Por Ana Clara Ferraz
Estudante de Jornalismo da UNIFACS  

Desde antes da chegada dos portugueses no Brasil, o algodão já tinha uma conexão tanto com a moda quanto com a alimentação. A planta já era dominada pelos índios através do plantio.

Como semente de maior aproveitamento no mundo, era convertida em fios para a confecção de redes e cobertores, e com aproveitamento do algodão também na alimentação e na saúde, através da utilização das suas folhas na cura de feridas.

Mas foi no Nordeste, em 1760, que a produção comercial do algodão começou. O Maranhão foi destaque, exportando para a Europa as primeiras sacas do produto. Atualmente, o algodão ainda é primordial na confecção das mais diversas vestimentas, principalmente pela textura agradável do tecido produzido a partir da planta e na indústria alimentícia.

ABAPA – ASSOCIACÃO BAIANA DOS PRODUTORES DE ALGODÃO

Destaque na produção do algodão no estado da Bahia, a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (ABAPA) atua há quase duas décadas tanto no ramo alimentício, na produção de ingredientes para nutrição animal, óleos comestíveis e refinados, quanto na moda – proporcionando tecidos únicos e prestigiados no ramo.

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Com empresas como a ICOFORT, maior empresa atuante no Norte e Nordeste em processamento de caroço de algodão, no ramo alimentício, e a marca “Sou de Algodão” no campo da moda, a Associação Baiana dos Produtores de Algodão inova sempre em sua produção e garante um destaque e grandes diferenciais no mercado.

Diversos materiais são feitos a partir da planta denominada algodoeiro. Entre eles, o biodiesel, feito a partir da fibra do algodão, essencial para combustíveis utilizados em caminhões e outros veículos.

O estado da Bahia é o segundo maior produtor do Brasil de algodão. Na safra produzida entre 2018 e 2019, a fabricação estimada foi de 1.489.626 toneladas. O destino da imensa produção é para países como, além de outros, China e Indonésia, gerando uma movimentação financeira total de US$ 41 bilhões.

Ao contribuir para a produção e distribuição de mercadorias produzidas a partir do algodão, a ABAPA gera 500 empregos diretos e 1200 indiretos, sendo de grande importância para a valorização da mão-de-obra regional.

O ALGODÃO E O RAMO ALIMENTÍCIO

Apesar do reconhecimento geral das utilidades do algodão ser voltado para fios e tecidos, a aplicabilidade do uso da planta na produção alimentícia é variada.

A semente do algodão, preservada após a retirada do caroço, é um importante subproduto da planta. Ela serve para a produção de inúmeros alimentos e componentes básicos, como os óleos comestíveis e brutos, além da farinha de semente de algodão.

A casca da planta também é utilizada nas rações de gados leiteiros com a finalidade de aumentar o volume do alimento consumido.

Com um aproveitamento elevado da planta, a fibra do algodão é, também, matéria-prima de alimentos como margarina e gordura vegetal, utilizada principalmente para a produção de sorvetes.

A MODA E A UTILIDADE IMENSURÁVEL NA INDÚSTRIA TÊXTIL

A indústria têxtil, responsável pela produção majoritariamente de tecidos e fios, utiliza o algodão como matéria-prima essencial para produtos de qualidade superior e é considerada a segunda indústria que gera mais empregos no Brasil.

Com uma onda sustentável dominando o mercado da moda, a atenção voltada para o algodão como ingrediente essencial para a qualidade de marcas de roupa alavancou a utilização do material tanto na produção quanto no discurso sobre o uso.

Usado em calças jeans através do denim das peças azuis, meias, camisas e toalhas de banho, a planta apresenta uma versatilidade graças à possibilidade de expandir o seu uso através da forma reciclada, já que seria jogado fora durante a fiação, tecelagem ou processo de corte na produção de fios usados em crochê e tricô.

Em uma época de sensação de pertencimento através de produções de moda artesanais, o algodão se mostra cada vez mais em destaque nos discursos de marcas nas mídias sociais e propagandas.

Na edição de 2019 da São Paulo Fashion Week (SPFW), um dos maiores eventos de moda do Brasil, o estilista Isaac Silva preparou sua coleção com peças feitas com algodão e outros tecidos naturais. A sustentabilidade foi, talvez, o ponto mais abordado do evento, tanto nos discursos quanto nas produções de acessórios e roupas.

IMPORTÂNCIA DO ALGODÃO NA MODA

No aspecto mundial, o consumo de tecidos sintéticos aumenta diariamente. Devido à praticidade na produção, certas empresas escolhem matérias-primas ecologicamente incorretas.

No entanto, cada vez mais, planos de ações estratégicas vêm sendo aplicados com o objetivo de unir toda a cadeia de produção, do beneficiamento até a decisão de compra do consumidor final. Colocando em prática a conscientização sobre o uso benéfico do algodão como tecido.

A execução de um plano que visa o aumento no consumo de algodão no cenário nacional afeta tanto os produtores quanto os consumidores e aqueles responsáveis por disseminar ideias através dos meios de comunicação e mídias sociais. É, então, gerada uma sensação de pertencimento através de uma produção consciente e, muitas vezes, artesanal.

Entre tantas matérias-primas obtidas, além do impacto social através da geração de empregos e desenvolvimento da região, as positivas consequências do plantio de algodão enriquecem o estado da Bahia e trazem produtividade, visibilidade e impactos positivos nos mais diversos aspectos.