A cirurgia robótica está se tornando uma realidade no Brasil
Por: Elisa Brotto
Blade Runner, Eu Robô e Exterminador do Futuro são exemplos no cinema de como os robôs serão extremamente indispensáveis em nossas vidas. Na aréa da saúde eles já estão ganhando seu espaço com os robôs Da Vinci, ou robôs cirurgiões, como são conhecidos, e que levam o nome de um dos maiores gênios da humanidade.
São máquinas formadas por quatro braços mecânicos, comandados por um computador, que é operado por um médico cirurgião especializado. O grande diferencial desse equipamento é permite que o cirurgião opere afastado do paciente com precisão e segurança, além de proporcionar uma visão 3D e em alta definição do interior do corpo do paciente.
Os robôs permitem ao cirurgião movimentos através de instrumentos articulados que podem executar ações mais complexas e precisas, que a mão humana é incapaz de fazer sem tremores. Segundo Dr. Frederico Mascarenhas especialista em Cirurgia Robótica na Bahia “O robô não transforma um mau cirurgião num bom cirurgião, mas, certamente, torna um bom cirurgião ainda melhor, com melhores custos benefícios.”
Cirurgia no Brasil
A cirurgia robótica é algo ainda muito novo em nosso país. Essa tecnologia surgiu nos Estados Unidos no ano 2000 e apenas em 2008 chegou ao Brasil. Porém em seus 10 anos de atuação no mercado brasileiro, já existem 35 plataformas robóticas em atividade que estão em cidades como, Rio de janeiro Recife, Curitiba, Minas Gerais, Porto Alegre, Barretos, fortaleza, Belém e São Paulo, onde se encontra a maior parte dos robôs Da Vinci, atuando principalmente na luta contra o câncer. Salvador apesar de ser uma das maiores capitais do país e contar com grandes redes de hospitais, ainda não possui nenhuma sala cirurgica robotica nem nenhum robo Da Vinci.
O Sistema Único de Saúde (SUS) conta com o Hospital do Câncer de Barretos, Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Hospital da Marinha do Rio de Janeiro, O Instituto do Câncer de São Paulo e o Hospital das Clínicas de Porto Alegre, todos da rede pública de saúde que ja possuem os robôs e os equipamentos para realizar as cirurgias robóticas.
O custo para a implementação de uma sala de cirurgia robótica ainda é muito alto. O investimento inicial é estimado em 3 milhões de dólares (cerca de 12 milhões de reais), o que inclui a compra do robô Da Vinci, o preparo estrutural de uma sala cirúrgica, e o treinamento de alguns profissionais que serão fundamentais para o funcionamento adequado da plataforma robótica.
Porém apesar do alto custo inicial, as salas cirurgicas robóticas acabam sendo econômicas para os hospitais uma vez que reduzem o tempo de internação do paciente, aperfeiçoam os resultados das cirurgias, além do menor uso de analgésicos no pós-operatório. Sendo que em média uma cirurgia robótica custa para o paciente entre 10 e 14 mil reais e uma cirurgia de câncer de próstata em média custariam para o paciente a partir de 15 mil reais.
Ainda são poucas as quantidades de robôs Da Vinci operando no Brasil, mas a lista de benefícios só faz estimular o investimento nessas máquinas. Segundo André Luís Silvany Sales, residente médico de Anestesiologia do Hospital Sírio Libanês “a cirurgia robótica é uma evolução da cirurgia videolaparoscópica. Ao invés de uma grande incisão cirúrgica, o procedimento é realizado por pequenos furos para colocação dos braços robóticos, a cirurgia se torna menos agressiva para o paciente e menos cansativa para o cirurgião, há um aumento da segurança do paciente e do sucesso operatório com diminuição do tempo de recuperação e hospitalização.”
A cirurgia robótica é tão benéfica para o paciente devido a sua baixa agressão que os resultados já podem ser percebidos na recuperação do pós-operatório. “O tempo de internação depende da complexidade do procedimento, mas para se ter uma idéia, nas cirurgias mais comumente realizadas com auxilio do robô, retirada da próstata e dos rins, respectivamente, geralmente o paciente recebe alta após 24 a 36 horas e pode retornar às suas atividades em aproximadamente uma semana. Esse grande benefício de redução do trauma cirúrgico, pode ser claramente evidenciado já nos primeiros dias após o procedimento.” reintera Dr. Frederico Mascarenhas
Regulamentação
Para operar um robô Da Vinci, hoje no Brasil, é preciso um certificado para a pratica da cirurgia robótica que a Intuitive/Stratner empresa que comercializa do robô, exige. O cirurgião passa por um período de estudos e testes em simuladores para após o treinamento, realizar um teste final em animais.
A realização do teste final acontece em cidades como Houston nos EUA e Bogotá na Colômbia. Já existem tambem os fellowships, que são cursos de especialização em cirurgia robótica, com uma duração mínima média de um ano. Entretanto no Brasil existe apenas um Fellowship que é o do Hospital AC Camargo em São Paulo, especializado em urologia.
”Há aproximadamente três anos submeti-me a este processo de certificação e tenho oferecido aos pacientes o que tem de mais moderno no tratamento cirúrgico do câncer e outras doenças do aparelho urinário. Atualmente, realizo estas cirurgias em São Paulo nos hospitais Einstein, São Luiz, Nove de Julho e Sírio Libanês e tenho a convicção de estar oferecendo o que há de melhor e mais moderno na urologia aos meus pacientes” comenta Dr. Frederico Mascarenhas.
A amplificação do uso de robôs cirúrgicos no Brasil é uma realidade que só vem aumentando nos últimos 10 anos no país, entretanto nas graduações de medicina, o despertar do interesse para essa realidade não chegou, principalmente nas universidades públicas. Segundo Marcelo Souza estudante de medicina de uma universidade particular de Salvador “Ainda não temos nenhum preparo para o manejo de robôs, embora a cirurgia robótica esteja se tornando realidade. Na faculdade apenas ouvimos falar da cirurgia robótica, nas aulas de clínica cirúrgica, em termos de perspectivas futuras na medicina, mas nenhum conteúdo de treinamento em si.” Já nas universidades públicas nem se comenta sobre cirurgias robóticas. Os estudantes da UFBA contam que por falta de interesse e recursos esse assunto não é debatido.