“Vocês dizem que amam suas crianças acima de tudo, mas, ainda assim, estão roubando o futuro delas em frente aos seus próprios olhos”
– Greta Thunberg
Por Fernanda Bruno*
Repórter da AVERA
*Este é um texto de opinião, em que as posições expressas são de responsabilidade exclusiva de seu autor(a).
Recentemente, o nome de Greta Thunberg tem sido um dos mais comentados quando se fala em mudanças climáticas. A jovem sueca ativista do clima, de apenas 16 anos, concorreu ao prêmio Nobel da Paz por iniciar uma onda global de manifestação.
Apesar do reconhecimento que Greta e seu trabalho vêm recebendo, uma onda de críticas contra ela também é gerada, mostrando como os jovens são tratados na sociedade. Frequentemente, se escuta que as crianças são o futuro do planeta e que o futuro está nas mãos dos jovens.
Entretanto, é contraditório pensar nisso enquanto ameaçam e provocam uma garota de 16 anos que luta a favor do planeta.
“Eu, sinceramente, não entendo porque adultos escolheriam gastar seu tempo zombando e ameaçando adolescentes e crianças por promoverem ciência, quando eles poderiam fazer algo em vez disso.”, afirmou Greta através de seu perfil oficial no Twitter, após ser alvo de críticas e provocações. “Acho que eles devem se sentir ameaçados por nós”, completou.
Políticos de todo mundo se manifestaram contra a garota.
A foto postada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) é uma montagem, feita com a intenção de atacar Greta Thunberg e seu discurso anti-desmatamento
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ironizou a jovem ativista. “Ela parece uma jovem garota muito feliz,olhando para um futuro brilhante e maravilhoso. Que lindo de ver!”, escreveu o chefe de Estado.
Sim, crianças são importantes – tanto para o futuro dos adultos, quanto para o delas próprias. Muitos países têm legislações voltadas para este grupo mais vulnerável da população, a fim de proteger seus direitos e, com isto, suas futuras contribuições ao mundo.
Porém, por vivemos em uma sociedade “adultocêntrica”, não nos importamos em integrar as diferentes gerações, acabando por achar que todas as crianças são iguais, e incapazes de tomar decisões. O adulto produtivo é sempre priorizado.
“Crianças são agentes ativos que constroem suas próprias culturas e contribuem para a produção do mundo adulto”
– Willian Corsaro
É comum, por exemplo, que pais não deixem seus filhos decidirem por eles mesmos seus caminhos de carreira profissional, ao ponto de jovens terem de ignorar completamente seus próprios planos e desejos.
No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) assegura, em seu artigo 227, que “é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”.
Ainda assim, meninas de apenas 10 anos desfilam de maiô em um programa nacional de televisão para que tivessem seus corpos avaliados. Crianças e adolescentes não têm voz na sociedade.
Greta Thunberg, junto a vários outros jovens que lutam para terem suas opiniões ouvidas, representa isso. A forma como adultos fazem de tudo – inclusive ameaçar esses jovens – para não saírem de suas bolhas é a prova do quanto esta é uma causa difícil.
“Vocês estão falhando com a gente, mas os jovens estão começando a entender a sua traição, os olhos da futura geração estão em cima de vocês e se escolherem falhar conosco, eu digo que nunca os perdoaremos”, exclamou a jovem ativista em seu discurso na Organização das Nações Unidas (ONU), em que reafirmou suas posições contra as mudanças climáticas.
**Revisado por Marco Dias e editado por Matheus Pastori
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