Observatório Jurídico promove evento sobre a construção da pacificação social
Por Mariana Nogueira
Revisão: Julya Ferreira
Com o objetivo de promover a discussão acerca do racismo e sexismo sofridos pelas mulheres nas universidades, a coordenação do projeto “Observatório Jurídico” realizou uma live, via Blackboard, no dia 13 de maio de forma gratuita, para continuar com a pacificação social na comunidade universitária.
O projeto promove reuniões e eventos para discussão de temas sobre a constituição da pacificação social através de seus mais diversos meios – como o saber tratar adequadamente um conflito e entender que a melhor solução é o entendimento entre as partes – trazendo sempre profissionais renomados para enriquecer o debate.
A coordenadora do projeto e advogada, Juliana Guanaes, destaca que o principal objetivo desses eventos é fortalecer os direitos humanos dentro das instituições de ensino.
“Nosso objetivo principal é entender por onde vamos fazer o resgate dos direitos humanos dentro das universidades com base no tripé da cidadania. Dessa forma, pensando no que as mulheres passam na sociedade, o intuito sempre será fortalecer esses direitos humanos”, pontua Guanaes.
A palestrante e agrônoma, Bruna Nogueira Leite, trouxe em suas falas a importância da representatividade feminina que luta para ocupar os espaços protagonizados pelo público masculino por muitos anos.
“A agronomia sempre foi vista como uma atividade masculina por ser uma área que era considerada muito pesada para as mulheres e elas não poderiam participar, mas hoje em dia, isso não é mais uma realidade”, defende Leite.
De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no ano de 2019 houve uma intensificação da ocupação de mulheres na área de agronomia.
Segundo levantamento do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, existem quase 109 mil engenheiros formados, sendo que deste total, 88.594 são homens e apenas 20.348 são mulheres.
Bruna Leite conta que percebeu o embate e a limitação das mulheres nessa área e quis fazer algo para tentar mudar esse fato.
“Decidi que queria buscar mais conhecimento e desenvolver projetos que pudessem auxiliar as pessoas no campo e dessa maneira me encontrei na universidade”, explica a agrônoma.
O evento também teve a presença da coordenadora do projeto “Somos Todas Laudelinas: Carolinas Periféricas na Universidade”, Maria Antônia, explicando sobre a possibilidade de saberes e aprendizagens para o seu processo de pertencimento através do seu serviço.
“A estudante enquanto mulher está vulnerável a diversos ataques, sejam eles raciais, sexuais ou de intolerância religiosa, e o nome do projeto leva duas mulheres pretas e periféricas como símbolo de resistência dando voz a essa comunidade”, explica Antônia.
A coordenadora destaca também que o objetivo principal é reconhecer no outro o potencial que existe em nós, reforçando uma fala de Bruna Leite, “como minorias precisamos nos unir para ganhar força”.
Racismo
A professora e pesquisadora em relações étnico-raciais, Cristiane Corrêa de Oliveira, estava presente na live e trouxe para o debate a questão do racismo no Brasil.
“A raça serviu e ainda serve como estruturadora das desigualdades sociais no Brasil. Isso é culturalmente construído e determinante na conservação da estrutura de classes em nosso país”, contextualiza a pesquisadora com fala da filósofa Sueli Carneiro.
Christiane Oliveira também salientou que, a característica principal do racismo brasileiro “é a aparente invisibilidade, tratando-se de uma falsa igualdade”.
Além disso, apontou que a questão de raça ainda é um fator político importante, utilizado para naturalizar desigualdade e legitimar a segregação e o genocídio de grupos considerados minoritários.
Por que discutir racismo e sexismo?
Segundo a coordenadora do projeto Observatório Jurídico, Juliana Guanaes, “racismo e sexismo são temas que se interligam e veem sendo mais discutidos na atualidade.
Ainda existem muitos casos discriminatórios de raça e gênero na sociedade e dentro desses espaços acadêmicos isso não seria diferente”, esclarece Guanaes.
A coordenadora também salienta que no meio predominantemente masculino do jurídico, “é preciso que cada vez mais mulheres ocupem esses espaços, através de seu intelecto, liderança, determinação e força para ter mais diversidade e inclusão nas profissões”.
Visite o Instagram da AVERA e conheça nossos conteúdos exclusivos.
Produção e coordenação de pautas: Márcio Walter Machado