Os projetos “Street Power Cross” e ” Escolinha de Futebol Esperança” acontecem nos bairros do Vale das Pedrinhas e do complexo do Nordeste de Amaralina
Por Luiz Guilherme Leal
Revisão: Luísa Mendes
A dificuldade de acesso às práticas esportes dos moradores das comunidades mais carentes, por não possuírem condições financeiras, chamaram a atenção de professores de educação física. Cientificamente comprovada, a prática de atividades físicas ou de esportes podem proporcionar melhorias significativas na qualidade de vida, seja no sentido físico ou mental.
Sidney dos Santos, criador do “Street Power Cross” é formado em educação física e gastronomia, e idealizou o projeto com o objetivo de ajudar as pessoas a cuidarem da saúde e se exercitarem por um preço mais acessível.
Com mais de cinco anos nesse propósito, Sidney explica como funciona o projeto: “Não é funcional, crossfit ou academia. Eu coloquei o nome de projeto porque todos os alunos que estão aqui buscam um objetivo. Então se seu objetivo é normalizar a pressão arterial, a gente vai trabalhar para normalizar”, relata Santos.
“Talvez eu possa depender de uma ajuda multidisciplinar (médicos ou nutricionistas) mas aqui nós fazemos essa conexão porque aqui temos pessoas de todas as gamas da sociedade”, completa Sidney Santos.
Sidney ainda explica que, após a pandemia da covid-19, muitos estão optando por exercícios em ambientes abertos e mais arejados. “O ambiente fechado, hoje, não ficou muito prazeroso por questão, obviamente, dos vírus, a covid e suas variantes. Então ficou um pouco perigoso”, admite o professor.
“As pessoas em áreas abertas diminui o risco de se contaminar com relação ao vírus. Então a gente aqui [na rua] tem iluminação que a prefeitura dá suporte, segurança pública, e o trabalho de um profissional autêntico, pois todo meu trabalho é baseado na ciência”, continua Santos.
Com mais de 100 alunos, o professor de educação física crê que falta uma atenção maior do governo no incentivo aos esportes para a população.
“O governo precisa investir. Principalmente porque, após a pandemia, as pessoas aumentaram o consumo de ansiolíticos [calmantes e tranquilizantes]. As pessoas tiveram muito sobrepeso e tiveram muitos internamentos por conta de síndromes metabólicas”, indica Sidney.
Aluno há um ano e três meses, o taxista Alexandre Roberto dos Santos enaltece os resultados conquistados graças ao Street Power Cross.
“Antes de fazer parte do projeto, eu pesava 89 kg, hoje peso 74 kg. A magnitude que é esse trabalho de ajudar a emagrecer, o cuidado com a alimentação, isso me ajudou muito”, declara dos Santos.
Morador do Vale das Pedrinhas e fanático por futebol, Eduardo Santos Ramos, conhecido como Dudu, acredita que o futebol e esportes em geral trazem benefícios impares para a vida do cidadão. Por isso criou “A Escolinha de Futebol Esperança”.
“Sempre foi um sonho criar uma escolinha que levasse o esporte como ferramenta de transformação, visto que o esporte traz consigo inúmeros benefícios como saúde, cidadania e disciplina”, explica Ramos.
Acolhendo crianças, jovens e adultos em sua escolinha, o educador físico acredita que falta apoio dos comerciantes do bairro para com o projeto:
“Os comerciantes do próprio bairro colocam dificuldade para ajudar um projeto desses. As vezes não acreditam na capacidade (do projeto), acham que estamos lá só pedindo dinheiro e eu não peço dinheiro, eu peço somente materiais como bolas, cones e coletes. É raro alguém abraçar essa situação. E é difícil”, expõe Ramos.
Dudu também faz um apelo as maiores autoridades e ratifica a importância dos esportes nas comunidades: “O esporte salva vidas, o esporte faz cidadãos e é para isso que eu batalho. Para que mude essa realidade, que o poder público chegue nessa realidade, que a comunidade tem que praticar esporte”, declara.