Conheça mais sobre a prática esportiva que domina as praias de Salvador
Por Leonardo Góes
Revisão: Silvana Pinho
O surfe é originário da Polinésia, um conjunto de ilhas do Pacífico. Acredita-se que o esporte surgiu quando pescadores perceberam que usando uma tábua de madeira, era mais fácil chegar à margem do mar, deslizando sobre as ondas.
Em 1778, o navegador inglês James Cook chegou ao arquipélago do Havaí e levou a ideia do esporte para a Europa. Na década de 50, o surfe ganhou grande popularidade nos Estados Unidos.
O ingresso do surfe no Brasil se deu por meio dos trabalhadores de companhias aéreas que, ao entrar em contato com o surfe, trouxeram o esporte para o país. Iniciando pela praia paulista de Santos e logo caindo nas graças dos cariocas, o surfe rapidamente se espalhou pelo litoral brasileiro.
Surfista nas horas vagas, Tarcio Nery diz que a prática do surfe em sua rotina mistura a importância dos exercícios físicos com a diversão.
“Além de me manter ativo e saudável, tem a questão emocional, alivia o stress da semana de trabalho e a questão social também, pois é o momento que estou com meus amigos”, afirma Nery.
Nery era vetado por seu pai de surfar, pois o esporte sofria bastante preconceito na época, mas que tudo isso mudou por conta da dimensão que o surfe alcançou com o passar dos anos, se tornando um esporte olímpico.
Tarcio justifica que o surfe é um esporte fantástico e dá a oportunidade de praticar atividade física e contemplar a natureza de várias formas. “A sensação de surfar não pode ser descrita, precisa ser sentida”, relata Nery.
Pai de Gustavo Nery e Guilherme Nery, relata que quando está na água com seus filhos, se sente “a pessoa mais feliz do mundo”. “Hoje o maior prazer que tenho é surfar com meus filhos. Saber que consegui passar para eles o gosto pelo esporte, me deixa realizado”, completa o pai orgulhoso.
O filho mais velho, Gustavo Nery, afirma que se sente privilegiado por surfar com a família e que vai levar o surfe para o resto de sua vida.
“Lembro que um dia meu pai pediu para eu desenhar uma prancha. Eu desenhei uma prancha com flamas amarelas e vermelhas. Depois de algum tempo, a prancha que eu tinha desenhado estava na minha frente. Isso me marcou muito, eu fiquei sem acreditar que meu pai tinha mandado fazer aquela prancha”, conta o surfista.
Gustavo fala que surfa antes do horário de sua aula, relatando ser um “privilégio para a mente”. “Acordo mais cedo para conseguir surfar. A sensação é muito boa, eu sinto que todo o resto do dia pode ser ruim que não vai afetar em nada”, diz Nery.
Ele afirma ainda que o sentimento de estar surfando é de querer sempre melhorar, onda após onda, e que a única coisa de que vem à cabeça é surfar a próxima onda.
O caçula, Guilherme Nery, diferentemente do seu irmão e do seu pai, preferiu o bodyboard, prática em que se desliza pela onda com um outro formato de prancha, e vai às águas todos os finais de semana. “Aquele ambiente do mar é relaxante. Coloco para fora do meu corpo a energia ruim, é algo incrível para o corpo e para a mente”, expõe Guilherme.
O bodyboarder explica que, de primeira, o esporte parece ser difícil, mas com os treinos, o desenvolvimento é muito rápido. “É muita adrenalina, você tem que pensar muito rápido. O nervosismo varia com o tamanho e a potência da onda, mas tem que manter a tranquilidade, descer a onda e apreciar o momento”, relata Guilherme.
Professor e atleta de bodyboard, Uri Valadão fala que sua relação com as águas é de total conexão e amor. “Minha mãe fez o meu parto dentro da água. Então foi natural para mim escolher um esporte que envolva as águas.”, declara Valadão.
Valadão relata que começou a surfar quando tinha dez anos, por conta de seu irmão, e que adotou o estilo de vida, não se vê mais sem ir à praia e praticar o bodyboard.
O campeão mundial e pentacampeão brasileiro alega que só pensava em se divertir com seu irmão, não pensava em virar surfista profissional e conquistar os títulos. “As conquistas são momentos marcantes, mas o mais legal é a trajetória, o quanto eu percorri para chegar aos títulos. Foi uma sensação fantástica”, relata o atleta.
O surfista recomenda a prática do esporte por se tratar de um esporte divertido, por estar em contato com a natureza, e por ser intenso, por trabalhar com o corpo inteiro.
“Através da minha escolinha, Escolinha Uri Valadão (@escolinhauv), eu consigo mostrar que é um esporte acessível. Os materiais, tanto do surfe quanto do bodyboard, são caros. Mas a comunidade do surfe é muito unida, as escolinhas acabam fornecendo os materiais, dando oportunidade para as pessoas conhecerem o esporte, que acaba crescendo cada vez mais”, relata Valadão.