Mestre em geologia explica o motivo de terremotos serem sentidos em algumas cidades baianas e fala sobre a probabilidade de tremores em regiões de Salvador
Por Larissa Maia
Revisão: Catherine Marinho
Cidades do recôncavo baiano foram atingidas por terremotos que começaram no mês de agosto de 2020, os tremores assustam os moradores e toda a população.
Imagens de imóveis danificados e prateleiras de um mercado sendo derrubadas marcam o fenômeno que os pesquisadores chamam de “enxame sísmico”, que se configura quando um terremoto não ocorre de forma isolada.
Esse enxame foi percebido ainda em algumas partes da cidade de Salvador e Feira de Santana.
O mestre em geologia, Rubens Antonio da Silva Filho, explica que esses terremotos, na realidade, são normais.
“A oscilação com alguns aumentos e diminuições do número e intensidade dos terremotos é comum na história do planeta, aqui na região de Salvador, por exemplo, no final da década de 1910, houve um pulso com alguns terremotos mais sentidos que foram notados na região, isto é normal”
Para o especialista, “o que vem acontecendo em paralelo é um aumento na quantidade de medições dado a instalação de mais aparelhos, e também o grande aumento na circulação de informações”.
Trazendo para a configuração atual da cidade de Salvador, algumas regiões podem sentir com mais incidência os impactos do terremoto. Isso acontece pois, há 190 milhões de anos, esta região, entre a cidade de Salvador e Ilha de Itaparica, acabou afundando e formou o que conhecemos hoje como cidade alta e cidade baixa.
Temos como a cidade alta os bairros de Campo grande, Garcia e Vitória, já a cidade baixa é referente ao Comércio, Calçada, entre outros.
“Uma falha geológica não morre, ela permanece adormecida e sua reativação é comum e esperável”, explica o geólogo sobre a ocorrência de tremores na região.
Pedro Garcia Rosa, agente autônomo de investimentos, mora no Corredor da Vitória, em Salvador, e diz acreditar que a região não está preparada para um abalo sísmico intenso:
“É um evento que não acontece, e se existisse haveria sérias consequências. Vale ressaltar que em períodos de chuva, além do normal, já sentimos com falta de luz. Se esse terremoto tivesse uma escala alta, seria um desastre”, opina Garcia Rosa.
Um caso recente, que ocorreu nesta segunda-feira, 17 de maio, no município de Amargosa, na Bahia, registrou um tremor de terra de magnitude preliminar de 1,8 mR. A informação foi divulgada pelo Laboratório Sismológico (LabSis) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
“Terremotos são as fontes de alívio do planeta terra, temos que aprender a lidar e não provocar esses terremotos. Por exemplo, imaginamos a crosta terrestre como algo firme, mas é apenas uma camada fina que faz uma barragem e precisa se ajustar ao espaço, quando fazemos uma construção em alguma região, precisamos estudar e considerar o peso que colocamos sobre essa crosta, se não sabemos o efeito, isso pode causar um terremoto”, explica Rubens Filho.
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Produção e coordenação de pautas: Márcio Walter Machado