O mês de novembro chegou, ressaltando a relevância do cuidado com a saúde masculina
Por Lis Gabrieli
Revisão: Edvânio Junior
O Novembro Azul é conhecido como o mês de conscientização e diagnóstico precoce do câncer de próstata, mas além disso, esse momento é importante para dar atenção à saúde masculina como um todo.
“Eu tenho uma visão do Novembro Azul em relação a saúde do homem, porque muitas vezes o urologista é o primeiro ou único médico que o homem procura para seu atendimento, e a saúde do homem é muito mais ampla do que somente a questão do câncer de próstata”, afirma o Urologista Dr. Felipe Amoedo.
Em 2021, o público feminino realizou 862 milhões de atendimentos no Sistema Único de Saúde (SUS), enquanto o masculino alcançou a faixa de 725,4 milhões. Até o mês de junho deste ano, foram 379,4 milhões de mulheres e 312,4 milhões de homens que buscaram cuidados médicos, de acordo com os dados do Ministério da Saúde em parceria com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).
Dr. Amoedo ainda completa: “O homem procura muito menos a assistência à saúde do que a mulher, e muitas vezes quando o homem procura é porque foi levado pela esposa ou pelas filhas, normalmente essa é uma realidade que a gente vê aqui no consultório.”
Melhor prevenir do que remediar
Roberto Quintela, advogado de 63 anos, acabou realizando o exame após o tempo indicado por profissionais.
“Eu fiz o exame com 60 e poucos anos, foi bem tardio, e isso fica um alerta, porque se eu estivesse em uma situação de risco, poderia, no momento que eu fiz, já não valer de mais nada. Eu teria que cuidar de uma doença que poderia ter evitado”, explica o advogado.
Os motivos para a realização tardia do exame variam entre o preconceito dos homens e a procrastinação.
“É aquela coisa, um pouco de preconceito, um pouco de ‘aah amanhã eu vou!’ e nisso o tempo vai passando, e você acaba negligenciando uma coisa tão importante, não aconselho isso para ninguém!”, completa Quintela.
Quando devo fazer o exame?
A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) indica que o homem realize a avaliação da próstata a partir dos 50 anos, em casos assintomáticos, mas cada caso é um caso.
Dr. Felipe Amoedo explica: “Na prática, aqui no Brasil existem duas coisas que são importantes em relação ao câncer de próstata: histórico familiar e a cor negra. O paciente negro tem um risco maior de desenvolver, assim como quem possui histórico familiar.”
O médico ainda acrescenta que, aos 40 anos é solicitado um exame de sangue, chamado PSA, usado como base para o acompanhamento.
Também conta que, pacientes com histórico familiar ou de pele negra, devem começar o rastreio aos 45 anos, já aqueles que não estão nesses grupos, apenas a partir dos 50.
O rastreio é entendido como o exame PSA, junto ao exame de toque.
“Quando falamos de rastreio, nos referimos apenas de pacientes assintomáticos, não quer dizer que a gente não vá fazer o exame do toque ou de PSA em outras idades, isso vai depender dos sintomas”, complementa o profissional.
Uma doença, múltiplas realidades
Dentro do Sistema Único de Saúde (SUS) e dentro de uma clínica particular, a experiência é bem diferente, o que reflete também no diagnóstico precoce ou não de doenças, entre elas o câncer de próstata.
“Existem duas realidades muito diferentes, a realidade do SUS e a realidade do consultório particular, então no SUS, por uma questão de nível educacional, social e de acesso a saúde, a gente acaba tendo uma realidade de fazer os diagnósticos mais tardios, o que não é o ideal’, informa o médico.
Dr. Amoedo completa dizendo que, dentro do consultório privado, a maior parte dos pacientes realizam exames de rotina e cuidado preventivo, o que facilita o diagnóstico precoce. “São duas realidades bem distintas, infelizmente.”, finaliza.