O Museu proporciona aos visitantes a experiência de viver o Carnaval de Salvador, conhecendo a história da folia
O Carnaval de Salvador é considerado a maior festa de rua do mundo. Segundo o Guinness Book, livro de recordes mundiais, a folia conta com a participação anual de mais de dois milhões de foliões vindos de diversas partes do Brasil e do mundo, sendo 800 mil turistas.
Além de tornar a cultura baiana reconhecida a nível mundial, a festa conseguiu movimentar cerca de 1,8 bilhões de reais no ano de 2020, segundo estimativa da Secretaria de Cultura da Bahia (Secult), operando como um dos principais pilares do setor econômico baiano.
A festa mais amada e esperada da Bahia acumulou uma ampla bagagem histórica ao longo dos anos. Essa história é reunida e transmitida ao público através da Casa do Carnaval da Bahia, um Museu interativo, tecnológico e futurista situado no Centro Histórico de Salvador, ao lado do Plano Inclinado Gonçalves, no Pelourinho.
A Casa do Carnaval foi construída com um investimento da Prefeitura de Salvador, de cerca de R$6 milhões. A inauguração do espaço aconteceu em fevereiro de 2018 e neste ano completou quatro anos de funcionamento.
O Museu tem como principal objetivo demonstrar aos seus visitantes de uma forma lúdica e fascinante o progresso histórico e cultural do Carnaval ao longo dos anos, alcançando o modelo mais contemporâneo da folia.
A estrutura total do espaço cultural é dividida em quatro principais pavimentos. No térreo, situado em frente a bilheteria do Museu, o visitante é logo exposto a uma diversidade de obras artísticas.
Desde o teto até as paredes do espaço identificamos obras temáticas sobre a folia, como livros, esculturas, quadros, instrumentos musicais e figurinos originais, utilizados durante a festa por artistas baianos que tiveram o seu nome consolidado na história do Carnaval de Salvador.
Na sala “Origens do Carnaval” e “Criatividade e Ritmos do Carnaval”, o visitante conhece a fundo a história do surgimento da folia e de seus ritmos musicais, desde os primórdios nos salões de festas até chegar às ruas de Salvador. Há também 200 bonecos feitos de cerâmica que representam figuras típicas da folia, além de várias projeções em vídeo registradas por artistas como Ivete Sangalo e Regina Casé, que também fazem parte do acervo do museu.
O subsolo do Museu conta com um variado acervo de conteúdo digital, disponibilizado para os pesquisadores culturais e historiadores desenvolverem suas pesquisas.
No primeiro andar do espaço, encontramos duas salas do Cinema Interativo, na ocasião, o turista tem a chance de aprender as famosas coreografias que são sucesso no Carnaval e os foliões relembram os “hits” que marcaram época e fizeram história nos blocos e circuitos do Carnaval na capital baiana.
No terraço, o visitante tem a oportunidade de contemplar uma vista exuberante da Baía de Todos-os-Santos, desde o Comércio até a Ponta de Humaitá.
O Curador responsável pela arquitetura e design do espaço cultural, o artista Gringo Cardia, também responsável pela curadoria do Museu Cidade da Música, enaltece a importância da preservação histórica que o local promove e a honra em poder traduzir a maior atividade cultural da Bahia.
“Muita gente, na verdade, vai a Salvador fora da época do Carnaval e quer conhecer o carnaval e a sua história, qual a diferença entre os variados tipos de música presentes na Bahia e não encontravam um local onde pudessem vivenciar isso. Essa ideia de fazer a Casa do Carnaval, que foi do ex-prefeito ACM Neto, foi muito boa e eu fiquei muito empolgado em fazer parte deste projeto em parceria com o pesquisador e professor da UFBA, Paulo Miguez”, relata.
“O Museu fala principalmente sobre a alegria, que é uma das marcas da Bahia, a arte, a música, então assim eu fiz o conceito inteiro, em cima dessa história de mostrar esse potencial durante o ano inteiro”, completa Cardia.
O equipamento cultural funciona de terça a domingo, das 10h às 18h (entrada até 17h). Os ingressos custam R$30 (inteira) e R$15 (meia), sendo que as quartas-feiras o acesso é gratuito.
O secretário da Secult, Fábio Motta, reforça que a cidade tem muito a comemorar com o funcionamento do espaço cultural.
“A Casa do Carnaval é um indutor de turismo importante da cidade e temos muito que comemorar. Este é o maior equipamento de museologia do Carnaval no mundo e está aqui em Salvador. Mais de 40 mil pessoas já passaram pelo local e isso nos dá muito orgulho”, destaca o secretário.
O local permite que o visitante embarque em uma viagem visual e sensorial entre os diversos recortes temáticos da folia, relembrando transformações sociais e da formação da identidade baiana.
Eric Lima, guia responsável pela visita ao museu, ressalta que o espaço aderiu às medidas sanitárias necessárias para o seu funcionamento e que, apesar das mudanças que ocorreram no funcionamento do espaço, há uma demanda bem interessante de visitantes, principalmente nos últimos meses de alta estação.
“Quando eu comecei a trabalhar no museu, a gente tinha uma demanda um pouco mais fraca, mas tem melhorado, principalmente finais de semana e quartas-feiras, que são visitadas principalmente por soteropolitanos, que é o dia de gratuidade da casa”, relata Lima.
Na opinião do turista cearense, Gil Soares, de 28 anos, a visita ao Museu do Carnaval é uma experiência maravilhosa para quem gosta de aproveitar a folia e tem interesse em conhecer um pouco a história da Bahia.
“Foi minha terceira vez visitando Salvador, mas até então não conhecia a Casa do Carnaval. Não achava que era um lugar tão rico em cultura e informação. Até que vi esse ano em um vídeo no YouTube e decidi conhecer o museu nesta viagem”, conta o turista.
“Adorei tudo que vi e ouvi no museu e me surpreendi quando entrei no lugar. Pois externamente, não vemos muita informação sobre o local, pois parece ser apenas um lugar qualquer pelo centro, porém lá dentro, é um outro mundo. Não tive a oportunidade de passar um carnaval na Bahia, mas pelo que presenciei na Casa do Carnaval, é como se eu estivesse vivenciando toda essa emoção da folia”, relata Soares.
Repórteres: Karina Pereira da Silva, Caio Leal, Gabriel Uchoa e Caroll Carvalho.
Revisão: Antônio Netto