
Crianças em sala de aula | Foto Freepik
Conscientizar e esclarecer é o principal objetivo da data, que foi criada há 25 anos
Por Pedro Paulo Guimarães
Revisão Kátia Borges
No dia 28 de abril de 2000, o Dia da Educação foi criado, após o Fórum Mundial realizado em Dakar, no Senegal. Durante o encontro, foi assinado o Marco de Ação de Dakar, documento referendado por mais de 160 países, incluindo o Brasil, onde foram propostas metas para que crianças e adolescentes tenham acesso básico à educação, algo que ainda necessita de investimento nacional, estadual e municipal.
Conforme os anos passaram, os índices de analfabetismo em território nacional diminuíram, porém, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em pesquisa realizada em 2022, mais de 11 milhões de cidadãos continuam sem o mínimo acesso à educação no país, demonstrando que, por mais que tenha avançado, a educação brasileira ainda precisa de reformulação. Pesquisas também registram um crescimento considerável no índice de notas 1000 no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), sobretudo, na região nordeste do país, onde a educação mostra estar evoluindo com o investimento correto, além da preocupação dos governantes com a rede pública educacional dos estados envolvidos.
“A educação enfrenta desafios contínuos que resultam na percepção de sua degradação. Entre os fatores que contribuem para isso, podemos citar o financiamento insuficiente, a falta de valorização dos profissionais da educação, a ausência de políticas públicas consistentes e a descontinuidade de projetos educacionais. Além disso, a crescente influência da tecnologia e o impacto de questões socioeconômicas das famílias afetam diretamente a aprendizagem e o envolvimento dos alunos”, explica Maiana Cerqueira, professora da rede municipal de ensino em Salvador e Feira de Santana.
Desafios cotidianos
A conscientização sobre a importância da educação ainda é necessária, visto que muitos adolescentes, atualmente, preferem deixar a vida acadêmica, nas escolas e universidades, em segundo plano, principalmente pela necessidade de trabalhar para arcar com os custos dentro de sua própria casa.
Em uma tentativa de ajudar, formou-se o projeto Pé de Meia, um programa de incentivo financeiro para aqueles que estão matriculados efetivamente em escolas de ensino público, funcionando como uma poupança para que, desse jeito, a permanência dentro das escolas seja maior, dando mais acesso a um futuro de qualidade aos cidadãos.
“Me sinto impotente, sem progredir nos projetos que queria realizar”, conta Paulo Roberto, aluno da rede municipal de ensino de salvador. A realidade que cerca a juventude atual, que depende do ensino público, é de insatisfação, por causa que a maior parte de suas necessidades não são supridas, além de dependerem de um ensino integral implementado sem enxergar o que, realmente, poderia ajudar, como aulas práticas voltadas a diferentes áreas.
Negligência
O sistema público educacional, sempre foi muito negligenciado, pois, como disse Nelson Mandela, “a educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”. O ensino molda a criticidade do povo, observando que, em países que se preocupam genuinamente com os estudos de sua população, há maior grau de felicidade e bem-estar, por entenderem como deve-se trabalhar com seu público, principalmente jovens.
Além disso, há desvalorização dos professores, que muitas vezes se desdobram para tentar, de algum modo, levar a educação a quem mais precisa, sendo por projetos sociais e pessoais, por meio de palestras, mas, que não recebem o foco merecido dentro de uma instituição de ensino, ou mesmo por parte do governo estabelecido.
O Marco de Ação de Dakar foi renovado em 2015, na Coreia do Sul, onde o prazo para atingir as metas propostas aumentou para até 2030, esperando que haja mudanças significativas na educação mundial, com foco no Brasil, dando à população a esperança de um futuro digno e próspero.
O dia 28 de abril é, portanto, uma data comemorativa importante, e pouco debatida. Serve para lembrar a todo momento, que não há motivos para desacreditar das oportunidades oriundas do estudo. Desse modo, faz-se acreditar que o mundo pode mudar para um lugar melhor, onde todos possam ter a mesma oportunidade de acesso a um ensino digno e de qualidade.