Escritora conta sobre o começo da sua carreira e a recente entrada para a Academia Internacional de Literatura e Artes
Por Mariana Mendes
Revisão: Vinícius Daniel
Carolina Miranda é poetisa e escritora e atualmente realiza seu trabalho de forma independente. Sua carreira começou de forma totalmente inusitada e surpreendente, a partir das histórias de corredores do hospital.
Para além de escritora, Miranda também atuava na área da saúde, como enfermeira. E é de lá que vem grande parte de suas inspirações, como “O poetizar do cantinho da leitura”, livro feito pela autora com diversos poemas relacionados ao seu dia a dia na enfermaria.
“O cantinho da leitura surgiu em uma caixa de sapato, no meio da enfermaria, e depois virou uma mini biblioteca com 1000 livros. Na pandemia precisei retirar os livros como uma medida de segurança. A partir daí, comecei a recitar poesias e ouvir mais as vivências dos pacientes fora do hospital. Criava versos e entregava ao final de cada plantão”, conta a escritora.
Para ela, a poesia transforma a dor. É sobre poder levar versos para as pessoas e contar um pouquinho delas em alguns momentos.
Desafios da carreira
A carreira independente traz muitos desafios para qualquer artista que opta por esse caminho. A maior dificuldade enfrentada pela poetisa é a de encontrar pessoas para poder divulgar, distribuir e conseguir a valorização do material.
“Eu tive contato com Carol quando meu irmão ficou internado e foi bem importante para a gente. Ela sempre ia nos apartamentos do hospital ler poesias. Sempre alegre, contagiava a todos e também fazia a disputa de poesias, e quem ganhava recebia livros de poesia”, destaca Fernanda Gonçalves, irmã de um dos pacientes de Miranda, reforçando a importância do trabalho feito por ela.
A escritora publicou dois livros, “O poetizar” e “Vai como pode, poesia ou saudade”. Ao final de cada atendimento alguns exemplares dos livros de poesia sempre são entregues aos seus pacientes.
Em qualquer lugar é possível que uma poesia surja. Através das vivências das pessoas e dos lugares por onde elas passam.
Edenilson Souza, um ex paciente atendido por Miranda, relata de forma carinhosa: “A primeira poesia que ela fez foi para mim. Ela pegou as melhores partes da minha história e encaixou tudo certinho. Pegou os melhores momentos dessa fase que eu tive. Hoje eu vejo a poesia com um olhar totalmente diferente”, revela Souza.
Destaques no percurso
Carol já fez participações em alguns eventos, dentre eles o Festival de Nazaré das Farinhas e o Festival Literário de Gramado. No final de 2022, na Bienal do Livro Bahia, teve a oportunidade de recitar poesias de sua autoria para Bráulio Bessa e Ryane Leão.
Recentemente foi selecionada para fazer parte da Academia Internacional de Literatura e Artes e no próximo mês se tornará membro da Academia Baiana de Literatura.
“Participar da academia é a realização de poder ter a possibilidade de conhecer outros poetas e de fortalecer a leitura e escrita”, declara a poetiza.