Em live promovida pela Unifacs, urbanista João Pena e outros convidados debatem o Racismo Ambiental, exploração, raça e moradia
Por Marcos Nascimento
Revisão: Ismael Encarnação
Na última sexta-feira (7), aconteceu a live com tema pouco abordado, o “Racismo ambiental”, sob mediação das professoras Priscila Carvalho e Suzana Coelho. Como convidados, estavam presentes o Doutor em Engenharia Industrial Thiago Novaes e o Doutor em Urbanismo João Pena. O evento foi realizado através da plataforma Blackboard, da Unifacs.
O Doutor em Urbanismo iniciou o debate explicando o processo de ocupação territorial do Brasil e o racismo estrutural, que também contribui para as desinências territoriais. Nessa linha, falou-se sobre a criação das empresas de exploração de povos não-brancos, que auxiliaram para a desigualdade entre raças, acaba se tornando assunto.
“A definição de uma raça superior e uma raça inferior foi fundamental para legitimar a exploração de corpos negros, com a legitimação do Estado, da sociedade e da Igreja”, explica Pena.
Ainda hoje há diferença de tratamento na sociedade?
Para Pena essa diferença no tratamento de raças na sociedade ainda existe. O urbanista faz um comparativo sobre como a polícia e o Estado diferem as diligências entre bairros pobres, considerados negros e bairros de classe elevada, considerados brancos.
“Vocês imaginam uma operação policial na Graça, na Barra, na Vitória, no Horto Florestal, em Patamares ou em Alphaville, com a execução de 25 pessoas de uma vez?”, questiona o Doutor em Urbanismo.
O urbanista fazia menção à chacina ocorrida na localidade do Jacarézinho, no Rio de Janeiro, na última quinta-feira (6).
“No Brasil, lutamos para sobreviver, não para viver”, completa Pena, referindo-se aos povos negros.
Poucos momentos depois, o Doutor em Engenharia Industrial, Thiago Novaes, exibe um vídeo de uma moradora do bairro do Nordeste de Amaralina, em Salvador, com a denúncia de esgoto a céu aberto na rua onde mora e provoca a reflexão sobre as condições de moradia dos bairros periféricos.
Movimento ambiental e racismo
O movimento ambiental surge na Carolina do Norte, quando grupos manifestaram-se contra a fundação de um aterro de resíduos de “Bifenil-Policlorado” em um bairro negro da cidade de Warren County, em 1970, nos Estados Unidos.
O fato é que três quartos desses aterros tóxicos já estavam situados em bairros negros, o que indicava descaso com os moradores.
O processo de favelização, lixões a céu aberto e todas as demais questões abordadas por Pena e Novaes reafirmam uma necessidade de maiores discussões para que se compreenda o lugar vivido além do fator geográfico, mas também político e humano.
Novaes, por sua vez, afirma que o racismo ambiental se apresenta no dia a dia, no momento em que uma comunidade é privada de saneamento básico, por exemplo.
No trabalho, pode se encaixar em condições desleais, estruturas análogas à escravidão, expondo os trabalhadores às condições insalubres e consequentemente inseguras.
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Produção e coordenação de pautas: Márcio Walter Machado