Por: Clara Paixão
Criado em 2004, na península de Itapagipe, o Espaço Cultural dos Alagados foi
construído com o intuito de se tornar uma rede de protagonismo e ação. Ao
oferecer aulas de artes, dança e poesia, a organização com auxílio das
instituições: Santa Luzia, Mangueira, Grucon contribui para a formação de
jovens e adultos através da educação. Com apoio do Governo do Estado, a
entidade também tem promovido eventos culturais a fim de dar oportunidades à
artistas iniciantes e gerar parcerias.
O Espaço Cultural é um local que abrange pluralidade cultural, o qual possui
importância para a vida de jovens e adultos vulneráveis socialmente, como
também para os funcionários. Um exemplo, é a voluntária Tisciane Campos
(23), que alega ter enfrentado dificuldades quando criança devido a sofrer
abusos sexuais e morais. Além disso, a educadora enaltece a sua superação
através da educação e a sua vontade em dar continuidade ao projeto com o
intuito de levar adiante à ajuda a crianças com as mesmas dificuldades que
passou. “Espero que o projeto se expanda, fazendo com que o mundo inteiro o
conheça. Acredito que não seja uma rede só de paredes, mas sim de
humanos”, diz Tisciane.
As salas de aula e o auditório são espaços de discussão responsáveis por
difundir conhecimentos para todos, incluindo os adultos, cuja maioria dos
relatos são voltados ao abuso sexual. Além desses espaços, há o corredor da
poesia – onde através da leitura, crianças e adultos são inseridos para que
dessa forma possam expressar seus sentimentos e compreender suas
angustias. O cinema da praça é outro ambiente originado pela instituição, o
qual utiliza do audiovisual para abordar a cultura da comunidade como forma
de representatividade. E claro, a dança, contra a violência, é uma das
temáticas trabalhadas afim de quebrar com as lacunas entre a polícia e tráfico
de drogas. Uma realidade, até então, presente na comunidade
Segundo o educador, Carlos Santos da Luz (31), após 8 anos de trabalho no
projeto, a dança e a poesia foram as artes que mais o interessou devido ao
conteúdo e a sensibilidade expressa. Ademais, durante a entrevista, o docente
exalta não querer fazer poesia para milhões de pessoas, e sim para aquelas
que terão suas vidas transformadas pela arte. Para ele, é o bastante.
Apesar de ter apoio de instituições parceiras e do governo, o Espaço Cultural
dos Alagados carece de ajuda financeira para realizar as manutenções
estruturais e executar suas atividades.