artista Steve Ditko em 1962. A história sobre um adolescente picado por uma aranha radioativa foi um total acerto, criando um vínculo com os leitores por se identificarem com as dificuldades que o jovem Peter Parker enfrenta.
Por ser um adolescente e já ter que enfrentar seus arquirivais, o “teioso” conquistou o coração dos leitores.
O Homem-Aranha tem uma série de filmes e desenhos animados que fizeram muito sucesso, aumentando a popularidade do herói.
HOMEM DE FERRO
O curioso sobre esse personagem é que Stan Lee o criou para que os leitores não gostassem dele à primeira vista. É visível sua personalidade “desprezível”, extravagante e de gênio forte.
Em tal ponto de sua história, é possível ver que esse comportamento vem de uma relação conturbada com seu pai, junto com a perda drástica dos dois. Mas o que ninguém esperava era que Tony Stark fosse um tremendo sucesso tanto nos quadrinhos como no cinema.
A abordagem de um “playboy’’, extremamente dotado de conhecimento em Física e Engenharia, e ainda com todo o capital necessário para investir em suas criações, transformou Stark no super-herói mais improvável e adorado.
X-MEN
A grande equipe de super-heróis da Marvel, sendo considerada a história mais multicultural lançada pela editora por tratar de figuras de tantas etnias.
Com sua primeira edição divulgada em setembro de 1963, os The X-Men #1 são liderados por Charles Xavier ou Professor X. O time consegue abordar um universo de personagens, cada um com seus poderes e conflitos pessoais, como Wolverine, Tempestade e Ciclope.
Todos são, de alguma forma, excluídos, por não serem aceitos na sociedade pelo fato de serem considerados como a próxima etapa da evolução humana.
Algo que não é bem visto por todos, sendo assim explorados nos quadrinhos para refletir de uma outra perspectiva os atuais os problemas de aceitação da sociedade.
A VIDA QUE IMITA A ARTE
Grandes personagens, histórias inesquecíveis que inspiram outros a serem melhores, superar as dificuldades e acreditar no que todos pensam ser impossível. Ler quadrinhos deixou de ser visto como algo infantil – pelo contrário, hoje são feitos estudos aprofundados sobre os personagens de Stan Lee e a mensagem que ele queria deixar para o mundo.
Toda sua trajetória o imortalizou, seus feitos influenciaram milhões de pessoas a persistir em caminhos no qual não eram vistos com bons olhos. Hoje a indústria das revistas em quadrinhos tem um espaço de muita importância, não só com a profundidade das histórias, mas também a arte, que trouxe uma nova roupagem ao mundo do entretenimento.
O estudante do Instituto Federal da Bahia (IFBA) Matheus Mello, graduando licenciatura em Física, admirador e leitor das HQ’s, alega que a influência dos quadrinhos teve um grande impacto na sua vida, principalmente na escolha profissional.
O fato de ler tantas histórias sobre grandes cientistas capazes de mudar suas vidas o fez escolher um novo caminho. “Tudo que fazia brilhar meus olhos era essa independência do pensamento dos cientistas e a capacidade de fazer coisas incríveis só com a mente”, afirma.
A história, os personagens, tudo contribuiu para a visibilidade científica que Matheus criou para seu futuro. Ele explica que as criações de Stan Lee foram de grande importância para sua vida acadêmica. Ele já até utilizou estes mesmos personagens para desenvolver um trabalho no ensino de Física m Aplicada em super-heróis.
Seja no estudo, na leitura ou nos cinemas, Stan Lee foi um homem com uma mente além do seu tempo. Expandiu suas ideias da melhor forma possível e hoje qualquer um pode ver e aprender com suas criações.
É inegável os novos patamares que ele criou. Marcando gerações, seus feitos serão lembrados e eternizados na mente de todos que sejam tocados por sua arte.