Museu virtual reúne memórias culturais dos povos Itaparicanos em um acervo digital
Por Ana Carolina Araújo
Revisão: Beatrice Magalhães
O Museu Virtual Origens, uma plataforma online que reúne um acervo de artefatos e informações sobre a História e a Cultura do Brasil, está chamando a atenção de visitantes de todo o mundo. Com a pandemia de Covid-19, muitos museus tiveram que fechar suas portas temporariamente, mas o Museu Virtual Origens encontrou uma solução criativa para continuar oferecendo acesso à Cultura e à História para o público em geral.
Mais detalhadamente, o Museu Virtual Origens (MVO) é um espaço colaborativo e emancipatório que conta a história dos Itaparicanos e também promove o direito à sua memória, a igualdade histórica dos povos originários, africanos e africano-brasileiros.
Para construir o contexto histórico de Itaparica foram consideradas as várias origens civilizatórias que compõem o território: os povos originários, a africana, a africano-brasileira e os portugueses.
Resultado
Desde o seu lançamento em 2020, o Museu Virtual Origens tem sido elogiado pela sua riqueza de conteúdo e pela experiência imersiva e interativa que oferece aos visitantes.
O acervo do museu é composto por objetos arqueológicos e históricos que contam a história das populações que habitaram o território brasileiro ao longo dos séculos, como peças de cerâmica indígena, objetos utilizados por escravos nos tempos da colonização, fotografias e documentos históricos, entre outros itens.
Rana Accioly, idealizadora do projeto, conta que o processo de criação do MVO é fruto de pesquisa acadêmica: “O Museu Virtual Origens é fruto de minha pesquisa doutoral no Programa de Pós-graduação Educação e Contemporaneidade da Universidade do Estado da Bahia”.
“A ideia foi construída dentro de uma perspectiva coletiva chamada de wikmuseu, um verdadeiro aquilombamento de ideias para a criação do acervo. Foi feita uma escuta coletiva com representantes da comunidade e importantes instituições do território, neste caso Itaparica. Este projeto envolve um conteúdo insurgente e decolonial acerca das histórias dos povos originários, africanos e africano-brasileiro”, completa a idealizadora.
Metaverso
O espaço Metaverso, que trouxe uma proposta interativa e tridimensional, foi criado para dialogar com a insurgência/permanência dos povos originários, africanos e africanos-brasileiros na territorialidade, produzindo o direito a salvaguarda de sua memória em uma perspectiva decolonial e celebrando a ancestralidade de afirmação das nossas origens.
“A opção por este recurso tecnológico tem haver com nosso público alvo: as escola, e como uma apresentação estética mais próxima a identificação positiva deste aluno pode repercutir de forma positiva na construção de suas ancestralidades”, explica a idealizadora.
O resultado foi um sucesso, mas nem tudo foram flores durante o processo.
“Nossa maior dificuldade foi a de conseguir apoio financeiro para a construção dessa ferramenta educacional. Passamos dois anos em busca de editais ligados a empresas baianas, mas o projeto só obteve êxito, quando foi aprovado na seleção dos editais de pesquisa dentro da Universidade do Estado da Bahia”, expôs Accioly.
Além de construir diálogos plurais, potencializar espaços interativos que proporcionam troca de conhecimentos envolvendo práticas educacionais decoloniais e compartilhar história, a plataforma é gratuita e disponível em português e inglês, o que facilita o acesso para estrangeiros interessados em conhecer mais sobre a cultura e a história do Brasil.
O Museu Virtual Origens é uma iniciativa que mostra como a tecnologia pode ser uma aliada para a democratização do acesso à cultura e à história, contribuindo para o fortalecimento da identidade cultural do país e para a preservação da memória histórica brasileiro.
Além do acervo permanente, o Museu Virtual Origens conta com exposições temporárias, que abordam temas atuais e relevantes para a sociedade brasileira. Em 2021, por exemplo, uma exposição comemorou os 90 anos da conquista do direito ao voto pelas mulheres no Brasil.