Professores da Unifacs discutem a infraestrutura urbana das cidades, sua consequência na saúde da população e as medidas emergenciais da arquitetura que estão em constante aprimoramento.
*Por Fernanda Bruno*
Em tempos de pandemia do Coronavírus, os professores e arquitetos Manoel Messias e José Ferreira Neto aproveitam para debater o papel da Arquitetura e Urbanismo na infraestrutura de Saúde e nos impactos da chamada “Arboviroses”, a doenças como vírus da dengue, Zika, chikungunya e febre amarela.
A palestra online, realizada na quinta-feira (02), reuniu mais de 60 pessoas e abordou tópicos da atualidade. “Não tem como falar de cidade brasileira sem bater na tecla de segregação”, argumenta Messias.
Questão ambiental e urbana
Para Messias, o espaço urbano pode influenciar na saúde das pessoas e propõe o exercício de “enxergar a cidade como um espaço de diferenças, pois nem todos tem as mesmas oportunidades”. “Isso inclui a oportunidade de acesso à um local com infraestrutura de qualidade”, conclui o arquiteto e professor.
Messias traz como exemplo países em desenvolvimento e subdesenvolvidos para explicar como o homem se organiza e se estrutura, reproduzindo padrões. “Nessas estruturas, sempre estão presentes as divisões de classe social, gênero e etnia, que geram exclusão”, explica.
A exclusão, para o Professor, leva ao desinteresse, inclusive, por parte do poder público, que “se demonstra ineficiente na sua administração e deixa a cidade suscetível a doenças, principalmente as que se relacionam com a água”, como as arboviroses.
“Estamos passando por uma epidemia de dengue no Brasil e na América Latina, é um problema sanitário”, informa o professor. “Podemos ter ou viver duas epidemias em paralelo: a da dengue e do Covid-19”, completa, reiterando a importância de melhoria das condições de habitação e saneamento em áreas urbanas.
Como será o mundo do amanhã?
Esse é questionamento proposto pelo Prof. José Neto, ao abordar a “Infraestrutura de Saúde para Arquitetura Emergencial” durante a live. Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde (ONU), até 2030, 9% da população mundial viverá em megacidades.
Megacidades são áreas urbanas com 10 milhões de habitantes ou mais, como Tóquio, Déli e São Paulo.
Para José Neto, ao falar de concentração populacional é preciso levar em conta a Saúde Pública. Entretanto o professor alerta que, mesmo com todo planejamento, “não é possível prever todas as calamidades que podem acometer a sociedade e soluções emergenciais se fazem necessárias”, principalmente no cenário atual de Pandemia do Coronavírus.
“São nesses momentos que percebemos que a natureza está em constante transformação”, afirma José Neto. “Comenta-se bastante sobre hospitais emergenciais e hospitais de campanha, a forma que muitos países estão lidando com a proliferação do Covid-19. Essas estratégias emergenciais são possíveis, também, devido à arquitetura”, reflete o Professor.
“Os avanços tecnológicos servem como ferramenta para a melhoria e adaptação desses hospitais que são móveis, temporários e, cada vez mais, contam com novas tecnologias que podem ajudar na saúde das pessoas”, declara José Neto.
A arquitetura emergencial é realizada a partir de demandas extras e é uma solução rápida de infraestrutura que, segundo o professor e arquiteto, deve ser providenciada para o salvamento de vida.
Unifacs Lives
Durante o isolamento social, a Unifacs está realizando uma série de transmissões ao vivo, chamada de Unifacs Lives, com professores e especialistas, nos diversos segmentos e áreas, para fornecer conteúdos educacionais e de entretenimento ao corpo acadêmico.
Para conferir a live “Cidade e Saúde”, acesse: https://ca-lti.bbcollab.com/recording/8517147d361547e0b2d28a2574943aec
Sobre os especialistas participantes da live:
Manoel Messias Teixeira Junior
Arquiteto e Urbanista pela UFBA, professor Unifacs, mestrando pelo Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanista – PPGAU/ FAUBA. Especialista em Iluminação e Design de interiores, pela Ipog. Membro do grupo de pesquisa em Engenharia e Arquitetura Hospitalar – GEA-HOSP/ UFBA.
José Ferreira Nobre Neto
Arquiteto e Urbanista pela UFBA, Professor Auxiliar na FAUFBA, Professor da Unifacs, Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanista – PPGAU/ FAUBA, Especialista em Arquitetura em Sistemas de Saúde – FAUFBA e Especialista em Engenharia Clínica – HUPES/ UFBA. Membro do grupo de pesquisa em Engenharia e Arquitetura Hospitalar – GEA-HOSP/ UFBA. Membro da Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar – ABDEH.
*Sob supervisão de Antonio Netto, Professor de Jornalismo da UNIFACS e Coordenador da AVERA.