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Oficinas de arte da Escola Parque continuam transformando vidas à distância

Da Redação
14 de dezembro de 202114 de dezembro de 2021 No Comments
Artes Visuais cultura Educação Ensino Remoto Escola Parque Projeto Social Salvador

Núcleo de Artes Visuais do Centro Educacional Carneiro Ribeiro, em Salvador, promove atividades e eventos culturais pelo Instagram; conheça o projeto

O Núcleo de Artes Visuais (NAVI) da Escola Parque, parte do Centro Educacional Carneiro Ribeiro (CECR), tem proporcionado aos moradores do bairro da Caixa D’Água, em Salvador, oficinas culturais à distância durante a pandemia.

O Navi tem funcionado exclusivamente online, já que a estrutura do ambiente e a dinâmica das aulas não permite um distanciamento adequado entre os participantes. Para manter sua comunidade estudantil próxima da arte, mesmo durante o isolamento, o CECR tem oferecido videoaulas em seu Instagram.

Com a autorização dos pais, professores e alunos também têm interagido pelo WhatsApp, onde os pequenos são incentivados a produzir vídeos interativos que os mantém próximos da música, do teatro e das artes plásticas, mesmo dentro de casa.

A partir de 2021, o Núcleo de Movimento e Arte (Numa) do Centro também disponibiliza aulas virtuais que trazem uma “nova forma de interação com a arte, a tecnologia, a cultura e o corpo”, não só para os alunos da Escola Parque, como também para todos aqueles interessados no Brasil e no mundo, segundo o site oficial do instituto.

Os cursos acontecem na plataforma Google Meet e os links das reuniões são postados no Instagram da Parque com uma semana de antecedência.

A instituição se mantém de pé mesmo enfrentando dificuldades, como a negligência da gestão pública, desde que foi erguida em 1950. O desafio mais recente foi, claro, a pandemia do novo coronavírus, que fechou a Escola Parque há quase dois anos. 

As professoras Mônica Rossi Brito e Adriana Dias, de pintura e cerâmica, respectivamente, enxergaram na crise uma oportunidade de reinventar sua maneira de ensinar.

Democratização da escola

O CECR foi um dos vários projetos revolucionários que o memorável educador baiano Anísio Teixeira lançou em Salvador durante seu tempo como Secretário da Educação do Estado. A região da Liberdade foi escolhida por ser, na época, lar de vários moradores humildes e sem uma estrutura escolar ideal.

Uma das fotografias de Anísio Teixeira em exposição. Foto: Acervo Escola Parque

Teixeira se baseou na filosofia do pedagogo estadunidense John Dewey para fundar escolas públicas em tempo integral e tornar possível o acesso à educação de qualidade para jovens em todo o país, independente da classe social do indivíduo. O baiano defendeu que a educação popular é “a máquina que prepara as democracias”.

O objetivo principal do então Secretário era que as crianças tivessem acesso gratuito à uma educação integral e abrangente. O complexo oferece atividades e oficinas de trabalhos manuais, exercícios físicos e artes de todo o tipo, como cerâmica, colagem, tecelaria e pintura, como complemento à educação convencional de seus alunos.

Professoras Adriana Dias e Mônica Rossi Britto em frente ao NAVI. Foto: Carolina Pena

A instalação do Centro foi pioneira e revolucionária tanto na diversidade de ensino quanto em sua humanização. Rossi Brito conta que, na sala de aula, existe sempre uma “troca de vivências”.

Ana Cristina Wanderley Barretto, da equipe de cerâmica, completa: “em todos os níveis, as oficinas são uma grande oportunidade de acolher, de ouvir e de interagir com outros. A gente vê que a educação se faz na prática”.

Além do forte vínculo entre professores e alunos, as oficinas de arte da Escola Parque conectam tanto mestres quanto aprendizes com a ecologia. A cerâmica, por si só, é uma das poucas linguagens artísticas que envolve diretamente os quatro elementos da natureza, incluindo o fogo dos fornos industriais, que são um diferencial na capital baiana.

Fornos industriais do NAVI, que transformam esculturas de barro em cerâmica. Foto: Letícia Bugarin

As professoras afirmam que mantém contato com muitos dos alunos que frequentaram as oficinas, mesmo anos depois do primeiro contato. Um deles é Willie Costta, que já participou de inúmeras oficinas e eventos da Escola desde pequeno.

A ideia é não apenas preparar pessoas para o mercado de trabalho ou para administrar seus próprios negócios, como também ensiná-las valores importantes na construção do seu caráter e identidade, como a criatividade, a solidariedade e o amor-próprio. 

Representatividade

A região da Liberdade, onde se encontra o CECR, é considerada popularmente como um símbolo de resistência e cultura na cidade de Salvador, por ter sido o local onde negros recém-libertos se firmaram logo após a abolição da escravatura.

Ivanir Ganem, coordenadora da Classe III do Centro, afirma que “os estudantes do bairro da Liberdade e adjacências estão imersos na cultura afro-brasileira” e “o trabalho da Escola Parque nunca foi descolado dessa realidade relevante para a cultura local, soteropolitana e regional”. 

Durante a celebração dos 71 anos da escola, em setembro deste ano, foi realizada a exposição “Mulheres da Liberdade”, além de aulas interativas pautadas em temas como Grafite e Expressionismo, Afro-futurismo, Samba e suas variantes e Folclore e suas novas tecnologias.

