Sucesso das cartas no Instagram, que representam gírias, locais e figuras soteropolitanas, Jimmy conta como utiliza a IA para auxiliar suas criações
Por Antônio Netto
Nesta terça-feira (28), encerrando a rodada de participações do primeiro dia do Curto Circuito, os alunos de comunicação da Unifacs receberam o talentoso artista visual Victor Marinho, mais conhecido como Jimmy, que popularizou suas produções nos últimos meses no perfil do Instagram @filmeiro.
A mesa intitulada “Salcity Card Game: que cidade é essa, véi?” abordou todo o processo de planejamento, criatividade e produção do jogo de cartas criado por Jimmy e que tem viralizado nas redes sociais.
Cada carta do jogo representa os diferentes aspectos de Salvador, como seus espaços, costumes, gírias e personagens. As cartas foram divididas em baralhos e, de acordo com o artista, no futuro poderão ser jogadas em casa ou na mesa do bar.
O jogo contará com um total de 300 cartas e já possui uma estrutura de regras e formas de jogar criadas pelo próprio artista. Entretanto, Jimmy reforça que “as cartas ainda estão sendo desenvolvidas e podem sofrer alterações devido à interação com as redes sociais e com a cidade em si”, declara.
O jogo promete ser uma maneira divertida e criativa de explorar a riqueza cultural de Salvador. Por enquanto, as imagens das cartas estão sendo compartilhadas em seu instagram.
“Laranjada”, “Maresia”, “Lezêra”, “Aperto de Mente” e “Desgraça” são alguns exemplos de expressões e gírias, “traduzidas” em imagens pelo artista visual no Salcity Card Game. Além disso, figuras históricas, locais e bairros são outros exemplos de representações de cartas
Inteligência artificial
Jimmy revela que no seu atual processo de criação das cartas do “Salcity” utiliza uma Inteligência Artificial (IA) chamada Midjourney para gerar as imagens representativas de Salvador.
As cartas são divididas por tipo e a IA é responsável por gerar as imagens a partir da interação com o artista. Apesar de parecer uma “simplificação do processo de criação”, Jimmy explica que é preciso ser bem específico para conseguir “traduzir para a Inteligência Artifical” aquilo que se quer representado.
Nesse processo, nem sempre a ideia inicial da cabeça do artista é totalmente traduzida pela IA, o que precisa de vários refinamentos e novas tentativas até que ele consiga obter uma imagem satisfatória para o conceito.
afirma que o uso da ferramenta não torna o processo fácil, como é o caso da carta “desgraça”, uma das favoritas do artista, que precisou reiniciar o processo de tentativas três vezes até que a imagem ideal fosse entregue.
Apesar dos desafios, Jimmy defende o uso da inteligência artificial no processo criativo. Seu jogo promete ser uma forma inovadora de representar a cultura de Salvador por meio da interação entre o artista e a tecnologia.
Beatriz Menezes, aluna do curso de jornalismo e que atua com audiovisual, relata que, antes da palestra, o tema Inteligência Artificial a deixava com muito receio “por medo mesmo, de achar que tomaria minha profissão”, mas ao ouvir todos os relatos de Jimmy, mudou essa percepção.
“Jimmy fez com que eu enxergasse novos horizontes. Perceber que isso pode me auxiliar muito, até na produção de algum material gráfico, utilizando a imagem artificial, utilizando nas percepções de enquadramento, de fotografia. A IA veio para ajudar, não para tomar, até porque quem dá os comandos é a gente”, relata Menezes.
Com essa nova tecnologia nas mãos e a experiência compartilhada do artista, Menezes declara que saiu da palestra com a mesma “sensação de uma criança que ganha um brinquedo novo”.
“Jimmy explicou tudo, como é criado, como é jogado e todo o conceito do jogo, trazendo todas as questões culturais de Salvador. Fazendo com que a gente pense até na hora de interpretar a própria imagem do jogo. Eu saí de lá transcendendo. Não paro de pensa nisso!”, relata a estudante.