De acordo com o Abrigo São Francisco, o número de animais triplicou com o avanço da pandemia
Por Bruno Alves, Katharina Andrade e Stéphanie Oliveira
Revisão: Antônio Netto
A adoção de um pet pode ser a solução para aqueles que desejam ter um companheiro em meio a solidão e o isolamento social, que afeta parte da população em tempos de pandemia.
Entretanto, o modismo da adoção não deixa claro os cuidados necessários para possuir um pet.
De acordo com a vice-presidente da Associação Brasileira Protetora dos Animais (ABPA), Fernanda Sousa, que administra o abrigo São Francisco, houve um registro de cerca de 315 animais abandonados no abrigo, no período de março até dezembro de 2020.
O abrigo, por ser o mais antigo de Salvador, é uma referência e, com isso, há registros de abandonos na porta da instituição semanalmente.
“Houve adoções nesse período, mas em uma quantidade bastante inferior aos abandonos, e hoje estamos com uma capacidade quase que triplicada do número de gatos, cerca de 180”, relata Fernanda.
“De fevereiro de 2021 até agora, houve uma queda significativa no número de adoções, assim como teve no final do ano passado, momentos em que a pandemia estava mais crítica”, comenta a responsável pelo abrigo.
A veterinária Melissa Kuhmann acredita que há dois tipos de tutores: aqueles que cuidam de seus pets como filhos ou com empatia e aqueles que cuidam como um simples animal.
“Aqueles que possuem menos empatia com seus animais acreditam que eles não têm sentimentos como nós humanos, e tendem a cuidar e prevenir menos”, explica a veterinária.
Mudança de rotina
A pandemia teve início em março de 2020 no Brasil e, desde então, a população vem se adequando à nova forma de vida. Com o aumento de abandonos, a equipe do abrigo São Francisco intensificou suas rotinas para atender a demanda da instituição.
“Houve um aumento de trabalho e de gastos. Além do protocolo de entrada realizado nos animais, há um acompanhamento diário até a realização da adoção, mais gastos com ração e limpeza”, diz a vice-presidente da ABPA.
Fernanda também comenta que ocorreu uma queda no número de arrecadações, pois, por conta da pandemia, não há mais a realização de eventos que aconteciam em praças públicas.
Com o agravamento da questão econômica no país, pessoas que antes faziam doações, também reduziram as ajudas. “Não há um grande apoio financeiro, patrocínios ou uma doação fixa mensal, e em alguns meses as contas não batem”, acrescenta Fernanda.
A rotina de Melissa também mudou, mas dentro de casa. “Neste período de pandemia, aumentou tanto a quantidade de animais abandonados que eu cheguei a ter 20 animais dentro da minha casa”, relata a veterinária.
Covid-19 e os pets
Com o agravamento do vírus uma questão foi levantada: animais domésticos poderiam contrair e transmitir o novo coronavírus para humanos?
De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz em nota: “O risco de animais domésticos contraírem e transmitirem o novo coronavírus é praticamente inexistente”.
Por acreditarem que animais espalharam o vírus, o número de abandonos subiu com o início da pandemia e a disseminação de diversas Fake News sobre o assunto, relata a veterinária.
Outras saídas
O abrigo São Francisco vem pensando em novas estratégias para esse momento difícil. Mais engajamento nas redes sociais da instituição, com posts interativos, rifas, vaquinhas, criação de projetos para parcerias e estimulando mais pessoas a participar do projeto.
“Estamos a todo tempo criando formas para aumentar essa arrecadação, para assim manter”, diz Sousa.
O abrigo também conta com uma lojinha virtual, onde consegue gerar um pouco de receita para ajudar a instituição.
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