Mês estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) para dar visibilidade a população autista é importante para conscientização sobre o tema
Por Rana Victoria Monteiro Santos
Revisão por Gabriel Ornelas
O Abril Azul é uma iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU), que visa aumentar a conscientização sobre o autismo e proporcionar maior visibilidade ao Transtorno do Espectro Autista (TEA), um distúrbio de neurodesenvolvimento que surge antes do nascimento. Os sinais de autismo geralmente são observados pela família nos primeiros três anos de vida da criança. O mês comemorativo foi criado em virtude da falta de interesse social em divulgar e realizar projetos que promovam mais inclusão e visibilidade da população autista na sociedade.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estima-se que há cerca de 2 milhões de indivíduos autistas no Brasil, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) cerca de uma em cada cem crianças possuem esse transtorno. Mas, estudos com incidências mais altas apontam que pode chegar a um caso para cada 36 crianças. Segundo a OMS, o Transtorno do Espectro Autista é um conjunto de condições caracterizadas por algum grau de dificuldade no convívio social, na comunicação verbal e não verbal e interesses específicos por algumas atividades realizadas de forma repetitiva.
Entrevistada pela Avera, Bianca Matos (23), jovem que pertence ao espectro autista, compartilha sua percepção da temática, explorando qual seria a melhor forma de promover a inclusão e visibilidade na sociedade acerca desse assunto. Em resposta aos mitos propagados sobre o autismo e de que forma esse estigma afeta o seu dia a dia, Bianca relata que, “por não conhecerem a variedade das pessoas do espectro, já ouviu muitas vezes que não ‘parece autista’ e que esperam que ela haja frequentemente como neurotípica”.
Em relação aos estereótipos mais comuns e como deveriam ser desmistificados Matos fala que, “em sua concepção seria sobre as pessoas do espectro serem incapazes de falar por si próprias”.
Em relação às iniciativas que podem prover mais avanços na inclusão e aceitação perante a sociedade, Bianca cobra a importância de uma divulgação eficaz para mulheres.
“Acho importante a divulgação dos padrões de comportamento por meninas no espectro, pois a maioria das informações são voltadas para o público masculino”.
De acordo com ela, o mês de abril proporciona avanços na inclusão e visibilidade por parte da sociedade.
“O conhecimento é a maneira mais precisa de se combater o preconceito, iniciativas como o Abril Azul fazem com que mais pessoas tenham curiosidade de pesquisar e aprender sobre o assunto. Espero que haja uma quebra cada vez maior sobre os estigmas e que a existência de pessoas iguais a mim seja normalizada”, concluiu a jovem.
Gabriella Pereira (20), outra jovem do espectro autista em entrevista concedida ao Portal da Avera, compartilha sua visão sobre as falácias relacionadas ao autismo e como elas afetam seu cotidiano.
“Muitas pessoas têm uma compreensão distorcida sobre autismo, acreditando erroneamente que todos os autistas possuem habilidades extraordinárias, o que não é verdade. As habilidades e desafios de cada pessoa no espectro são únicas. Outro mito é que os autistas não podem viver de forma independente, apesar das dificuldades de comunicação é possível encontrar formas alternativas de se comunicar e se adaptar aos ambientes”.
Em seguida, Gabriella continua a mencionar sobre os estereótipos relacionados ao Transtorno do Espectro Autista.
“Essas pessoas são frequentemente rotuladas como incapazes devido à falta de sincronização na comunicação, invés de reconhecerem o potencial dessas pessoas”.
Ela acredita que informações cruciais a serem divulgadas durante este mês como o fato de que o autismo pode ser detectado nos primeiros anos de vida e quanto mais cedo for diagnosticado, maiores são as chances de uma boa longevidade, contribuem para a causa, trazendo mais conhecimento à população.
Sobre iniciativas como o Abril Azul e seu impacto na sociedade, a jovem destaca que acredita no potencial dessas ações para desmistificar preconceitos, promover mais respeito, empatia e proporcionar um espaço mais significativo para os autistas na sociedade.
Quanto às suas expectativas para o futuro dessas pessoas, a jovem pondera que há uma tendência positiva, pois esses assuntos estão recebendo mais reconhecimento pela sociedade, sendo mais divulgados pela mídia e mais informações acerca do tema estão sendo compartilhadas na sociedade.