Transmídia, multirões de votos, bandeiras sociais, parlamentares e famosos. Tudo isso fez parte das estratégias orgânicas e planejadas da última edição do Big Brother Brasil.

Por Elias Pereira*

Em bate-papo online realizado nesta quinta-feira (30), os professores Antônio Netto, Paula Paz e o publicitário Caio Braga conversaram sobre as estratégias digitais do reality show Big Brother Brasil, que neste ano completou duas décadas de existência.

O programa, que dura cerca de três meses, tem por característica o confinamento total dos participantes – que de forma inédita adicionou digitais influencers entre os anônimos. “O programa voltou a ficar muito comentado como não era em uma década”, destaca Caio Braga ao comentar sobre a adição dos influencers nesta edição do reality.

Na boca do povo

Em meio à pandemia do novo coronavírus, há uma experiência diferente na forma de consumir o conteúdo. “Estamos consumindo um ambiente de confinamento, dentro de um confinamento, isso foi muito surreal”, relata Paula Paz. “Tivemos quebra de recordes, torcidas muito treteiras, que não eram em tornos de participantes, mas em torno de bandeiras”, explica.

De acordo com Netto, apesar de movimentarem milhões de seguidores nas redes sociais –Bianca Andrade, Manu Gavassi e Rafa Kalimann já possuiam 15 milhões no instagram – a Rede Globo dimensiona a audiência dos influencers para outra proporção.

A Teoria do Agendamento (que defende o poder da mídia de pautar os assuntos) trouxe os assuntos pautados dentro da casa para fora, é o que explica a professora Paz: “Agenda setting em alta. Você abre os assuntos mais falados do Twitter, ou portais de notícias, tinham assuntos relacionados não apenas aos participantes, mas sobre assuntos discutidos dentro da casa”.

A busca pelo termo “sororidade” cresceu 250% após uma participante justificar o voto com o uso da palavra, referenciou a professora.

Construção do discurso

Segundo com Braga, o Big Brother é uma janela de comportamento, que não deixar as pautas sociais em segundo plano. “Foi a primeira vez em muitos anos que um parlamentar tomou partido de um participante – o Deputado Federal Eduardo Bolsonaro apoiou Felipe Prior. Essas discussões resvalam em nicho que antes não eram atingidos pelo BBB”, afirma o publicitário.

“No BBB 19 estávamos saindo de um momento extremamente conservador. No BBB 20 tínhamos uma minoria gritando, as pautas sociais muito em foco. De fato, foi muito uma resposta”, conta Paula.

“Foi um dos fatores de vitória da Thelma, não só pela atuação dela no programa, mas pela história que se construiu no programa sobre defesa social, defesa das mulheres e inclusões sociais”, finaliza Netto.

Sucesso além da TV

De acordo com Netto, o autor Henry Jenkins define a convergência de mídias que ocorreu nesta edição do Big Brother Brasil. “Essa edição do BBB vem para reforçar a ideia do programa transmidiático: da TV para o APP, para o streaming, para a web”, explica. “A Manu Gavassi, para quem não entendeu o conceito da transmídia, é um exemplo claro. Como sabia que iria entrar no BBB, gravou vários vídeos para mostrar quem ela era, para complementar a narrativa criada dentro do programa”, detalha o professor.

Braga ressalta que o segredo para que a transmídia funcione bem é a assertividade e a linearidade do discurso em todos os meios. “Você não só assiste a televisão, como também assiste com o celular na mão, talvez com o notebook no colo. Mas não se pode dizer que ele é feito apenas para a televisão. O futuro e o presente são a multitelas”, complementa.

“Diversos artistas grandes chamando o público para multirões de votos que foram muito importantes, porque cada paredão foi recorde atrás de recorde, chegando ao ponto de 1,5 bilhão de votos”, completa Paula Paz, ao falar da integração entre internet e TV de forma orgânica.

Unifacs Lives

Durante o isolamento social, a Unifacs está realizando uma série de transmissões ao vivo, chamada de Unifacs Lives, com professores e especialistas, nos diversos segmentos e áreas, para fornecer conteúdos educacionais e de entretenimento ao corpo acadêmico.

Sobre os moderadores da live:

Antônio Netto

Professor na Unifacs nos Cursos de Jornalismo, Comunicação e Marketing, Publicidade e Propaganda e Relações Públicas. Especialista em Comunicação e Marketing em Mídias Digitais, foi colunista de tecnologia e meios digitais na Rádio CBN Salvador. Tem ampla experiência internacional no mercado de comunicação, tanto social quanto empresarial.

Caio Braga

Publicitário e pós-graduado em Branding pela PUC Minas, com atuação acadêmica na área de pesquisas de narrativas transmidiáticas. Atua paralelamente nas áreas de Gestão de Mídia, Produção de Conteúdo e header criativo em campanhas com foco em diversidade.

Paula Paz

Professora na Unifacs e Jornalista, graduada pela Universidade Federal da Bahia, pós-graduada em Marketing e Branding pela Universidade Salvador e mestranda em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela UFBA, na linha de pesquisa Cultura Digital, atualmente tendo como objeto de pesquisa os Influenciadores Digitais. Atua ainda nas áreas de Marketing Digital, Planejamento e Comunicação Estratégica, e Produção de Conteúdo.

*Sob supervisão de Antonio Netto, Professor de Jornalismo da UNIFACS e Coordenador da AVERA.