Iniciativas como Acolher Psi, Linhas Abertas e Rede Afeto prestam auxílio gratuito para ajudar a população em isolamento social
Por Catharina Dourado
Revisão: João Greco
Com o agravamento do coronavírus, a regra é clara: fique em casa, se puder. Por isso, muitas pessoas estão passando por grandes mudanças de vida e rotina, o que pode causar angústia, medo, ansiedade e outros desdobramentos psicológicos.
Diante desse cenário, alunos e egressos da Unifacs têm criado iniciativas de acolhimento psicológico gratuito para auxiliar a população durante a quarentena.
Idealizado pela psicóloga clínica Isabella Barreto, um desses projetos, o Acolher Psi, oferece sessões de acolhimento psicológico de aproximadamente 20 minutos por ligação telefônica ou vídeo-chamada.
“É algo mais pontual, não é uma psicoterapia. É um momento de escuta para tentar minimizar o sofrimento das pessoas, entendendo que estão passando por muita pressão, sobrecarga, falta de afeto”, explica Barreto.
Em funcionamento desde o final de março, a iniciativa conta com um time de oito psicólogas, todas formadas pela Unifacs, e presta serviço exclusivo a mulheres com mais de 18 anos.
A preocupação com esse público deve-se aos índices de violência doméstica e abuso sexual, tendo em vista que, em isolamento social, muitas mulheres passam dias inteiros convivendo com seus agressores.
“Pensei, então, que deveria fazer algo por elas. E a procura tem sido imensa, desde estudantes universitárias, jovens frustradas até pessoas de 70, 80 anos que estão sozinhas dentro de casa”, conta a psicóloga.
“O projeto tomou uma dimensão tão grande que recebo até ligações do interior do Rio Grande do Sul”, completa.
Simultaneamente, o projeto Linha Aberta também tem acolhido muitas pessoas durante a quarentena.
“No início, o grupo atendia cerca de 80 pessoas por dia. A procura tem sido imensa, mas diminuiu um pouco, de uma semana para cá, porque as pessoas estão se acostumando com o isolamento e até porque muitas pessoas não estão levando em conta o isolamento”, avalia a psicóloga Fernanda Vaz.
Atual pós-graduanda em neuropsicologia na Unifacs, Vaz atua no projeto junto a outros 13 psicólogos e ex-alunos da instituição, oferecendo, também, acolhimento psicológico à população em quarentena através de ligações telefônicas.
“Um colega viu uma proposta semelhante no Rio de Janeiro, logo no início da pandemia, e divulgou a ideia. Achamos maravilhosa porque muitas pessoas estão sofrendo as consequências do isolamento”, diz.
“Tudo que a gente está vivendo nos causa muita ansiedade, muito medo, muita incerteza. Lidar com essa perspectiva da morte, da doença, da falta de trabalho, com o confinamento pode ser difícil para muitas pessoas.
Acompanhamento psicológico pode ajudar para que esses indivíduos consigam traçar estratégias para conseguir passar esse momento de uma forma mais plena”, explica Vaz.
Pensando nisso, surgiu, também, a Rede Afeto – que funciona de sigla para Rede de Apoio, Fortalecimento, Escuta e Troca de Orientações.
Idealizado pela assistente social, coordenadora e professora do curso de Serviço Social da Unifacs, Suzana Coelho, o projeto promove um espaço de acolhimento e escuta para mulheres através das redes sociais Instagram e WhatsApp.
A iniciativa reúne 20 estudantes de Psicologia, Serviço Social e Medicina, que se uniram a partir do surgimento de demandas sobre abuso e exposição sexual de meninas dentro da universidade.
Com a pandemia do coronavírus, o projeto se fez ainda mais necessário e foi colocado em prática. “Estar junto faz parte do nosso papel enquanto formadores. É um momento delicado, que ninguém viveu antes, e precisamos enfrenta-lo e superá-lo juntos”, avalia a coordenadora.
*Mais informações e números telefônicos disponíveis no Instagram de cada projeto: Acolher Psi (@acolher__psi), Linha Aberta (@linha.aberta) e Rede Afeto (@rede.afeto).