O museu proporciona ao público a experiência de apreciar a contemporaneidade através de exposições, performances e oficinas
Por Isadora Vila Nova
Revisão: Beatriz Fialho
Foi inaugurado, no local onde funcionava o antigo Palacete das Artes, o Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC Bahia), mais novo instrumento cultural da Secretaria de Cultura do Estado (Secult-BA) em Salvador. Vale lembrar que, antes de ser Palacete das Artes, o mesmo local abrigou o Museu Rodin, que foi idealizado pelo artista plástico Emanoel Araújo.
Situado no bairro da Graça, o museu traz em sua edificação histórica um espaço readaptado para receber o primeiro acervo e as primeiras exposições das produções artísticas contemporâneas, que abrangem desde a arte urbana, a arte digital, fotografias e instalações, até performances, videoarte, e muitas outras manifestações da atualidade.
A Coordenadora Educativa do MAC Bahia, Andrea May, afirma que as programações foram criadas com o intuito de atrair principalmente o público jovem. “O MAC cruza com outros Museus de Salvador em temáticas e expectativas, mas buscamos suprir essa lacuna do contemporâneo, do movimento atual e das artes voltadas à interatividade e à tecnologia, que são justamente os nichos onde os jovens transitam. Nós tentamos fugir dessa crença de que o museu é algo velho e parado, pois buscamos uma dinâmica de implantar obras que se conectam com o público de diversas formas, até mesmo de maneira digital”, explica.
Andrea ainda completa que, pelo MAC Bahia ver nos jovens uma grande potência de mudança e interação entre o meio em que vive, as programações buscam abraçar as gerações mais novas através das performances, dos shows, mostras de cinema e sobretudo das oficinas, como a de Stop Motion que foi oferecida na semana do Dia das Crianças.
Para Terezinha Salezze, visitante do estado do Espírito Santo, de 66 anos, a proposta do Museu é algo totalmente inovador.
“Principalmente para a minha geração, que está acostumada a ver a arte como algo mais claro e objetivo, em pinturas e esculturas, este museu nos faz observar a subjetividade das coisas, e como os significados podem variar de percepção para percepção, de entendimento para entendimento”, diz.
Além do casarão histórico, que abriga o acervo, o espaço do MAC Bahia conta também com um café assinado pela chef gastronômica Angeluci Figueiredo, uma escultura skatável interativa (em formato de “mini-rampa” que permite a prática do skate), um deck, um muro urbano com exposição de grafites, e um jardim que contempla os arredores.
Segundo Júlia Diniz, turista e arquiteta de Minas Gerais, o ambiente do museu por si só já é uma obra de arte, e traz uma enorme bagagem para a cidade de Salvador.
“Aqui vemos a preservação de um patrimônio que poderia ser demolido e foi muito bem aproveitado para abrigar diferentes perspectivas da arte contemporânea. Achei muito válida a visita, pois além de apreciar as obras, pude sentir um alívio da agitação da cidade grande. É revigorante e com certeza muito importante para a cidade ter uma opção como esta”, afirma.
Acervo contemporâneo
No casarão, que pertenceu ao Comendador Bernardo Martins Catharino e foi tombado como patrimônio histórico em 1986, encontram-se cerca de 180 obras transferidas do MAM-BA para compor o acervo inicial do Museu de Arte Contemporânea da Bahia. A exposição está distribuída de acordo com a origem dos 102 artistas representados na coleção, que foram premiados ao longo das edições do Salão do MAM Bahia, entre os anos de 1994 e 2009.
As obras que nunca haviam sido reunidas em uma única mostra, apresentam um acervo singular que revelam importantes referências de uma geração contemporânea que iniciou sua trajetória entre os anos 1990 e 2000. Dentre os artistas existe uma parcela significativa que se tornou valorizada no sistema de arte, porém, ainda é perceptível o número restrito de artistas baianos.