Em Salvador, diversos eventos são realizados a favor do fortalecimento da agenda antirracista no mês da Consciência Negra
Por: Caique Souza
Revisão: Marco Dias
Nesse mês, definido como Novembro Negro, a Bahia comemora no dia 20, o Dia da Consciência Negra, em homenagem à luta e resistência da população afrodescendente durante o regime escravista brasileiro, que durou entre os anos de 1530 e 1888.
O 20 de novembro faz referência à morte de Zumbi dos Palmares – morto em 1695, último líder do Quilombo dos Palmares (União dos Palmares, Alagoas), comunidade formada por pessoas escravizadas, fugidas das fazendas no Brasil colonial.
A data, que marca a luta negra por uma sociedade mais justa, ganhou visibilidade pela primeira vez nos anos 70, depois que um grupo de jovens em Porto Alegre, insatisfeitos diante das mazelas que afligia o povo negro, sem o apoio do Estado, decidiu dizer “não ao 13 de maio”.
Para o Historiador e Professor, Robson Freitas, o dia 13 de maio tem grandes problemas concentrados em si mesmo, pois a comemoração dessa data visava, na verdade, esconder todo o circuito de resistências e lutas antiescravistas lideradas pelos próprios negros no Brasil.
A ideia criada pelo coletivo gaúcho, Grupo Palmares, mudou a rota a favor da integração da população negra na sociedade brasileira, ajudando a promover justiça social, reflexão sobre a equidade de gênero, raça e etnia, igualdade de direitos e oportunidades, bem como o combate ao preconceito e a discriminação.
“O 20 de novembro é uma resposta ao movimento de ocultamento da história negra e do protagonismo negro no Brasil, com o objetivo de lembrar que fomos nós, pessoas negras e mestiças que lutamos em todas as instâncias pela nossa própria liberdade, cidadania e autonomia”, afirma Freitas.
Conscientização
O Novembro Negro vem com o objetivo, segundo Freitas, de conscientizar pessoas negras e mestiças de que elas são dotadas de História, identidade e ancestralidade, e que quanto mais pessoas negras conscientes da existência do racismo, maior quantidade de pessoas negras emancipadas, lutando pelos seus direitos e fazendo cessar a violência de cor do país.
Calendário
Depois de árdua luta dos movimentos, o Dia da Consciência Negra entrou no calendário escolar a partir da sanção da Lei 10.639, de 2003, que determina o ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas.
A data não é feriado, apesar de diversas cidades e estados pelo Brasil já decretarem tal condição. O projeto que pode tornar o 20 de novembro feriado nacional foi aprovado recentemente pelo senado. Agora, aguarda votação pela câmara.
O futuro
O efeito positivo da conscientização na sociedade vem, aos poucos, de acordo com Freitas. “Vai custar muito tempo, vai custar muito recurso e infelizmente enquanto não chegarmos nesse objetivo, teremos pessoas sendo violentada de forma racista”.
E completa com otimismo: “Temos um grande caminho a percorrer, visto a realidade social. Mas acredito que sim. É possível sim a eliminação do racismo em todas as esferas da nossa existência pública e privada, seja no Brasil, seja no mundo”.
Bahia é o verdadeiro centro da cultura afro-brasileira
Na Bahia, o mês da Consciência Negra é simbólico, visto que é o estado mais negro do país, com 81,4% da população autodeclarada descendente de africanos (60% pardos e 21,4% pretos).
Em Salvador, diversos shows, espetáculos, exposições, palestras e oficinas que ressaltam a memória negra serão realizados para o fortalecimento da agenda antirracista e promoção da igualdade racial.
Confira a agenda que a AVERA organizou pra vocês:
Exposição O Olhar Feminino Sobre a Consciência Negra
- Quando: 3 a 30 de novembro
- Onde: Centro de Estudos dos Povos Afro-Índio-Americanos (CEPAIA), Largo do Carmo, s/n, Centro Histórico de Salvador
- Horário: De segunda a sexta das 9h às 12h e das 14h às 19h, e aos sábados, das 9h às 12h e das 14h às 17h
Ingressos: Gratuito
Novembro Negro na Fábrica – Gastronomia e conexão histórico-cultural
- Quando: 16 e 17 de novembro
- Onde: Largo da Ribeira, 33, Salvador
- Ingresso: Gratuito
Inscrições online em Fabrica Cultural
Novembro Negro na Concha: Ilê Aiyê convida Luedji Luna e Margareth Menezes
- Quando: 17 de novembro
- Onde: Concha Acústica do TCA – Salvador/BA.
- Ingressos:R$ 1, à venda no dia 16
Venda: Bilheteria do TCA
Rap/Trap (Consciência Negra)
- Quando: 19 de novembro
- Onde: Cidade da Criança (Av. Elmo Serejo de Farias – Nucleo Hab. Rubens Costa Cia I, Simões Filho – BA)
- Quanto: R$ 30.00 + 1kg de alimento (pista) / R$ 70 + 1 kg de alimento (área VIP)
- Horário: 15:00 – 22:00
- Vendas: Bilheteria do Teatro Castro Alves e página de venda em sympla.com.br
Classificação indicativa: Livre
IZA – Show Consciência Negra
- Quando: 20 de novembro
- Onde: Concha Acústica do Teatro Castro Alves
- Quanto: Lote 01: R$ 120 (inteira)/ R$ 60 (meia). Lote 02: R$ 140 (inteira)/ R$ 70 (meia).
- Horário: 21h
- Vendas: Bilheteria do Teatro Castro Alves e página de venda em sympla.com.br
Classificação indicativa: Livre
Koanza: do Senegal ao Curuzu
- Quando: 24 e 25 de novembro
- Local: Sala do Coro do TCA
- Horário: 20h
- Ingressos: R$ 30 e R$ 15
Vendas: Sympla
Palestra identidade negra desafios do protagonismo do jovem negro no ambiente escolar
- Quando: 25 de novembro
- Onde: Biblioteca Anísio Teixeira, no Pelourinho
Ingresso: Gratuita
Festival AFROPUNK Bahia
- Quando: 26 e 27 de novembro
- Onde: Parque de Exposições
- Quanto: De R$ 90,00 a R$ 720,00
- Horário: 18h – Abertura dos portões | 19h – Início dos shows | 05h – Encerramento
- Vendas: Página de venda em sympla.com.br
Classificação: 16 anos