Autor Breno Fernandes teve inspiração para escrever após desafio de editor
Por Maiara Giudice
Revisão: Luísa Mendes
O livro “Se eu pudesse, Danila, te levava pra tomar banho de mar em Guarajuba” foi escrito pelo soteropolitano Breno Fernandes e lançado pela editora Caramurê em 2021. A obra conta a história de Cleolauro e Danila e se passa na cidade de Salvador com cenas ambientadas entre os bairros de Tancredo Neves e Bela Vista, citando diversos temas sociais observados no dia a dia da população soteropolitana.
Cleolauro, um estudante do ensino médio e morador da Polêmica, trabalha como entregador de aplicativos para complementar a renda e ajudar a família. ‘Cleo’, como é chamado no livro, tem alguns sonhos: mudar de vida, comprar uma Harley-Davidson e morar no Itaigara, mas, ao se aproximar de Danila, percebe que conquistar a garota também está na lista.
O livro acompanha o protagonista tendo que lidar com o racismo e as consequências da desigualdade social no país, como dificuldades financeiras e de acesso ao lazer, mobilidade urbana e saúde pública precárias.
O leitor acompanhará esses desafios nas 140 páginas de “Se eu pudesse, Danila, te levava pra tomar banho de mar em Guarajuba”, em que o autor mantém as gírias e os cenários que são facilmente reconhecidas por quem mora em Salvador.
Breno Fernandes, escritor da obra, conta que começou a escrever ainda criança após conhecer a coleção de livros “Série Vaga-Lume”, focada no público infanto-juvenil. Ele, que até então lia apenas quadrinhos, descobriu seu amor pela escrita.
“Lembro que, quando eu era criança, descobri nos livros a folha de crédito, e eu vi os endereços das editoras. Eu pensei que se eles botam o endereço ali, é porque eles querem que a gente mande, e com nove anos de idade comecei a escrever e a mandar minhas estórias”, relembra o escritor.
“Essa Salvador que está no livro é muito parecida com a Salvador da vida real e, naquilo que não é parecido, seria possível ser. É o que está melhor retratado não só na paisagem, mas no falar e nas condições de trabalho, engarrafamentos e na vida cotidiana, do cara que vende no carrinho de café e toca o hino do Bahia ao pessoal na Tancredo Neves que fala com gírias de Wall Street”, conta Fernandes.
O autor revela que a ideia do livro surgiu quando o editor da Caramurê, Fernando Oberlaender, o propôs um desafio, sugerindo um romance que tivesse a economia como o tema central da história. Por se considerar um fã de desafios e perceber que o tema é visto como “chato” pelo público, decidiu escrever uma comédia romântica como uma forma de mudar essa ideia. Além do tema sobre economia, para ele, escrever contos em Salvador também é importante para mostrar que a cidade também é palco de boas estórias.
“Sempre começo pensando ‘ah, isso aqui eu termino rápido’, mas criar estórias, para mim, é muito fácil no começo, você pensa em personagens, em situações curiosas e inusitadas, abre portas, mas há uma hora que você precisa amarrar e conduzir para um destino, essa é a parte difícil. Por um momento, fica parecendo que é impossível, mas tem uma hora que vai. Começar é sempre o fácil, terminar é sempre o difícil”, assume Fernandes sobre seu processo de criação.