Com cestas básicas e bolos caseiros, Rafaela Carvalho e Elisângela Nascimento alimentam famílias carentes em meio à pandemia
Por Melissa Lima*
A expansão do coronavírus trouxe inúmeras dificuldades, sobretudo financeiras, para a vida de muitos brasileiros. Esse agravo colocou famílias em situações de necessidade e fome, o que gera preocupação e, simultaneamente, desperta um sentimento de empatia e solidariedade.
Foi pensando nisso que Rafaela Carvalho, estudante do 4º semestre de gastronomia da Unifacs decidiu, por conta própria, arrecadar e distribuir alimentos não perecíveis à população carente de Salvador.
A ação conta com mais três voluntários que, juntos a Carvalho, já ajudaram a pessoas em situação de rua e instituições como a Associação Casa de Caridade Adolfo Bezerra de Menezes (ACCABEM) e o Abrigo São Gabriel, além de ambulantes que trabalham no entorno do Estádio Manoel Barradas.
Dentro desta iniciativa, a jovem priorizou instituições de pequeno porte, pessoas que vivem nas ruas ou em situações de vulnerabilidade que normalmente não têm visibilidade suficiente para que atinjam uma quantidade significativa de pessoas.
“O intuito desse trabalho é ajudar o próximo em sua essência, ajudar a pessoa próxima que está do seu lado e você está vendo passar fome. Eu posso não acabar com a fome no Brasil e no mundo, mas posso acabar com a fome de uma pessoa”, conta Rafaela.
As ações continuarão durante todo o período de isolamento e não são feitas apenas em prol das pessoas que passam por dificuldades: com esta iniciativa, também são assistidos animais abandonados ou em situação de maus tratos através de doações de ração, resgates e cuidados veterinários.
“Com isso conseguimos ter e passar esperança para o próximo em meio a um momento tão desesperador. A esperança real de dias melhores, de que tudo isso vai passar e principalmente e mais importante: mostrar que ninguém está só”, completa a estudante.
Bolos com sabor de solidariedade
Elisângela Nascimento, também estudante de gastronomia na Unifacs, resolveu transformar seus dotes culinários em solidariedade: ela faz bolos e distribui a famílias carentes da sua comunidade, no Bairro da Paz.
“Tinha vontade de fazer algo para ajudar a quem precisa, mas não sabia como. Agora nessa crise me vendo em casa, com tempo sobrando, me deu um estalo: por que não realizar esse desejo de ajudar?”, explica Nascimento.
A estudante conta com mais cinco pessoas para ajudar na limpeza, finalização e distribuição dos bolos, e apesar de contar com a solidariedade de quem doa materiais ou dinheiro para a confecção dos bolos, a produção é exclusivamente sua.
Até o momento, esta ação já atingiu a 380 pessoas, dividas entre a comunidade do Bairro da Paz e uma Associação de Moradores de Cajazeiras, a qual a estudante decidiu ajudar.
“Tem muita gente passando necessidade e tem muita gente que não tem ideia disso, acho que se cada pessoa fizesse um pouquinho podíamos passar por essa pandemia e outros problemas com um pouco mais de segurança”, alerta Nascimento.
“É muito gratificante ver no olhar de quem recebe o agradecimento. As vezes naquele dia é o único alimento que a pessoa está tendo”, completa.
Quanto é necessário para ajudar a quem precisa? Rafaela e Elisângela são a prova de que o pontapé inicial só precisa de algo simples: empatia.
*Mais informações sobre as ações ou como doar no Instagram de cada estudante: Rafaela Carvalho (@rafacbm) e Elisângela Nascimento (@elipatisserie)
*Sob supervisão de Antonio Netto, Professor de Jornalismo da UNIFACS e Coordenador da AVERA.