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Passagem sem volta: imigrantes brasileiros na Europa aumentam durante a pandemia

Da Redação
24 de junho de 202124 de junho de 2021 No Comments
Europa Imigração Pandemia

Influenciados pelo caos socioeconômico e político do Brasil em meio à pandemia, brasileiros decidem viver definitivamente na Europa

Por Jéssica Nobre
Revisão: Fernanda Abreu

A quantidade de pessoas que decide deixar o Brasil continua crescendo. Enquanto o país recebe milhares de imigrantes e refugiados venezuelanos, haitianos e africanos, todos em busca de uma vida melhor, brasileiros estão a cada dia pensando em deixar o país.

De acordo com o Portal de Imigração, só em 2019, o número de pessoas que optaram por deixar o Brasil e se mudar para o exterior foi mais que o dobro do que foi registrado nos anos anteriores, apresentando um crescimento de 125% em comparação.  

No entanto, em razão da pandemia e da insegurança de viver no país, só em 2020, os brasileiros voltaram a ocupar o topo da lista dos que obtiveram autorizações para viver definitivamente em países da Europa.

Dados preliminares do portal do Serviços de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) de Portugal, por exemplo, revelam que dos 117,5 mil novos títulos de residências emitidos, 41,99 mil foram solicitados por brasileiros.

A última pesquisa realizada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) informa que atualmente o Brasil se encontra na 17ª posição na lista das 50 principais nacionalidades que migraram para países com a maior taxa de desenvolvimento do mundo e isso inclui diversos países da Europa.

Mas porque as pessoas migram?

Os deslocamentos populacionais costumam obedecer a uma lógica relativamente simples, mas de uma realidade bastante complexa. As pessoas migram para melhorar a qualidade de vida. Migram para fugir de uma guerra, de uma crise econômica, da pobreza, da perseguição política, da seca e até de catástrofes naturais.

Só em 2018, o número de pessoas fugindo de guerras, perseguições e conflitos atingiu a marca de 70,8 milhões, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas (ACNUR). Os refugiados, que tentam entrar ilegalmente nos países, enfrentam fluxo de rotas de fuga e mortes nunca vistas no mundo desde a Segunda Guerra Mundial.

Emili Mauri, imigrante e residente na Itália

E o Brasil também sentiu os efeitos dessa crise migratória, quando, em 2018, acolheu milhares de venezuelanos, colombianos, haitianos e africanos que fugiam da situação precária de seus países.

Em contrapartida, a maioria dos brasileiros que migra para países da Europa, migra, principalmente, para conseguir um emprego de qualidade, estudar ou ficar mais perto da família. E, como todo imigrante, busca realizar lá oportunidades que não tinha no país de origem.

“A expectativa de uma vida melhor, de falar um outro idioma, de conhecer pessoas e culturas diferentes começaram a acender uma chama no meu coração e a brilhar os meus olhos, por isso meu destino inicialmente foi Dublin, na Irlanda, em 2019 para um curso de inglês”, conta Emili Mauri, paulista e contadora.

A influência da pandemia

Os brasileiros que se mudam para países estrangeiros ainda são, em sua grande maioria, solteiros, com ensino superior completo, que viajam através de intercâmbio com a finalidade de conhecer novas culturas e ter uma experiência de vida. Mas esse perfil tem mudado.

Agora, são mestres, doutores, casais e famílias completas que formam a maior parte desse ciclo de partida do Brasil. Mas se, por um lado, o perfil dos brasileiros tem mudado, os motivos continuam os mesmos dos anteriores.

Um dos destinos mais procurados por brasileiros nos últimos anos tem sido Dublin, na Irlanda, tanto pelo custo-benefício, pela comunidade brasileira ser grande no país e pelo direito que o governo irlandês proporciona aos estudantes a trabalharem part time – trabalho em tempo parcial.

No entanto, não foram apenas esses fatores que se tornaram decisivos para a imigração definitiva dos brasileiros. Para aqueles que já estavam temporariamente no exterior, a pandemia foi um fator relevante na decisão de permanecer.

Giovana Valezi, residente em Dublin na Irlanda.

“Dublin é a porta da Europa. Eu viajei para Irlanda com o propósito de ficar os 2 anos que são permitidos como estudante de inglês. Mas quando a pandemia surgiu, foi um choque para mim. Diante de tudo que o Brasil tem passado, pretendo tirar minha cidadania italiana e ficar na Europa definitividade”, informa Giovana Valezi, contadora paulista que migrou para Dublin em 2019.

Apesar do choque cultural que presenciou ao chegar em Dublin, principalmente quanto a culinária e alguns costumes, Valezi conta que tudo é uma questão de adaptação.

Por outro lado, em que pese a Irlanda ser um país recheado de imigrantes de toda parte do mundo, ser o centro da diversidade e da receptividade, no ano passado, o país foi palco de diversos ataques à brasileiros residentes, após um deles morrer atropelado por um adolescente irlandês.

