Funcionários são preparados para atender as necessidades de cada espécie e mesmo com o fechamento durante a pandemia, essas atividades foram mantidas
O Parque Zoobotânico da capital baiana, localizado no bairro de Ondina, tem como preocupação minimizar os efeitos do cativeiro no qual os animais vivem.
Através da manutenção do espaço, mantendo limpo, convidativo e interessante para o bem-estar dos animais, o zoológico busca replicar o habitat natural onde viveriam no meio ambiente.
Zoológico em números
No último levantamento, feito em 2014, o zoológico de Salvador tinha 1.760 animais. Porém a bióloga e gestora do zoológico, Ana Celly Pinho, afirma que o percentual de nascimentos é sempre alto e que esse número já foi superado, sobretudo, com o constante crescimento de répteis.
Além disso, as mortes de animais idosos e a troca entre os zoológicos existentes no Brasil e no mundo ajudam a equilibrar esse número e permitir o controle de natalidade na instituição.
“Os animais como os cágados, jabutis, tartarugas, reproduzem mais de dez, 12, 15 [filhotes]. A nossa cascavel da última vez que pariu, foram quase 30 filhotes, porque os répteis se reproduzem muito mais. Por exemplo, a anta, a onça, o veado-catingueiro, tem um ou dois filhotes. O que equilibra esse número são os animais enviados para outros zoológicos”, explica Pinho.
Gestão e cuidados
Com a reabertura, que aconteceu no último dia 18 de outubro, após um longo período fechado devido à pandemia, a rotina dos animais também volta a contar com a presença do público.
De acordo com a gestora, um cuidado imprescindível para a saúde dos animais presentes no local é a medicina preventiva, realizada pelos veterinários do zoológico.
Os profissionais são responsáveis pela coleta de sangue, vermifugação e todos os processos clínicos que impeçam a aparição de problemas futuros.
“Junto com a medicina preventiva vem a parte de enriquecimento ambiental no recinto, tendo o intuito de fazer com que o animal se sinta cada vez mais confortável nele”, explica Pinho.
Para os animais recém chegados, esses cuidados se tornam ainda mais imprescindíveis, já que estão em fase de adaptação ao novo ambiente. Esses novatos são submetidos a uma série de exames e um processo de quarentena e observação.
Segundo Pinho, caso o animal se encontre sadio e seu comportamento esteja normal, é dado início ao processo de adaptação ao recinto com outros animais de sua espécie.
Alimentação e limpeza
A refeição dos animais é feita de forma balanceada. Há um cardápio pré-definido entre os veterinários e biólogos da instituição, que é determinado de acordo com as necessidades dos bichos.
A gestora afirma que os funcionários são preparados para atender cada tipo de animal, pois além das diferenças nutricionais ainda existem as condições físicas que interferem diretamente no ato de ingerir o alimento.
Segundo os tratadores do setor aviário, Paulo Sérgio e Moisés Santos, a alimentação dos animais se organiza através de cardápios específicos e, dependendo da dieta alimentar construída para cada um, alguns não realizam refeições diárias, em alguns casos, espécies só se alimentam três vezes na semana.
“A alimentação deles é toda separada. Os rapinantes [aves de rapina] só comem segunda, quarta e sexta, incluindo nas refeições carne, frango, essas coisas. Já as aves normais, como araras e guarás, que se alimentam de frutas, ração e peixes, comem todos os dias”, afirma Paulo Sérgio.
Com relação a limpeza dos recintos, a bióloga Ana Pinho relata que os animais são divididos em setores, dependendo do nível de segurança. Por exemplo, espécies como ursos e onças estão categorizados como nível três de segurança, por apresentarem alto risco de morte.
Por isso, para efetuar a manutenção desses ambientes, é necessário que esses bichos mais perigosos sejam cambiados, ou seja, estejam em outra área, normalmente em seu local de alimentação, que é separado dos recintos que geralmente ficam.
Para os outros animais, de níveis um ou dois de segurança, ou seja, baixo nível de periculosidade, a limpeza é feita sem dificuldades, podendo ser efetuada com os animais soltos no recinto.
O trabalho é sempre realizado por uma dupla de tratadores, para que um cuide do outro e, em caso de necessidade, recorram à ajuda.
Pandemia
O período do isolamento social não afetou a rotina dos animais, pois o trabalho dos profissionais que atuam no zoológico seguiu normalmente durante todo esse tempo fechado.
Diferentemente de outros parques zoobotânicos, o soteropolitano não depende de bilheteria, pois é custeado pelo poder público. Por isso, os alimentos e todos os aparatos necessários foram recebidos pela instituição, além da permanência dos funcionários que compõem o corpo institucional.
“A alimentação chegava no dia certo, a quantidade certa, a medicação chegava no dia certo e na quantidade certa. Todos os funcionários permaneceram, ninguém foi demitido, ninguém do corpo de servidores, nem do corpo de terceirizados”, afirma a gestora.
Além disso, a reabertura do zoológico, após esse longo período de portas fechadas, causou impactos nos animais, que agora precisam se readaptar com a presença do público.
As pessoas que vão ao local têm expectativas grandes de chegar perto dos bichos, sobretudo as crianças. A gestora afirma que as filas nos finais de semana são grandes.
O local foi adaptado para receber os visitantes nesse período pandêmico. Muitas áreas do parque estão recebendo cuidados especiais para que os animais fiquem seguros e as pessoas também.
“O que mudou também com o início da visitação é que muitas partes não são visitáveis, com essa questão da pandemia. Então a parte dos primatas tem as correntes, que afastam bastante. Por mais que o recinto seja mais afastado das pessoas, a gente afasta mais ainda com as correntes”, afirma a gestora.
Segundo o público presente no local, o período em que o zoológico esteve fechado fez falta nas programações em família, já que a visitação costumava ser uma ótima pedida para os passeios do final de semana.
Isaías Bonfim, 40 anos, que tinha o hábito de levar seus filhos ao Parque Zoobotânico, relata que esse retorno foi positivo para sua família, atenuando a sensação de falta de liberdade durante o período de isolamento.
“Esse tempo de pandemia estava todo mundo preso sem poder sair de casa, como se fosse um bicho enjaulado. Então a gente agora tá sentindo mais liberdade pra sair, obedecendo a máscara e o distanciamento, mas também com a tranquilidade de sair com a família”, relata Isaías.
Repórteres: Beatriz Adamoli Lopes Monteiro, Carla Maria Astolfo Motta, Fernanda Lima Sobral, Sued Mattos Conceição Gomes e Victória Viana de Azevedo Alves
Revisão: Antônio Netto