Aprender novas línguas se torna um diferencial competitivo para os estudantes e oportunidades de negócios online para professores
Por Bernardo Aguiar
Revisão: Marco Dias
Os impactos causados pela Covid-19 aceleraram o avanço dos modelos de ensino remoto, inclusive no mercado de línguas estrangeiras. Surgem uma oportunidade para os meios de ensino online, com cursos a distância e utilização de aplicativos.
O boom dos apps
O número de downloads de aplicativos voltados para o estudo de novas línguas, especialmente o inglês, aumentaram significativamente nos últimos três anos.
Um dos apps mais conhecidos neste setor é o Duolingo, o famigerado aplicativo do passarinho verde, que conta com inúmeras atividades em diversos idiomas, possibilitando o aprendizado e se adequando ao desenvolvimento do usuário.
Vinicius Torres, jovem soteropolitano de 22 anos, e estudante de Direito na Université de Picardie Jules Vernes, na cidade de Amiens, na França, começou sua jornada no francês por conta própria, sendo um desafio não convencional, mas que resultou na realização do seu sonho, estudar na França.
“Aprendi o francês estudando por livros e pela internet. O livro que utilizei “Francês para iniciantes”, também o aplicativo ‘Duolingo’. Fui escrevendo cada tempo verbal e regras gramaticais em um caderno durante todo o tempo de estudo”, explica Torres.
O estudante de direito também deixa claro que mesmo não sendo a língua mais procurada para ser estudada, é uma aprendizagem muito mais simples do que pode parecer e gerou muitas conquistas para ele.
“Posso dizer que o Francês me abriu inúmeras portas, desde que fui jovem embaixador da Unicef até conselheiro jurídico em um escritório de advogado, voltado para direito dos estrangeiros. O meu objetivo é ser diplomata e estou estudando outras línguas como italiano”, conta Torres.
A transição do presencial para o remoto
A necessidade de passar os dias em casa durante a pandemia acabou gerando um tempo extra na rotina de muitas pessoas, que praticavam atividades fora de sua residência ou que simplesmente queriam algo para se distrair. A solução para uma parte da população foi aprender um novo idioma.
Victor Santos, professor de inglês, passou pela transição entre o trabalho presencial e remoto. O professor conta que no início foi bem difícil para muitos professores, pela falta de incentivo do ensino a distância, mas com o passar dos meses, criou gosto pelo virtual e hoje trabalha apenas com esse estilo.
“Tivemos de estudar as novas metodologias de práticas de ensino online para adaptarmos todo o material e fazer toda a logística para o ensino remoto que precisa ter muito mais dinamismo e movimento nas aulas até mesmo para passar credibilidade ao aluno e motivá-lo também. No formato online, o aluno precisa perceber que está tendo um protagonismo ainda maior do que o presencial, eis o segredo e o desafio do ensino remoto”, conta Santos sobre sua experiência.
Luiza Maltez, soteropolitana de 19 anos, é uma jovem que começou a dar aulas on-line em inglês voltadas para a conversação. A baiana teve a ideia de dar aulas após fazer intercâmbio para a Inglaterra e, consequentemente, se tornar fluente na língua.
“Comecei a dar aula de inglês, especialmente para jovens, porque falar inglês com fluência abriu diversas portas para mim e para minha jornada tanto acadêmica quanto pessoal. Tendo em vista a importância dessa língua na minha vida, resolvi ajudar outras pessoas a terem a oportunidade de vivenciar isso também”, afirma a jovem.
Complementando, Luiza também salienta a importância do desenvolvimento do inglês para jovens que estão próximos de ingressar no mercado de trabalho.
“Acredito muito na fundamentalidade do desenvolvimento de habilidades em outras línguas em um mundo tão globalizado quanto o nosso; na maioria dos processos seletivos – seja para ingresso em faculdade ou em vaga para emprego – saber outra língua, especialmente o inglês, é considerado crucial”, explica Maltez.
Relação com universidade e universitários
Por conta da globalização e da alta demanda por profissionais fluentes na língua inglesa principalmente, algumas faculdades brasileiras já promovem a opção de fazer o curso todo em inglês e de forma presencial.
Bruno Velame, estudante da Faculdade Getúlio Vargas em São Paulo, optou por fazer o curso de administração completamente em inglês.
O universitário conta que estudou e se formou em uma escola bilíngue e aproveitou o gancho para se estabelecer como um falante da língua inglesa, aceitando encarar o desafio de viver o ambiente universitário em outra língua.
Bruno complementa afirmando que conseguiu aprimorar muito seu inglês dentro da própria faculdade.
“Em relação a minha preparação, eu diria que foi algo mais psicológico do que teórico. De início me assustei com a possibilidade de fazer o curso em inglês, mas tentei manter a calma ao levar em conta como isso afetaria positivamente o meu futuro, já que representa um grande diferencial no mercado, além de elevar meu nível de inglês à fluência tanto técnica quanto profissional, já que a principal maneira que aprendo outras línguas é colocando em prática”, afirma Velame.