Atletas e profissionais da saúde mental defendem a presença do acompanhamento psicológico na área esportiva
Por: Luiz Guilherme Leal
Revisão: Antônio Netto
Quando se fala sobre a rotina e os desafios de atletas de alto rendimento, automaticamente imagina-se algo relacionado às questões físicas, como treinos, dieta, lesões e disciplina. Porém, há também os obstáculos mentais e emocionais.
Tem sido comum relatos de desportistas sobre como as cobranças de rendimento na vida profissional que acarretam em problemas como ansiedade e, em alguns casos, depressão. Por isso, a figura de profissionais da psicologia na rotina de treinos destes atletas tem se tornado cada vez mais necessário.
Atleta de basquete da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Pedro Gil Flores destaca a importância de um acompanhamento com um especialista para um esportista profissional.
“Precisa de um psicólogo ali o tempo todo, conversando, auxiliando. Isso ajuda bastante e é essencial, porque se sua mente está boa, seu psicológico está bem, você consegue trabalhar melhor, treina melhor. E isso é essencial na vida de um atleta”, afirma Flores.
Flores opina que a responsabilidade de buscar um auxílio qualificado não deveria ser apenas individual dos atletas mas, também, uma obrigação dos clubes e federações em ofertar tal acompanhamento para seus jogadores.
“Clubes grandes, independente de ser futebol, basquete, vôlei, todos precisam de psicólogo particular. Você trabalha melhor e aí vem os troféus e medalhas. Tudo flui”, complementa o esportista.
Para a psicóloga Ninna Wilena Mercês, especialista em depressão e transtornos de ansiedade, o psicoterapeuta tem relação direta na preparação do atleta.
“É parte do papel do psicólogo preparar o atleta para uma grande competição, pois há um cenário de medo e tensão oriundos de cobranças externas. A ansiedade pode paralisar e comprometer a saúde e, consequentemente, o desempenho da pessoa. Escuta coletiva qualificada ou atendimentos individuais são métodos que o psicólogo pode utilizar para tratar essas questões”, declara Mercês.
Mercês também ratifica a necessidade de se ter um especialista para os jogadores. “Defendo e creio que o psicólogo do esporte, a serviço da ciência, pode sim trazer grandes contribuições ao grupo de atletas, uma vez que estes são biopsicossociais [que também trata de causas psicológicas e sociais, não apenas biológicas]”, afirma Mercês.
O zagueiro Maurício Ramos, que atualmente está na Portuguesa Santista, relata que as dificuldades financeiras são uma grande adversidade, principalmente para clubes menores, na implementação de um profissional da terapia nos clubes.
“O investimento é menor, então se um clube fizer uma parceria com um psicólogo, show!”, comenta Ramos. O jogador também relembra dos momentos difíceis que passou e crê que, com um auxílio de um psicólogo, as coisas poderiam ter sido diferentes.
“Eu estava na Portuguesa Santista e lá também não tinha trabalho de psicologia, e isso fez com que, no final, nosso time caísse muito de rendimento. Se tivesse um psicólogo, uma pessoa para ajudar mentalmente, para você fortalecer sua mente, seus pensamentos positivos, acho que a gente iria longe”, expõe Ramos.
O jogador comenta que é a favor da implementação da psicologia no esporte e almeja que, num futuro próximo, essa área seja peça crucial dentro do esporte
“Quando você tem um psicólogo no clube, seu rendimento, seu alto nível, sua autoconfiança vai lá em cima, porque sempre aquilo que você não quer falar para as pessoas, você conversa com ele. Eu acho fundamental isso nos clubes e tomara que daqui pra frente possa ter a parte da psicologia nos clubes”, declara Ramos.