Colo Colo de Ilhéus e Atlético de Alagoinhas são exemplos de times que enfrentam dificuldades para se manter
Por Lavínia Rabat e Rafaela Paixão
Revisão: Antônio Netto
O futebol é um esporte altamente lucrativo, entretanto, essa não é uma realidade de todos os clubes, principalmente os do interior nordestino.
O campeonato baiano de futebol ficou cerca de quatro meses parado após medidas de distanciamento social em razão da pandemia do Covid-19.
Os times que compõem o campeonato, em sua maioria, são de pequeno porte, que já tinham alguns problemas financeiros e administrativos e tiveram as dificuldades ampliadas. A falta de investimento acaba influenciando também no rendimento em campo.
Atual situação do Colo Colo de Ilhéus
Colo Colo é o time de Ilhéus que joga da série B do campeonato baiano. Jose Carlos Oliveira, mais conhecido como Zé Caca, vice-presidente do time, conta que a maior dificuldade “sempre foi a financeira”. Para o dirigente, a situação foi agravada neste momento de pandemia.
“Não foi oportuno prospectar receita com a participação do público nos jogos, que é uma das principais fonte. Nos deparamos também com a dificuldade financeira do empresariado local. Não tivemos oportunidade de obter uma participação expressiva em relação a patrocínio para poder apoiar o clube”, declara Zé Caca.
O dirigente reforça ainda que, com o retorno do campeonato, houve muita preocupação com a proliferação do coronavírus e a necessidade de realizar os exames nos jogadores.
“Pelos critérios e protocolos exigidos nos órgãos da saúde, somos obrigados a realizar exames constantemente na equipe. Mas, com um elenco reduzido, fica uma situação muita tensa para que não tenhamos uma quantidade expressiva de jogadores positivados [pelo Covid-19], impossibilitando de completar um número suficiente para participar nos jogos”, ressalta Zé Caca.
O vice presidente ainda destaca, a relevância do Colo Colo para a cidade de Ilhéus: “um time histórico, que tem 72 anos” e ressalta a importância do time para a economia local.
“A partir do momento que o público tem acesso aos jogos, aos ambulantes que vendem água, pipoca, caldo de cana, ajuda a economia do município, gerando emprego indiretamente”, enfatiza Zé Caca.
Cenário do Atlético de Alagoinhas
Na série A do Campeonato Baiano e na série D do Brasileirão, o Atlético de Alagoinhas vem se destacando entre os times do interior baiano. Há alguns anos, o time foi campeão baiano da série B e no ano de 2020, vice-campeão da série A.
Com isso, conquistou o acesso à série D do Brasileirão e também da Copa do Brasil. Para um time do interior, tais conquistas são de enorme importância, visto as dificuldades financeiras que estes times enfrentam.
Ao longo dos anos, o Atlético enfrenta, assim como o Colo Colo, diversas crises financeiras, ocasionando falta de novas contratações e boas instalações para o desenvolvimento físico dos atletas. Os jogos com torcida estão paralisados por conta da pandemia e não há lucro com a bilheteria.
Além disso, o clube sofre com a falta de patrocinadores. Os salários dos jogadores estão atrasados e já fizeram um protesto em outubro ameaçando não viajar para uma partida em Minas Gerais, caso a situação financeira não fosse resolvida.
O presidente do clube, Albino Leite, fez um apelo nas redes sociais para os torcedores ajudarem o clube com doações, para assim honrar o compromisso do pagamento dos jogadores.
“Infelizmente o clube ainda não tem estrutura suficiente para um bom preparo físico dos atletas. Mas estamos nos reestruturando e melhorando nosso aparato para ofertarmos boas condições de trabalho para a nossa comissão e nossos atletas”, declara Michel Pinheiro, preparador físico do Atlético.
O ano de 2020 foi especial para o Atlético de Alagoinhas pois o clube voltou a competir em nível nacional.
“Já havíamos disputado outras competições de nível nacional, ficamos um tempo fora do cenário e retornamos com um projeto ambicioso. Nesse retorno tem sido importantíssimo, pois através dessa vitrine podemos valorizar ainda mais a imagem do clube”, diz Pinheiro.
“Na instituição, com certeza o maior impacto da pandemia foi financeiro, e por conta dele acabou refletindo no campo. Perdemos nosso técnico, alguns atletas, mas seguimos com esperança de retomar a saúde financeira”, declara o preparador físico do time.
A visão do torcedor
Lucas Santos, membro da Torcida Nação Carcará, torcida organizada do Atlético de Alagoinhas, emocionou-se ao falar da saudade de ver o seu time do coração em campo.
“Não tem explicação o que a gente sente ao assistir o Carcará jogar. Muitas vezes até sem dinheiro nós fazíamos o possível para ir pra outra cidade ver nosso time. É muito triste não estar acompanhando os jogos de perto num momento tão importante para o Atlético, que é estar no Campeonato Brasileiro. Mesmo sem ter o melhor elenco ou o estádio mais bonito, eu tenho orgulho de dizer que sou torcedor do Atlético de Alagoinhas!”, declara o orgulhoso torcedor.