A data também é comemorada no dia 19 de junho, quando as primeiras imagens em movimento foram registradas no Brasil
Por Vitória Estrela
Revisão por: Beatriz Fialho
Há 127 anos acontecia a primeira exibição pública de cinema no Brasil. No dia 5 de novembro de 1896, no Rio de Janeiro, foram projetados oito pequenos filmes, de cerca de um minuto cada um, para a elite carioca, na Rua do Ouvidor.
Alguns atribuem o Dia Nacional do Cinema Brasileiro ao 5 de novembro, outros o comemoram em 19 de junho, pois, nesta segunda data, o ítalo-brasileiro Afonso Segreto registrou as primeiras imagens em movimento no Brasil.
A realidade do cinema brasileiro atualmente não é das melhores, inclusive pós pandemia, quando houve uma queda significativa. Segundo dados da Ancine, os filmes brasileiros perderam mais de 90% do público e renda nos cinemas em 2021.
“Imagino que a perda do público dos filmes brasileiros no cinema tem relação com uma sensação de que as pessoas passaram a escolher mais o filme que ‘merece’ ser visto na tela grande. E essas escolhas acabam sendo obras de ação e efeitos especiais mais comuns a blockbusters de Hollywood”, destaca a jornalista e crítica de cinema Amanda Aouad.
Para Amanda, que é professora dos cursos de comunicação e artes da Unifacs, a desvalorização do cinema brasileiro se deve à falta de apoio financeiro. “Esta é uma questão histórica que vem desde a época da ditadura militar no país, quando o cinema sofre com a repressão e posteriormente com a falta de apoio financeiro chegando a quase zero com a extinção da Embrafilmes”, explica.
Senso comum
Segundo ela, isso ajudou a construir no senso comum, a ideia de que o cinema brasileiro não existe, é ruim ou só tem comédia. “Os filmes brasileiros não têm cota de tela respeitada e ficam pouco tempo em cartaz, muitos nem conseguem chegar às grandes salas, ficando restritos a festivais e streaming. Não há também muita verba para divulgação das obras, o que dificulta as campanhas de lançamento e propagandas que ajudem a estimular a curiosidade do público”, pontua.
Apesar das dificuldades, Amanda avalia que o interesse das pessoas pelo cinema pode ser incentivado. “Ações de formação de plateia, eventos como cineclubes e sessões especiais com debates ou outros atrativos podem ser grandes incentivadores. Atividades educativas que possam demonstrar a ampliação da apreciação técnica em uma sala com imagem e som adequados, assim como o ambiente propício para concentração apenas na obra. E, claro, promoções com descontos, pacotes ou outro tipo de ação financeira como algumas que têm sido feitas”, exemplifica.