Versões tradicionais e online dos brechós viraram alternativa de negócio e alternativas viável para looks “fashionistas”
Por Monique Sousa
Revisão: Erika Matos
O aumento dos preços nas lojas de fast fashion gerou um empecilho de compra ao consumidor. Em Salvador, os brechós se tornam uma alternativa viável para pessoas que querem garantir peças únicas a preços acessíveis e para quem busca oportunidade de garantir uma renda extra na área.
Todas as formas de garantir uma renda extra são bem-vindas, entretanto, conseguir ganhar um dinheiro adicional requer planejamento e investimento. Thais Ziberman, dona do @barganhei_, conta que começou o brechó em 2018 por questões financeiras.
“Estava saindo do estágio e ganhei algumas roupas e comecei a vender no Facebook e WhatsApp, depois comecei a comprar peças em bazares, instituições e o brechó foi crescendo aos poucos’’, conta Ziberman.
Livre de rótulos
Ainda há uma ideia de que brechós vendem “roupas de defunto”, “peças com energia ruim” e “muitas marcas de uso”. A empresária conta que todas as peças que vende passam por um longo processo de curadoria:
“Todas as peças que trabalho tem bastante qualidade. Realizo o trabalho de curadoria em todas as peças, que consiste em lavar, costurar se precisar, tirar manchas, fazer reparos para que a peça fique boa para o uso, trocar botões, zíperes, a curadoria varia de uma peça para outra “, explica Ziberman.
A dona do brechó ainda conta que resgatar essas peças e ainda realizar um trabalho de loja on-line é extremamente cansativo e tem muitos custos com embalagem, porcentagem do cartão, internet, produtos de limpeza.
Ziberman também diz que quem vende na Shopee, paga 18% por produto para a plataforma, são diversos custos que jamais garante R$40 de lucro.
A mudança de hábitos entre os consumidores vem crescendo dia após dia, relata Sasha Morbeck, estudante e cliente deste mercado, ela reforça como o comércio conhecido como second hand ganha força devido à preocupação com a sustentabilidade:
“Com a popularização desse mercado reutilizável, eu senti que poderia encontrar tudo que eu precisaria e fazer um consumo mais consciente”, comenta Morbeck.
Vinicius Sales, publicitário que é ligado em moda, conta que gosta de comprar em brechó não só por conta dos preços que podem ser acessíveis, mas por conta da qualidade das roupas que ele encontra:
“eu gosto da prática do slow fashion, roupa não deve ser visto como algo descartável. O brechó é a comercialização de peças de longo período de existência e que são utilizadas pelas pessoas continuamente”, relata Sales.
“Comprar em brechó é fazer consumo consciente, por justamente fazer parte de uma espécie de ‘reciclagem’ de peças de roupas que já não serve para algumas pessoas, mas para outras tem um bom destino”, finaliza o publicitário.
De acordo com um levantamento realizado pelo Sebrae, houve um aumento na abertura de estabelecimentos que comercializam produtos de segunda mão, como os brechós online, de 48,58% nos primeiros semestres de 2020 e 2021.
“Com a popularização dos brechós online nos últimos anos, cuidar da roupa antes de repassar se tornou uma nova marca para o conceito de usados”, completa Morbeck.