Além de afetar o ambiente marinho, o esgoto irregular intensifica problemas na saúde da população
Por Eider Queiroz, Franciely Gomes e Lis Gabrieli
Revisão: Antônio Netto
O serviço de tratamento de esgoto não é uma realidade para todos os soteropolitanos. Segundo o Sistema Nacional de Indicadores sobre Saneamento (SNIS), em 2018, estima-se que 18,7% não possui acesso ao sistema de esgoto.
Quando despejado sem tratamento, o esgoto polui rios, mares e até águas subterrâneas, o que contribui com essa situação.
A falta de consciência social, a poluição das águas marinhas e a saúde comprometida, são alguns dos fatores que exemplificam o problema do descarte indevido de esgoto em Salvador.
O biólogo Moisés Myra, afirma que “caso o esgoto fosse tratado adequadamente, seria removido por processos biológicos, com processos físicos de filtração, decantação e diversos processos químicos, para reduzir matéria orgânica e microrganismos patogênicos”.
“Os rios e o mar receberiam uma carga muito menor de poluentes, preservando ecossistemas marinhos, garantindo qualidade da água para consumo e para banho no mar”, completa o biólogo.
Histórico
Em entrevista, a Embasa afirmou que não é a responsável pelo lançamento de esgoto não tratado ao mar e que possuem um cuidado maior com esta situação.
Entretanto, vale lembrar que em 2019 a empresa foi multada em R$ 10 milhões por crime ambiental, pelo derramamento de água não tratada no bairro do Rio Vermelho.
Sobre esse caso, a organização explicou que se tratava de um córrego e que a estrutura que desviava esse fluxo do córrego para a rede coletora da Embasa foi desmontada desde 2018.
O Rio Vermelho é um ponto conhecido de descarte de água não tratada em ambiente marinho, mas existem ainda outras praias que são contaminadas quando ocorre falhas nas estações de bombeamento, como exemplo, a praia de Itacaranha, no subúrbio ferroviário de Salvador.
No ano passado moradores do bairro de Tubarão protestaram em prol da retirada de esgoto que estava sendo derramado no local. A Embasa afirma que aquela água sem tratamento era clandestina, portanto, não era responsabilidade da companhia.
A empresa frisa que o monitoramento de poluição dos rios e do mar é responsabilidade dos órgãos ambientais da prefeitura e do Estado, como o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Humanos (Inema).
Saúde
Não só impedindo o uso das praias e rios, a água poluída também é um grande portal para a proliferação de doenças. Segundo o médico Thales Vinicius, “doenças infecciosas na pele podem até acontecer, porém as doenças mais prevalentes são pela ingestão de água contaminada”.
“Hepatite A, cólera e febre tifoide estão entre os maiores casos de adoecimento”, lista o médico.
Myra complementa ainda que águas poluídas pelo esgoto podem conter substâncias alergênicas, irritantes para olhos, pele e mucosas.
Como consequência, temos o aumento da transmissão de doenças através do banho em águas contaminadas e consumo de pescados infectados.
Saber se um peixe está ou não contaminado é um processo complexo, que pode ser identificado ao tratar o alimento ou somente em laboratório, tornando o risco de infecção ainda mais fácil.
Responsabilidades
Como medidas de saúde pública, a Prefeitura de Salvador é legalmente responsável pelo fornecimento de água potável e eliminação de esgoto irregular.
Segundo a Lei do Saneamento, as cidades devem possuir um plano municipal sobre os serviços de água, esgotos, lixo e drenagem das águas da chuva, cabendo ao município prestar melhorias técnicas e econômicas para a população.
Vale frisar que é de responsabilidade da Embasa, garantir a coleta, transporte e tratamento do esgoto doméstico, permitindo que o efluente retorne à natureza, sem causar danos ao meio ambiente.
A população também deve fazer sua parte e contribuir para a diminuição deste problema. Verificando se a rede doméstica de esgoto e fornecimento de água é feita pela Embasa e não desviando para córregos próximos a rios e mares.
Fique atento
Em caso de obstrução ou denúncia, uso irregular da rede de esgoto, a população deve acionar a Embasa pelos canais de atendimento da empresa, como o teleatendimento 0800 0555 195, Agência Virtual (https://agenciavirtual.embasa.ba.gov.br) ou App Embasa para celular.
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Muito interessante essa matéria!!
Trabalho muito bom !