O primeiro semestre de 2022 marca o retorno presencial à Universidade
Por Felipe Miguel Lessa
Revisão: Carolina Pena
O ano letivo começa com mudanças significativas na rotina dos alunos e professores da Universidade Salvador (Unifacs). Após meses afastados das salas de aula, chega a hora de retornarem ao campus. A AVERA entrevistou educadores e estudantes sobre a retomada, suas concepções e principais receios durante o processo.
Embora a atuação se difira, ambos os corpos docente e discente da instituição podem atribuir suas opiniões a algo que compartilham a nível pessoal por meio dos encontros virtuais: o impacto do isolamento em seu desempenho.
Respeitando o formato presencial imposto desde março, este é o primeiro momento em que as dependências do polo Tancredo Neves da Universidade são ocupadas efetivamente desde março de 2020. Desta vez, para receber calouros e veteranos com perspectivas diferentes desde sua última reunião nos corredores.
Corpo docente
Kátia Borges é doutora em Literatura e Cultura pelo Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e ministra aulas semanalmente na Unifacs. Como professora, Borges esteve na linha de frente dos afetados pelo distanciamento social.
“Foi uma experiência forte e intensa. Por um lado, sentimos como somos fortes juntos. Por outro lado, percebemos as fragilidades próprias de uma pandemia. Alunos e colegas perderam pessoas queridas no processo e foi preciso pensar no lado humano acima de tudo”, relata a educadora.
Ainda que a jornada tenha sido árdua, a doutora conta que o ensino remoto tornou sua didática acadêmica “mais versátil, adaptável e flexível”.
O sentimento de transformação é compartilhado pelo colega de profissão, Pablo Caldas, professor de Design da instituição e publicitário. Caldas conta que o processo de adaptação ao ambiente virtual foi igualmente dificultoso. ٣٦٥ سكور
“No EAD, a estrutura narrativa fica mais controlada, mas a adaptação foi difícil. Minha memória é fotográfica, então não conseguia memorizar os alunos. Tive que me reapresentar quando voltamos no presencial”, confessa o professor.
Ainda que o retorno efetivo ao modelo presencial seja uma incógnita, a recepção ao formato semipresencial divide opiniões entre os estudantes. Para Borges, contudo, há uma “falsa impressão de perca”. betfinal
A professora argumenta que não há interferências negativas no aprendizado, pois “o formato é complementar e permite o uso de vários recursos”.
“O semipresencial será uma nova forma [de ensino], com novas possibilidades”, concorda o diretor, que não deixa de pontuar a transição como uma realidade necessária: “nada será como antes”.
Corpo discente
Maria Eduarda Gonzaga Matos (18) e Maria Luiza Nascimento Escobar (20) compartilham algo além do primeiro nome: as alunas cursam o terceiro período de Jornalismo na Unifacs e vivenciam, juntas, a faculdade presencialmente pela primeira vez.
“Foi muito empolgante e inovador viver de fato a primeira experiência no campus. Ir à sala de aula, ver o professor ali na minha frente, tirar dúvidas, ver outros colegas… na minha opinião, é muito melhor que o modelo EAD, que me trazia muitas dificuldades de concentração”, afirma Gonzaga Matos.
Já Escobar descreve seu ajuste ao formato digital como algo “rápido”. Apesar de achar que sua presença no campus contribui para um melhor desempenho acadêmico, a distância entre sua casa e a faculdade sempre tornou o deslocamento exaustivo para a jovem.
O relacionamento interpessoal é destaque no depoimento das entrevistadas, um fator que difere substancialmente a dinâmica entre as aulas virtuais e presenciais.
“Já tinha trocado mensagens com alguns colegas que conheci através da formação de grupos para apresentação dos trabalhos on-line e foi maravilhoso conhecer cada um deles, ver seus rosto”, diz Gonzaga.
A aluna acrescenta: “é muito engraçado identificar também as pessoas que antes eu só conhecia pela voz quando ligavam o microfone na aula”.
Escobar reforça que chegou até a fazer amizades durante a época do isolamento, contando que o eventual encontro cara a cara “apenas solidificou esse laço”.
Quaisquer que sejam as preferências quanto à modalidade das aulas, há algo em que mestres e aprendizes podem concordar: a experiência acadêmica não será mais a mesma.
“O mundo mudou. Vivemos em uma realidade ainda se recuperando de uma pandemia grave, então temos que nos adaptar com as salas reduzidas e o uso de máscara até que fique seguro para voltarmos ao normal”, defende Gonzaga Matos.
Para Kátia Borges, essa transformação é bastante explícita. “Eu vejo os alunos valorizando muito mais o aprendizado e bem mais unidos aos professores, no sentido de um amadurecimento dessa relação. Creio que esse é um legado do isolamento”, completa.
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