A companhia visa promover uma programação socioeducativa para dez comunidades de baixa renda em Salvador e Lauro de Freitas
Por Maiara Giudice
Revisão: Gabriela Ribeiro
No mês de abril, o Balé Folclórico da Bahia (BFB) anunciou o retorno das suas atividades presenciais com um Festival e oficinas gratuitas produzidas pela organização. Assim como o “Festival Balé Folclórico da Bahia”, que teve início no último dia 25 de abril, os cursos visam promover uma programação socioeducativa para jovens que não têm a oportunidade de uma formação artística.
A arte transformando vidas
As oficinas de dança afro-brasileira e percussão estão sendo realizadas em dez comunidades de baixa renda de Salvador e Lauro de Freitas.
Para Wagner Santana, professor da companhia, o diferencial do projeto é fazer com que o participante saia da aula querendo aprender mais, descobrindo quem ele é e a sua capacidade de trabalhar com a dança.
“O Balé faz o jovem desenvolver sua capacidade de querer viver e sair de lá querendo mais, não é só dançar, é sair de lá sabendo quem é você e que tem a capacidade de trabalhar com a arte da dança”, explica Santana.
Para o professor, a relevância dos projetos também está relacionada à importância das artes para a vida. Ele também relata que as oficinas são importantes para a autodescoberta.
“A grande importância das oficinas é mostrar aos jovens que eles podem ser o que quiserem ser. Fazer com que eles se autodescubram enquanto artistas e trazê-los para o nosso meio”, continua.
Através das oficinas, a organização também visa identificar novos talentos. Os participantes poderão fazer audições para integrar o novo corpo de baile do Balé Folclórico da Bahia.
Segundo a ex-professora do Balé, Nana Nevez, 28, a arte é o que a mantém viva. Para a artista de mais de 12 anos de carreira, a iniciativa é importante não apenas por trabalhar com a arte, mas também com a saúde mental.
“Voltar a fazer as oficinas no [Teatro] Miguel Santana foi um resgate emocional, físico e mental. Foi mais um acesso pessoal do que na minha carreira profissional na dança, mesmo tendo uma grande influência”, disse ela.
Já o ator, bailarino e diretor, Edy Firenzza, 35, ressalta a importância do projeto para o estudo de sua ancestralidade, resistência e seu pertencimento enquanto um homem e artista negro.
“Saber de onde vim e o meu lugar é muito importante para o meu crescimento como um artista negro que nunca imaginou estar em uma companhia reconhecida mundialmente”, disse Firenzza.
O bailarino conta que foi ao Balé pela primeira vez para levar uma turma de estudantes da escola pública na qual dava aulas de teatro.
Anos depois, o ator realizou uma seleção para fazer parte do elenco. Segundo ele, a sua vida mudou significativamente ao entrar na companhia, principalmente o seu olhar para as religiões de matriz africana.
“Estudei e me aprofundei, conheci mais sobre assunto o qual eu iria levar para o palco e também de ter como minha herança ancestral”, disse ele.
Saiba mais sobre a programação das oficinas realizadas pelo grupo:
– Pelourinho – Teatro Miguel Santana – 18 a 23/04
– Bairro da Paz – Programa Avançar – 25 a 30/04
– Cajazeiras – Boca de Brasa Cajazeiras – 02 a 07/05
– Lauro de Freitas – Centro Cultural Lauro de Freitas – 9 a 14/05
– Ribeira – Mercado Iaô – 9 a 14/05
– Garcia – Colégio Edgar Santos – 16 a 21/05
– Plataforma – Teatro de Plataforma – 23 a 28/05
– Vista Alegre – Subúrbio 360º – 30/05 a 4/06
– Abaeté – Malê Debalê – 6 a 11/06
– Liberdade – Ilê Aiyê – 13 a 18/06
Retorno aos palcos
Além das oficinas, o marco da volta presencial do BFB foi o retorno aos palcos em uma apresentação para convidados realizada no último dia 25 de abril, no Teatro Miguel Santana, sede da companhia no Pelourinho.
As apresentações para o público pagante tiveram sua data de início marcada para o dia 29 de abril, às 19h. Neste primeiro momento, os espetáculos ainda não serão diários como ocorriam antes da pandemia, mas, durante três dias da semana: segundas, quartas e sextas.
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