“Você não é invisível”, o primeiro livro de Lázaro Ramos voltado para o público jovem, foi lançado no domingo (13), na Arena Jovem, um dos espaços da Bienal do Livro Bahia. Embora o autor afirme que não escreveu pensando no público jovem, ele admite que as mensagens presentes no livro são direcionadas aos adolescentes, a começar pelo título:
“Ao escrever, pensei no que gostaria de ter ouvido na minha adolescência: você não é invisível; você não precisa ficar sozinho nas suas angústias; você tem o direito de sonhar e fazer planos; você merece ser amado e respeitado.”
O livro foi escrito durante a pandemia e conta a história de dois irmãos que ficam confinados em casa, enquanto o pai trabalha o dia todo e a mãe está viajando. Eles têm personalidades diferentes, mas buscam entender seu lugar no mundo. Apesar de todas as formas de comunicação disponíveis hoje, eles não se comunicam. O livro fala do sentimento da invisibilidade, que tem a ver com a raça, o gênero, a sexualidade, mas não está relacionado à presença.
Lázaro Ramos chama a atenção para o que ele chama de presença ausente, algo que considera muito comum na atualidade. É comum você estar falando com alguém que está com o olhar fixo no celular, gente que está apenas fisicamente no ambiente.
“A presença ausente é muito comum em casa”, declara. Existem várias formas de comunicação, mas muitas vezes as pessoas esquecem do contato mais próximo, direto. “Vocês têm noção que estão aqui para celebrar a palavra e o livro?”, comemora, lembrando que a presença do público lotando a Arena Jovem não deixa de ser uma pequena revolução.
O ator e escritor aproveitou para homenagear os professores, pedindo uma salva de palmas para esses profissionais necessários e nem sempre valorizados. Lázaro conta que antes da publicação, o livro foi enviado de forma anônima para uma escola pública e uma particular para que os alunos pudessem se manifestar sobre o conteúdo.
Ele informou que as escolas interessadas em agendar visitas com apresentação do livro podem entrar em contato com a editora para fazer o agendamento, mas avisou que a fila está grande por conta da pandemia.
Ao abrir para perguntas, o público aproveitou para saber mais sobre o livro “Na minha pele2”, que ele disse que está pronto mas só será lançado no final do próximo ano. Lázaro falou também sobre o filme “Ó paí ó”, que está sendo atualizado por conta dos 15 anos desde o lançamento. “O filme é diferente do primeiro, porque nesses 15 anos a sociedade mudou”, explica.
O ator aproveitou para contar uma história da filha Maria Antônia que ele disse contar sempre, mas que ilustra bem o jeito dela. O ator e escritor disse que ela pediu para ele comprar um salto alto. Ao negar, ele argumentou que não era saudável, que ela precisaria crescer mais, lembrou das responsabilidades dele, enquanto pai, com o bem estar e a segurança dela e finalizou dizendo que ele poderia ser preso por colocá-la em perigo.
Após ouvir todo o discurso, a filha pergunta: “Quando você for preso, posso usar salto alto?”
Lázaro encerrou o bate-papo lembrando que “estamos no momento de viver de novo a convivência coletiva”. É preciso ter respeito, falar e ouvir, debater sem agressões. “Nossa nação só vai ser plena quando todos tiverem direitos iguais”, finalizou sob os aplausos e gritos de satisfação do público.