Ser jornalista é ter, antes de tudo, seu primeiro contrato firmado com a verdade, em meio a um cenário profissional cada vez mais difícil.
Por Júlia Apenburg Ma
Revisão por Gabriel Ornelas
O Dia do Jornalista, comemorado continuamente em sete de abril (7), foi instituído em 1931, por decisão da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), como homenagem ao médico e jornalista Giovanni Battista Líbero Badaró, criador do Observatório Constitucional, jornal independente cujo foco consistia em temas políticos até então censurados ou encobertos pela monarquia brasileira na época.
Giovanni foi morto por inimigos políticos em 1830, durante uma emboscada quando voltava para sua residência em São Paulo. Importante personalidade na luta pelo fim da monarquia portuguesa e Independência do Brasil, causou descontentamento à população e sua morte, junto a sucessivas decepções a monarquia, culminou na abdicação do trono de Dom Pedro I no dia 7 de abril de 1831.
A ABI foi criada para representar e assegurar aos jornalistas seus direitos e a legitimidade da profissão.A data escolhida para sua criação oficial foi o dia 7 de abril, em 1908, por seu caráter histórico e sua importância para a liberdade de imprensa, idealizada pelo jornalista Gustavo de Lacerda, que acreditava que os jornais deveriam funcionar como cooperativas baseadas na missão social de informar e levar conhecimento à sociedade.
A data homenageia o trabalho dos profissionais da mídia, responsáveis pela apuração dos fatos e circulação de informações sobre os acontecimentos locais, regionais, nacionais e
internacionais direcionadas para a população, de maneira objetiva, imparcial e ética. Seja na rádio, na televisão, nos jornais impressos ou nos portais on-line, o jornalista deve sempre trabalhar tendo como base a imparcialidade e a veracidade de suas informações.
A data também é uma conscientização para as centenas de jornalistas que já foram censurados, violentados, abusados e mortos durante o exercício de sua profissão. Apenas em 2022, segundo o Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ), 67 profissionais foram assassinados, sendo 41 deles por motivos diretamente ligados aos seus trabalhos. Do total de homicídios, 15 foram cometidos na Ucrânia, 13 no México e 7 no Haiti. Os demais foram divididos em outros países, como Colômbia, Chade, Israel, Palestina, Myanmar, Brasil, Turquia e Estados Unidos.
Para marcar esse dia, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), os sindicatos dos jornalistas do Brasil e profissionais da área costumam trazer reflexões importantes sobre a carreira, o mercado de trabalho, a questão salarial e a preocupação sobre o futuro da profissão.
Alguns jornalistas aproveitam a ocasião para externar a insatisfação em relação à decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em 2009, que extinguiu a obrigatoriedade do diploma de jornalista para o exercício da profissão no Brasil.
Com o objetivo de mostrar um descontentamento pelos problemas enfrentados pela categoria, profissionais da área de jornalismo realizam, no Dia do Jornalista, atos ou passeatas a favor da campanha em defesa do diploma.
Apesar de o dia 7 de abril ser a principal data brasileira de homenagem aos jornalistas, outras datas também foram criadas para homenagear a profissão. Confira abaixo as principais:
- 29 de janeiro: refere-se à morte do jornalista e abolicionista José do Patrocínio.
- 16 de fevereiro: Dia do Repórter.
- 3 de maio: Dia da Liberdade de Imprensa, instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1993.
- 1 de junho: Dia da Imprensa Essa data faz referência ao início da circulação do primeiro jornal no Brasil, o Correio Braziliense, editado por Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça, em Londres.
Segundo a professora e jornalista Lívia Veiga “o jornalismo é uma profissão que é milenar. Antes dela ser regulamentada, ela já era praticada, então quando a gente pensa nos primeiros influenciadores do passado, como as informações eram transmitidas, às vezes por pergaminho. Foi se estruturando a
prática de transmitir e passar a informação. Ele surgiu de uma necessidade das pessoas em transmitirem as coisas, terem credibilidade na informação”
Para Lívia, “o jornalismo é um instrumento de transformação na vida das pessoas, cuja as alternativas são muito limitadas sem informações verídicas de qualidade, onde pode tomar decisões responsáveis. Que o jornalismo como informação tem o poder de transformar a vida e de dar voz às pessoas que são silenciadas”.
“O jornalismo é essencial para que eu possa tomar decisões da minha vida. Através do jornalismo que a gente sabe o nível de segurança que a gente vive na nossa cidade, isso também faz com que a gente se preserve. Do ponto de vista de cidadã, acho fundamental para a minha vida” afirma a profissional.
A paixão pela profissão e o contato pelas pessoas fez a professora voltar a ser repórter e, segundo a mesma, a partir do momento em que se conta a história de alguém a vida daquela pessoa pode mudar.
Segundo Lívia, a paixão pela notícia e pelo ser humano é o que faz o indivíduo ser bom em sua profissão, o seu diferencial está justamente em sua capacidade de observação e como vai retratar uma história, a perspectiva de ser sensível com o próximo.
A definição de jornalismo em uma única palavra para a jornalista seria serviço, pois os profissionais da área servem ao outro e devem continuar a serviço da sociedade levando a verdade.