“Acredito que não é uma questão de ser brasileiro, o foco são as pessoas que nos atacam. Infelizmente, quem promove esses ataques são adolescentes, que são totalmente protegidos pelas leis irlandesas, fazendo até com que a polícia seja proibida de encostar neles”, informa Valezi que, apesar da situação, não mudou seus objetivos.

Nesse mesmo caminho, Noilda Bianchine, rondoniense, viajou para Dublin também em 2019 para um intercâmbio linguístico de apenas oito meses, mas foi em razão dos impactos da pandemia no Brasil que tomou a decisão de permanecer definitivamente na Europa.

“Devido a situação político-econômica do Brasil, retornar em meio a uma pandemia não foi uma opção para mim, especialmente após vivenciar como os outros países agem em uma situação de crise como a que estamos vivendo agora”, comenta Bianchine, que conseguiu emitir sua cidadania italiana em junho deste ano.

Qualidade de vida pesa na decisão de retornar

A qualidade de vida que os países europeus proporcionam e o acolhimento que os imigrantes recebem são fatores primordiais para os brasileiros.

Emili Mauri já na Itália durante a pandemia

A Itália, por exemplo, está entre os países europeus com o maior número de brasileiros, isto porque muitos conseguem o direito à cidadania italiana, sendo este um dos poucos países do Velho Continente com leis mais flexíveis relacionadas ao tema.

Atualmente morando em Montegrotto Terme, região de Veneza, no norte da Itália, Mauri aguarda seu pedido de cidadania ficar pronto, mas já encontra no país a segurança, saúde, educação, saneamento básico e assistência do governo que não lhe era proporcionado no Brasil, inclusive, com benefícios que ela já pode usufruir ainda que apenas residente temporária no país.

“Me tornar cidadã Italiana, conseguir morar aqui, construir minha vida foi o que me motivou a continuar. A situação no Brasil, infelizmente, não ajuda na vontade de querer retornar”, explica a contadora que se mudou de Dublin para a Itália no meio da pandemia, em fevereiro de 2021.

“Nós brasileiros somos extremamente calorosos e aqui na Itália as pessoas são mais frias. Eu tive e tenho que me adaptar ao estilo de vida deles. No meu emprego, não sinto preconceito por ser brasileira, mas de certa forma por eu ser formada no Brasil, isso incomoda, porque eles aqui me veem como alguém que trabalha em subemprego”, afirma Mauri que trabalha na cozinha de um restaurante da região.

Noilda Bianchine, brasileira e cidadã italiana

Esse mesmo sonho, em se tornar cidadã italiana, foi decisivo para que Valezi, ainda morando em Dublin, não veja seu futuro com um possível retorno ao Brasil. Para ela, o futuro do país a assusta.

“Se não mudarmos nossos governantes, continuaremos no fundo do poço. Acredito que as pessoas estão migrando cada dia mais em busca de oportunidades que nossos governantes não mais nos proporcionam”, comenta a paulista.

Essa insegurança também sempre foi a realidade de Bianchine que, quando ainda morava em Cuiabá, comenta que tinha que guardar celular, esconder pulseiras e colares enquanto andava pelas ruas. A liberdade que ela sente ao andar pela Europa é um atrativo também para a sua decisão.

“Um fator muito importante para mim é a segurança. Poder andar na rua sem medo de ser assaltada, poder chegar em casa à noite ou sair de madrugada, sem aquela sensação de que algo ruim irá acontecer, isso faz toda a diferença para mim”, aduz a rondoniense.

“Sempre lembro da frase “Nada pode pagar a nossa paz’’, quando penso na minha decisão e isso para mim já é o suficiente”, complementa Bianchine.

O sonho de uma vida estável, sem as incertezas de um futuro repleto de desigualdades, com um poder aquisitivo que reflete o que almejam e ainda  contempladas pela liberdade de ser quem são, são pontos decisivos para suas escolhas.

Brasil apenas como destino turístico

Para as brasileiras, o Brasil será apenas destino turístico a partir de agora e que do país, a saudade é apenas da família, amigos e dos lugares pelos quais passaram.

Bianchine, em uma das viagens dos sonhos que fez para Londres, na Inglaterra

“O Brasil é um país maravilhoso, que tem tudo para se tornar próspero, mas em contrapartida, a população acaba errando continuamente na escolha de seus líderes. Eu não acredito numa melhora significativa para o Brasil nos próximos anos”, aponta Mauri como um dos pontos significativos que fazem muitos brasileiros imigrarem para outros países.

Com a certeza de que o país é um local que sempre poderá retornar, que sempre estará em casa em razão da família, do idioma e do bem-estar pessoal, no momento, Bianchine também só vê o Brasil como um local para matar a saudade, já que ultimamente só consegue ver pontos negativos quando se fala em retornar.

“No atual momento, estou no Brasil, estou aqui para rever minha família após quase dois anos fora. Ficarei alguns meses, mas já estou planejando meus próximos passos. Uma das minhas opções é fazer a validação do meu certificado de graduação em um país da Europa, tenho pensado bastante em Portugal”, afirma a rondoniense que é bacharel em zootecnia.


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Produção e coordenação de pautas: Márcio Walter Machado

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