Com praias interditadas e fiscalização de distanciamento social na capital, banhistas soteropolitanos e turistas têm optado por frequentar praias e infraestrutura do litoral norte
Por Marco Dias, Eduardo Bastos e Ian Peterson
É cultural: soteropolitano gosta de curtir praia, tomar um banho de mar e se bronzear. Mas em Salvador, praias muito frequentadas, como a Porto da Barra, Buracão e da Paciência, ainda seguem interditadas pela Prefeitura.
As demais praias da cidade já estão liberadas, porém, com restrições de acesso nos fins de semana e feriados. Uma tentativa do poder público para conseguir manter o distanciamento social nas praias.
Mesmo com a flexibilização, não são incomuns os casos de aglomerações . Em setembro, o prefeito ACM Neto, chegou a decretar nova interdição nas praias de Itapuã, Piatã, Amaralina, Boa Viagem e Canta Galo, devido ao descumprimento dos protocolos de distanciamento social.
Ainda que as regras estejam mais flexíveis em Salvador, destinos como Praia do Forte, Jaguaribe e Guarajuba se tornaram destinos alternativos para banhistas soteropolitanos, que buscam fugir das aglomerações ou das restrições dos decretos municipais.
A Linha Verde, rodovia que liga a cidade de Lauro de Freitas às praias do litoral norte do estado, se tornou um atrativo para os baianos, fazendo com que banhistas e comerciantes se adaptem à nova realidade, reaquecendo o turismo na região.
Turismo e consciência coletiva
O turismo foi um dos setores mais afetados pelos impactos da pandemia. Com o estabelecimento das medidas protetivas, como o isolamento social e o fechamento das fronteiras em diferentes países, o setor sofreu uma forte queda.
Apenas na Bahia, a perda do setor de turismo é estimado em R$ 7,35 bilhões, de acordo com dados divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e pela Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Roberto Cropalato, agente de turismo da Voyage Tour, reforça que a pandemia ainda não acabou, mas que a flexibilização dos decretos municipais, juntamente com a colaboração entre todos os envolvidos no setor, é o primeiro passo para que o turismo na Linha Verde permaneça seguro.
“É importante a gente colaborar. É importante respeitarem as regras, pelo menos tentarem respeitar essa questão da aglomeração. A pandemia ainda não acabou, mas estamos avançando. É importante notarmos isso. São notícias positivas, mas isso não pode ser confundido com o fim da pandemia”, alerta Cropalato.
Para o agente, a retomada do turismo depende da consciência coletiva, tanto de quem trabalha no setor, quanto dos próprios turistas.
“É raro ver bons exemplos. É importante usar a máscara, é importante respeitar o outro”, reforça Cropalato.
Boa opção ou aglomeração?
Para Sara Amaro, técnica em logística e banhista, as praias da Linha Verde são mais seguras por atraírem um público com mais consciência da pandemia.
“Não estou frequentando muito as praias Salvador, mas nas que ficam na Linha Verde pude perceber que há uma preocupação maior com a segurança e o distanciamento social”, afirma Amaro.
Entretanto, para Eli Marins, analista de sistemas e engenheiro de software, há um aumento significativo na quantidade de frequentadores das praias do litoral norte, o que provoca aglomerações e desrespeito às normas de segurança.
“Com as medidas de flexibilização dos decretos, as praias de Salvador estão fechadas nos finais de semana e feriados, mas as praias de Camaçari, da Linha Verde, não, então elas acabam se tornando uma alternativa para quem quer fugir das praias interditadas na capital. Só que isso gera uma lotação muito pior”, opina Marins.
Consciência das areias até as ondas
No começo da pandemia, em meados de março, a Guarda Civil Municipal (GCM) e a Coordenadoria de Salvamento Marítimo de Salvador (Salvamar) criaram uma fiscalização com ênfase em surfistas que estivessem burlando o bloqueio às praias interditadas.
Com a flexibilização das medidas de isolamento social, Pablo Mattos, surfista, revela que o caminho para a retomada do esporte é a conscientização.
“Temos que nos habituar. Tem que ter comunicação, para sabermos o que é certo ou não fazer. Temos que seguir as orientações do governo, usar máscara, álcool gel, respeitar o espaço do outro. Vamos ajudar, fazer um trabalho coletivo. Quem vai para praia, vai por opção”, declara Mattos.
Editor: Felipe Correia
Revisão: Antônio Netto