Rinoplastia, criomodelagem corporal e toxina botulínica estão entre os tratamentos mais procurados
Por Julya Ferreira, Mariana Nogueira e Adrielly Simões
Revisão: Antônio Netto
Durante a pandemia da Covid-19, homens e mulheres intensificaram a busca por procedimentos estéticos. Segundo pesquisa da Allergan, realizada com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), houve um crescimento de 58% na realização de procedimentos em relação ao ano de 2019.
Rinoplastia, aplicação de toxina botulínica – o conhecido botox – e tratamentos de criomodelagem, para redução de gordura corporal, são os campeões entre os procedimentos mais procurados.
Segundo a cirurgiã e membro da SBCP, Jennifer Benninghoven, “logo que começou a pandemia, grande parte das pessoas optaram por interromper os tratamentos estéticos, mas com o começo do home office e a reclusão em casa, surgiu um cenário adequado, já que poderiam concluir seu repouso enquanto trabalhavam em casa”.
A professora, Patrícia Rodrigues (26) chegou adiar a cirurgia de implantação de prótese de silicone por duas vezes. “Mesmo com medo da operação, devido aos perigos da pandemia, por autoestima e visando corrigir o que me incomodava esteticamente, coloquei as próteses”, justifica Rodrigues.
Para Benningohven, por conta do tempo em casa, as pessoas começaram a consumir ainda mais os conteúdos das redes sociais. Em muitos desses ambientes virtuais, existe a utilização de filtros e efeitos que, consequentemente, incentivam o desejo pelas melhorias estéticas.
“A preocupação com o rosto aumentou, principalmente nas reuniões online e isso fez com que tivéssemos uma grande procura por preenchimentos, principalmente labial, botox, lifting facial, blefaroplastia e rinoplastias”, destaca a médica.
Benninghoven salienta que apesar das mulheres ainda serem a maioria nos consultórios, houve um aumento do público masculino na procura por tratamentos estéticos e cirurgias plásticas.
“Os homens têm entendido que é importante se cuidarem e estão investindo em cirurgias para o contorno corporal, embelezamento facial e procedimentos para retardar o envelhecimento. Estamos em torno de 30% de homens e 70% de mulheres no consultório”, destaca a cirurgiã que atende no bairro da Pituba, em Salvador.
Estética e emagrecimento
Gizele Varela, fisioterapeuta e proprietária da clínica de emagrecimento e estética, Emagresee Ondina, relata que homens e mulheres têm buscado mais tratamentos para a eliminação de gordura localizada. Criolipólise e enzimas lipolíticas são os mais procurados.
“Acredito que a redução da prática de atividades físicas por conta da pandemia tem favorecido que esse público busque nos tratamentos estéticos um aliado no processo de redução de gordura corporal”, salienta Varela.
Além disso, a proprietária diz que após a reabertura do comércio em Salvador, a procura maior está sendo pela toxina botulínica, preenchimento labial e tratamentos de emagrecimento.
“As pessoas estão voltando a ficar otimistas em realizar seus procedimentos estéticos com mais segurança. Até porque, antes da realização de qualquer tratamento, os nossos clientes precisam passar pelo processo de avaliação presencial em nossa clínica”, pontua Varela.
Patrícia da Silva (24) conta que durante a pandemia procurou uma clínica segura para fazer o tratamento de preenchimento labial que tanto desejava, por conta de uma pequena deformidade labial.
“Quando eu era criança eu caí e machuquei minha boca, esse incidente fez com que levasse sete pontos nos lábios. Com isso, minha boca ficou um pouco deformada, coisa que só eu via e me incomodava. Então decidi procurar uma profissional para fazer um preenchimento labial, amei o resultado”, relata Patrícia.
Redes sociais e efeitos negativos
Para a psicóloga, Tatiana Souza, observar influencers, artistas e cantores indo em busca de cirurgias plásticas, de certa forma, pode mexer com o psicológico e com a autoestima de aceitação do próprio corpo das pessoas, “fazendo com que um novo comportamento seja desenhado na sociedade, o da incerteza”.
Segundo a psicóloga, “os indivíduos estão agitados e inseguros com relação aos seus propósitos e a sua autoimagem”.
“As pessoas que se encontram reféns das mídias sociais, com comportamentos compulsivos e condicionados, alheias a um propósito maior, tendem a experimentar os procedimentos estéticos como rota de fuga para compensar suas privações de horas contínuas nas redes sociais”, justifica Souza.
Além disso, para a psicóloga “essa atitude acaba por banalizar os procedimentos estéticos e os riscos que eles oferecem”.
Esse é o caso da atriz Giovanna Chaves (19), que ficou conhecida por interpretar a personagem Priscila, na novela “Cúmplices de um Resgate”, e que decidiu realizar lipoaspiração. Ao ser questionada se não era muito nova para fazer o procedimento tão invasivo, respondeu “que nunca é cedo demais para fazer algo que te incomoda”.
De acordo com Benninghoven, procedimentos invasivos são as cirurgias plásticas estéticas e os não invasivos ou minimamente invasivos são procedimentos como preenchimentos, peelings, lasers, toxina botulínica, dentre outros.
Para a cirurgiã, “qualquer procedimento cirúrgico ou não pode ter complicações, mas podemos minimizar esses riscos desconfiando de profissionais que colocam problemas nos pacientes e vendem soluções milagrosas”.
Um exemplo de risco cirúrgico aconteceu com a digital influencer, Liliane Amorin (26), que morreu em consequência da complicação de uma cirurgia estética, após uma infecção ocasionada pela perfuração do intestino. Tudo isso por conta de um médico não capacitado para a realização do procedimento.
Para ter segurança durante a cirurgia, Souza recomenda buscar clínicas e profissionais de referência na hora de realizar procedimentos e “sempre conferir o cadastro do médico no SBCP para saber se tem especialização em cirurgia plástica”.
Estética na Bahia
A professora adjunta de coordenação dos cursos de Estética e Cosmética da Unifacs, Maria Clara Pavie, diz que é nítido as mudanças do setor de estética na pandemia.
“O mercado atualmente tem se reinventado com atendimentos telepresenciais, intensificação das prescrições de home care e muita dedicação aos cuidados durante o atendimento presencial convencional , visando trazer segurança para os envolvidos”, cita a coordenadora.
Além disso, para Pavie, é perceptível que a estética na Bahia tem avançado, “já que percebemos a intensificação da busca pelo autocuidado e bem-estar das pessoas, o que faz crescer a percepção do quanto isso é importante para a abertura de portas para novos profissionais da estética”.
“O foco agora é guiar um novo olhar para o todo, correlacionando os cuidados com a beleza e bem-estar como componentes do contexto da saúde”, pontua Pavie.
Visite o Instagram da AVERA e conheça nossos conteúdos exclusivos.
Produção e coordenação de pautas: Márcio Walter Machado