Esbanjando alegria e talento, Dona Cadu é um verdadeiro patrimônio do Recôncavo baiano
Por: Monique Sousa
Revisão: Mariana Nogueira
A Centenária Ricardina Pereira da Silva, popularmente conhecida como Dona Cadu, da cidade de São Félix – BA, esteve presente em um bate-papo nesta sexta-feira (17), no Museu de Arte da Bahia – MAB para compartilhar histórias sobre o seu trabalho com os visitantes e explicar os processo de cerâmica.
O bate-papo faz parte do Seminário “O museu que Udo Knoff pensou”, que durante esta semana, realizou oficinas, palestras e atividades em uma programação especial para a 22ª Semana de Museus.
Representando a figura de mestre de saberes populares, Dona Cadu é a mais antiga ceramista em atividade, ela trabalha como louceira desde criança, dedicando-se ao ofício com fidelidade aos conhecimentos técnicos tradicionais. Aos 10 anos, teve seu primeiro contato com a cerâmica ao observar uma vizinha esculpir. Intrigada e inspirada, decidiu tentar por si mesma. A habilidade com o barro tornou-se uma fonte de renda, inicialmente para ajudar em casa e posteriormente para criar seus filhos.
“Aprendi a fazer louças com uma senhora do sertão, essa senhora chegou do sertão, da roça. E aí ela sabia fazer louças. Todo dia eu pegava um molhinho do barro e levava para a casa de meus pais para fazer brinquedos. Mas eu estava pensando que ela não estava vendo eu levar o barro. Porém, ela estava vendo e me perguntou se eu queria aprender’’, conta Dona Cadu.
O rosto não esconde as marcas do tempo, mas o corpo ainda é sinônimo de vitalidade da ceramista de 104 anos, e sua energia e disposição são de dar inveja a qualquer um.
“O trabalho (com cerâmica) é duro, mas eu gosto do meu trabalho… Sem o pirão a gente não vive”, afirma Cadu.
Sua simpatia e cordialidade fizeram que se tornasse popular dentro e fora da região onde mora e é através do samba e da cerâmica que Dona Cadu viaja pelo Brasil participando de oficinas, e fazendo amigos e admiradores por onde passa.
“Eu fui em Curitiba, o governador de lá mandou me buscar na minha casa. Quando cheguei, ele perguntou se eu era dona Cadu, eu disse: sou eu mesmo, se tiver outra aqui é contrabanda. Ele disse, a senhora é a rainha da Bahia, o mundo todo lhe conhece”, conta Ricardinha.
A centenária ceramista é portadora do título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB e pela Universidade Federal da Bahia – UFBA. A história de Dona Cadu é inspiradora e nos mostra a importância de valorizar os saberes populares e a dedicação ao trabalho. Sua alegria e amor pelo que faz são exemplos a serem seguidos, mostrando que a felicidade pode ser encontrada nas coisas simples da vida.