Treinadora e os atletas falam sobre a trajetória da equipe durante a disputa
Por: Clara Oliveira e Vinicius Daniel
Revisão: Frederico Sólon
A Taça das Favelas é um torneio organizado pela Central Única das Favelas, a CUFA, com o objetivo de gerar inclusão, integração social e novas oportunidades para jovens entre 14 e 17 anos que moram em comunidades.
O campeonato é dividido em duas etapas, no primeiro momento ocorre uma disputa regional entre as comunidades, na qual o vencedor representará o seu estado, em um segundo momento, a busca pelo título nacional.
Neste ano, a edição realizada em Salvador, teve como vencedor o time da comunidade do bairro de Sussuarana que é treinado por Lane Carmo.
Em um jogo bem disputado, o time da treinadora venceu a final contra o Jardim Cajazeiras, nos pênaltis, após um empate por 2×2 no tempo normal.
A treinadora comemora a vitória do seu time, mas ressalta que a trajetória até a grande conquista também teve algumas dificuldades.
“Foi um pouco corrido, alguns meninos nós conhecemos na peneira, que aconteceu um pouquinho antes do primeiro jogo, então não aconteceu um treino e nem nada. E antes da final, conseguimos fazer um treino que foi essencial para nos levar a vitória!’’, explica a técnica.
A única técnica
Única mulher a treinar uma equipe entre os times que disputaram o campeonato, Lane Carmo fala sobre a sua experiência em um espaço predominantemente masculino.
“[Percebo] alguns olhares estranhos, alguns comentários, mas nada que me abalasse! Os pais confiam e os jogadores também, e isso já basta’’, afirma a treinadora.
A treinadora comanda o time em conjunto com Marcelo e Mazinho e busca, através da sua vivência, passar ensinamentos chaves para os seus atletas com a finalidade de contribuir para a formação deles, além de despertar neles o senso de coletividade.
“Nós conversamos com eles abertamente! É uma relação muito tranquila, tem alguns puxões de orelha, mas só o essencial! Eles conversam com a gente também e falam quando acham que algo tá errado. E acho que essa é a base, criamos laços, somos família”, detalha Carmo.
Os jogadores reconhecem a contribuição da treinadora para a formação deles, como relata Cauan Souza, volante do time do Sussuarana.
“Eu aprendi que a união faz a força e que a humildade na frente de tudo’’, conta o atleta.
Disputa Nacional
Depois de vencer a etapa regional, o Sussuarana disputou a etapa nacional do campeonato que acontece no Centro Esportivo Vila Manchester, em São Paulo, desde o início do mês de novembro e que tem sua final marcada para o próximo sábado (19).
A equipe baiana ficou em terceiro lugar no grupo que tinha Rio de Janeiro, Alagoas e Pernambuco, não se classificando para a etapa seguinte.
Porém, encerram a competição com um resultado positivo de 2×1 contra o time pernambucano, com gols de Cauan Souza e Ryan Rocha.
Passada a experiência, David Souza, jogador do time soteropolitano classifica essa experiência como algo inesquecível.
“Foi ótimo, sensação de ser campeão é sempre bom e vim representar a Bahia em São Paulo é gratificante demais’’, declara Souza.