Wilson Kraychete Júnior, da Salvador Produções, conta como estão se adaptando para as festas fechadas caso o Carnaval oficial não aconteça
Um ano sem o tradiconal Carnaval de Salvador tem gerado grandes expectativas do povo soteropolitano, e de vários lugares do mundo, para a realização do evento 2022. Porém, sem a estabilização dos casos de Covid-19 na cidade, o Governo Estadual e a Prefeitura de Salvador ainda não têm uma decisão tomada sobre o retorno da festa para o próximo ano.
Os órgãos tem recebido forte pressão do Conselho Municipal do Carnaval (Comcar), produtores de eventos, comerciantes e vereadores, que pedem o retorno da maior festa de rua do país. Em recente entrevista, o Governador Rui Costa declarou que não conseguiria realizar um Carnaval sabendo que existem em torno de dois mil casos positivos de Covid-19 no estado.
Para além disso, o Carnaval de Salvador é conhecido por atrair uma grande quantidade de turistas nacionais e internacionais. Situação que preocupa as autoridades sanitárias, principalmente com o crescente número de infectados pela Covid em países como Estados Unidos e, também, da União Europeia.
Para evitar a realização de eventos no período carnavalesco, o Governador declarou ainda que quem fizer carnaval de rua não contará com o apoio da Polícia Militar.
“Eu não tomarei medida de liberação de carnaval ou qualquer outro evento público e estou informando as prefeituras. Quem fizer atividade de rua, desrespeitando o decreto, não terá a participação do Estado e da Polícia Militar”, declarou Rui Costa.
Carnaval “Indoor”
Sem a definição concreta do retorno do Carnaval de Salvador, o setor de eventos vem procurando maneiras de reinventar as festividades no formato “indoor”.
Wilson Kraychete Junior, da Salvador Produções, explica que “o plano B, se o Carnaval não acontecer, são as festas fechadas na data do Carnaval e com quantidade de público de acordo com a numeração dos órgãos”.
Como exemplo de eventos já divulgados, a Salvador Produções pretende realizar um carnaval indoor no Wet’n Wild; a parceria entre o Grupo San Sebastian e a produtora IESSI realizará o mesmo formato no Centro de Convenções, que contará com trios de diversos artistas, incluindo Ivete Sangalo.
O mercado do Carnaval
Não são apenas os foliões que saem perdendo sem a realização do Carnaval, há diversos setores e pessoas que dependem dos lucros da festa. Vindo de profissionais com experiência na área, fica claro o prejuízo gerado pela falta do evento, que já contabiliza dois anos. O empresário Wilson Kraychete Júnior comenta que “a perda é muito grande”.
“Você pensa em quantas famílias dependem da receita do carnaval. Tem trio elétrico, tem banda, tem cordeiro, tem quem reforma o abadá, tem o turismo, os restaurantes que aumentam consideravelmente a receita. Tem o camarote, a infraestrutura, a montagem, as atrações, as pessoas que trabalham da limpeza ao barman, os restaurantes dentro dos camarotes. A perda é enorme, impacta sim, financeiramente na economia da Bahia e de onde faz Carnaval”, alerta Júnior.
O vendedor de eventos Luiz Flávio Paranhos explica que os prejuízos financeiros não são apenas no período do Carnaval.
“O Carnaval de Salvador começa em setembro, com as festas do calendário de Verão da cidade: ensaios, festivais, réveillons, lavagens e feijoadas, carnaval e as ressacas. O retorno gradativo dos eventos representa pra mim muito mais que vendas das festas, blocos e camarotes. A cidade se movimenta, a economia informal pulsa, voltam os contatos com os clientes e o bolso começa a se reerguer”, declara.
Paranhos ressalta que “na impossibilidade de fazer festas por causa da pandemia do Covid-19, as vendas caíram 100%. Com pandemia não tem festa, não se vende e não se ganha.”
A visão do folião
Para os amantes do Carnaval, dois anos sem festa é uma grande infelicidade, porém a preocupação com a saúde ainda é muita.
O soteropolitano, amante da festa, Matheus Vilas Boas deu sua opinião sobre o possível cancelamento do maior Carnaval de rua do planeta.
“Respeito a ciência, do ponto de vista sanitário, o que a ciência achar mais viável estou concordando, mas é ingênuo da nossa parte acreditar que não vamos ter um carnaval. Provavelmente não vamos ter um carnaval no mesmo formato que costuma ser, festa de rua, mas enfim, empresas e produtores grandes já estão se organizando, se mobilizando e vendendo suas festas privadas com programação semelhante a de um carnaval, com trio, semelhante até de um festival”, declara Vilas Boas.
Para o folião, não seria efetivo o controle da verificação dos vacinados nos circuitos. Matheus conclui que “não vai funcionar” essa medida. “Chega a ser fantasioso, talvez até ingênuo de quem não conhece carnaval, é impossível ter um controle de esquema de dose de vacina”, opina.
Repórteres: Caroline Xavier, Clara Oliveira, Emily Nery, Giovanna Castro, Luísa Cardozo
Revisão: Antônio Netto