Como os estabelecimentos estão tentando se reerguer após a retomada das atividades presenciais
Por: Alexandre Falcão, Beatriz Meneses, Eider Queiroz, Franciely Gomes e Maria Flávia Mota
Revisão: Antônio Netto
Com a pandemia do Covid-19, diversos setores e negócios tiveram que fechar suas portas por um longo período e “se virar nos 30” em busca de alternativas de vendas. Mercados tradicionalmente físicos foram muito afetados, como os sebos, lojas especializado na venda de livros usados.
Como exemplo, em Salvador, o tradiconal Sebo João Brandão, localizado no centro da cidade, fundado em 1969.
A perspectiva de vendas online não era algo que se tinha em vista para os administradores desses negócios. O que ajudou a melhorar os índices de vendas foi a entrada no mundo virtual, principalmente durante a pandemia. A presença online se tornou essencial para manter empreendimentos, que eram, em muitos casos, apenas físicos.
Uma das solução para essas empresas foi a presença digital na plataforma Estante Virtual, marketplace especializado em livros usados, em que sebos podem abrir seu acervo para a venda online.
Em 2020, a Magazine Luiza adquiriu a Estante Virtual, pertencente anteriormente à Livraria Cultura, por R$ 31,1 milhões. O objetivo da Magalu com a compra foi expandir as suas categorias de venda, indo de eletrodomésticos a livros e até mesmo roupas.
Do físico para o digital
Ainda que as vendas online fossem o suficiente para alguns sebos “segurarem as pontas”, alguns acabaram deixando de existir, pelo menos fisicamente.
Esse é o caso do Porto dos Livros, sebo que se localizava na Barra, e precisou ser reconfigurado devido à pandemia, tornando-se apenas um comércio online. Hoje a empresa está presente tanto na Estante Virtual quanto em seu próprio site.
Em entrevista ao portal Agenda Arte e Cultura, Carla Urbanetto, proprietária do estabelecimento, conta que as vendas online representam apenas 30% do que costumavam faturar com a loja presencial.
Segundo Urbanetto, infelizmente não há previsão do mercado voltar à sua unidade física, já que os lucros não são suficientes para custear o aluguel do espaço.
Pesquisas já apontam crescimento no mercado de produtos usados, principalmente no mundo da moda, porém a indústria literária não está sendo afetada da mesma maneira, principalmente no Brasil.
Resultados da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró-Livro em parceria com o Itaú Cultural, apontam que 57% dos soteropolitanos são leitores. Considerando, neste caso, leitor alguém que leu um livro pelo menos três meses antes da captação dos dados.
Ainda na mesma pesquisa, quando perguntados sobre onde costumam comprar livros, cerca de 41% dos entrevistados responderam em livrarias físicas e apenas 12% consumiam livros comprados em sebos.
A apuração destes dados foi feita antes da pandemia, durante Outubro de 2019 e Janeiro de 2020. Nessa época, a cidade ainda tinha grandes livrarias como a Saraiva e o comércio online não era a principal opção de compra para os leitores.
Falta de incentivos?
Em 2021, o mercado editorial brasileiro cresceu quase 30%, porém a quantidade de novos leitores não chegou com tanto destaque em sebos mais tradicionais, como no Sebo João Brandão.
Viviane Brandão, funcionária do local, conta que não percebeu novos leitores frequentando a loja, principalmente devido a falta de incentivo governamental, que segundo ela, explora mais os pontos turísticos do centro da cidade de Salvador.
Brandão conta que a Rua Chile, onde fica localizado o estabelecimento, é feita para atrair turistas. Porém, apesar dos investimos, os comércios da região estão fechados. Isso porque a maioria deles desconhecem esses empreendimentos locais.
“É uma ilusão dizer que o Hotel Fasano Salvador e o Fera Palace Hotel ajudaram no turismo da região. Os hóspedes já chegam com os passeios certos. Eles não circulam pela rua”, relata Brandão.
A funcionária também diz que sente falta de divulgação por parte do público, que já está familiarizado com os sebos. No caso, falta essas pessoas ensinarem para a nova geração sobre a existência e a importância desses estabelecimentos.
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