“Em todo trabalho pedagógico desenvolvido no período pandêmico, foi cunhado sobre as questões concernentes à relevância das narrativas de pretos(as) na nossa cultura baiana”, conta Ganem.

Inclusão

Teixeira fundou a Escola com o intuito de também acolher a comunidade da área. Na década de 1950, sua população era, em sua maioria, humilde e sem acesso digno à uma infraestrutura adequada. 

O grande número de crianças em idade escolar era menosprezado pelo sistema local de educação. Mais de sete décadas depois, a paisagem ao redor do Centro mudou drasticamente. 

“A gente trabalha realmente com alunos carentes, e muitos deles estão à margem da sociedade”, observa a professora Dias, que reconhece o projeto de Anísio como “atemporal e o que todos os professores buscam: o poder de formar, de transformar, de levar esse menino além das possibilidades que ele encontraria em qualquer outra escola”.

O valor terapêutico e fisioterapêutico da produção de arte e interação entre turmas de diferentes vivências é muito evidente no desenvolvimento físico, cognitivo e motor de crianças com deficiência, notado com frequência tanto pelos professores quanto pela própria família, segundo Rossi Brito e Dias.

Muitos, inclusive, se matriculam nas oficinas por orientação médica. Um exemplo que marcou as duas educadoras foi o do Luiz Cláudio, pessoa com deficiência que conviveu com gente de todo lugar enquanto aprendeu a moldar peças de argila. O jovem não queria ser tratado como diferente e achou na liberdade da cerâmica uma forma de terapia.

“Ele tem problema para andar, era muito calado e ficava com um crachá no pescoço porque não conseguia dialogar, só sorrir”, lembra a professora Dias. “Aos poucos ele foi aplicando o que aprendia sobre modelagem, começou a trocar informações com os colegas, produzir” e certa vez, falou tão alto que surpreendeu a todos.

Releitura da obra “Morro da Favela” de Tarsila do Amaral feita pelos alunos somente com materiais recicláveis. Foto: Letícia Bugarin

Certa vez, Luiz modelou um gato, e sua obra acabou virando atração entre os frequentadores das oficinas e funcionários da Escola, porque era levado de um lado para o outro pelo aprendiz. Os alunos praticam o reconhecimento do próprio trabalho, potencial e criatividade. 

No CECR, todos aprendem a importância de práticas como a reciclagem e a reutilização. As artes visuais dos alunos ficam espalhadas pelo NAVI e por toda a Escola, incluindo o teatro, a concha acústica, a biblioteca, perto do refeitório e no jardim ao redor dos núcleos.

Entre os materiais que costumam ser reutilizados, estão pneus velhos, calças jeans e pares de tênis, que viram vasos de plantas para o jardim e fios para construir painéis nas mãos dos estudantes. Além disso, a argila que não vira cerâmica também se converte em outro objeto de arte.

Joaninha feita por alunos com pneus reciclados. Foto: Letícia Bugarin

Futuro da Educação

O projeto “Trilhas Sonoras – Podcast da Aprendizagem”, parceria do CECR com a Secretaria da Educação do Estado (SEC), reuniu em agosto deste ano a equipe pedagógica da Escola Parque em áudios-aula para capacitar educadores de toda rede estadual e enriquecer seus currículos com conteúdo artístico, bem como defendia Anísio.

Esse modelo educacional tem o potencial de ser uma alternativa futura para os jovens que não têm assistido às aulas durante a pandemia por falta de acesso à tecnologia, já que também “pode ser um canal a ser utilizado nas rádios comunitárias”, segundo Roberto Magno, professor de Artes da instituição. 

O projeto está disponível publicamente no site oficial da SEC e foi muito bem-sucedido, contando com a produção de mais de 70 episódios.

Lições para a vida toda

O ex-aluno da NAVI, Willie Costta, rasgou elogios ao colégio, reconhecendo a importância da Escola por ampliar seu olhar para um novo mundo. Antes sem muita motivação, Costta contou que seu dia-a-dia mudou completamente depois de frequentar a Parque, porque as oficinas lhe presentearam com uma nova perspectiva de vida. 

“Posso dizer que sempre foi um sonho estudar nessa escola, já que minha mãe contou que quando eu era pequeno, estava com ela passando pela frente da Escola Parque, olhei para ela com os olhos brilhando e falei que um dia iria estudar lá”, lembra Costta, hoje cursando Farmácia.

Willie conta que, assim que começou a participar das oficinas, “um pequeno big-bang” aconteceu em sua mente: “parece que tudo era meio cinzento e ganhou cores, dimensões e textura”.

Willie Costa posa em frente ao NAVI. Foto: Carolina Pena

Boa parte da formação do estudante veio de lá. Foi onde cresceu, amadureceu, fez seus melhores amigos e foi moldado como pessoa, ao aprender desde técnicas artísticas até valores e questões éticas. Ao se matricular, teve contato com o sentimento de paz e pertencimento, e o CECR se tornou sua segunda casa.

O futuro farmacêutico ressalta muito a importância dos professores, que o viram “não só como um aluno, mas também como artista”, e como alguém com a habilidade de absorver e pôr em prática os conhecimentos adquiridos por lá.

“Sou muito grato por ter estudado na Escola Parque!”, conclui Costta.

Repórteres: Carolina Pena, João Gabriel Grassi, Letícia Bugarin e Rodrigo Fernandes.
Revisão: Antônio Netto

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